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Como misturar “tudo posso” com “naquele que me fortalece”?

A posse do ministro Joaquim Barbosa na presidência do Supremo Tribunal Federal, na última semana, contou com uma contribuição, digamos, teológica. Em meio aos cumprimentos, a mãe do novo presidente foi incisiva: “O que eu dei foi oração, ele lutou por conta própria". A frase faz sentido. Tanto por conta da conhecida história de superação do filho célebre, como pela ênfase na vida de oração da mãe piedosa.

Não posso imaginar a ginástica teológica – e menos ainda a emoção – da mãe do primeiro negro a comandar a mais alta corte do país. Mas é preciso confessar: nem sempre oramos “como se tudo dependesse de Deus”. E nem sempre “trabalhamos, como se tudo dependesse de nós”. 
 
Numa época em que a busca pelo sucesso é quase uma obsessão, a receita apresentada por dona Benedita Barbosa foi: oração e esforço próprio. O equilíbrio não é fácil. Quase sempre dizemos “tudo posso” e raramente falamos “naquele que me fortalece”, especialmente se pensamos que podemos alguma coisa.
 
Lembrar Neemias, modelo decantado de liderança cristã, pode nos ajudar. Logo nos primeiros capítulos é possível perceber que ação e oração não são opções excludentes. E, depois de ter portas abertas e a manifestação clara de Deus sobre os seus planos, ele continua: “Nós oramos ao nosso Deus e colocamos guardas de dia e de noite para proteger-nos” (Ne 4.9).
 
Enfim, não é possível esgotar o assunto. Mas, no livro dos Salmos, Davi nos conta algumas histórias exatamente como as ouviu dos seus pais, e ele sabia para que lado pendia a balança: “Não foi pela espada que conquistaram a terra, nem pela força do braço que alcançaram a vitória; foi pela tua mão direita, pelo teu braço, e pela luz do teu rosto, por causa do teu amor para com eles” (Sl 44.3). E, por falar em balança, o próprio Deus faz uma pergunta constrangedora a ninguém menos do que Jó: “Você ainda compara a sua força com a de Deus?” (Jó 40.9).
 
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É diretor editorial da Ultimato.
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