Opinião
- 20 de outubro de 2017
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Como falar da Reforma para crianças
Por Márcia Barbutti
Não há como negar, os 500 anos da Reforma Protestante estão em alta. São lições para escola dominicais, bíblias comemorativas, livros, artigos, músicas, cultos e programações especiais. Isso é bem bacana e devemos aproveitar esse vento que sopra a nosso favor, mas não podemos parar por aí. Ensinar sobre a Reforma, sua história permeada de lutas, dores, perseverança, conquistas mostram a fidelidade de Deus à sua Igreja. Afinal, muitos arriscaram a própria vida para que a Palavra de Deus fizesse parte da vida de cada cristão, para que a sua mensagem fosse internalizada nos corações da criança ao adulto, por meio da atuação do Espírito Santo. Por isso, não pare por aqui. Conheça mais sobre esse movimento e como ele afeta as nossas vidas até hoje. Leia biografias dos reformadores e outros missionários. Ensine aos seus filhos e alunos mostrando que Deus age por meio de pessoas comuns, que reconheceram o real valor e significado do Evangelho, o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.
O texto a seguir é uma conversa/aula. Você pode usar um PowerPoint (veja no final) e separe também: uma roupa que precisa de reforma, algumas balas (pode substituir por uvas, biscoitos ou pipocas), a bíblia e uma medalha. Você pode dividir a aula em duas ou mais partes. O importante é frisar bem os conceitos básicos da nossa fé. Utilize a música que disponibilizamos, ela também reforçará o ensino.
Inicie falando sobre algumas reformas que vemos por aí, reformas em casas, prédios ou até mesmo em uma roupa. Mostre a roupa e pergunte o que leva uma pessoa a reformar algo. Aguarde as respostas e em seguida, enfatize que reformar é “dar forma melhor e mais aperfeiçoada; modificar algo estava em mau estado e pôr em bom estado”.
Hoje, eu quero falar sobre uma reforma que aconteceu na Igreja há muitos anos. Não estou falando de paredes quebradas, tijolos, cimentos ou coisas do tipo. Você pode imaginar que reforma foi essa? (Ouça as crianças, é possível que ela já tenha conhecimento básico do assunto. Reforce que foram necessárias mudanças, pois a Igreja não estava mais ensinando a Palavra de Deus – mostre sua bíblia – e as pessoas estavam se afastando cada vez mais do Senhor).
Para vocês entenderem um pouco sobre esses erros, vou precisar de ajuda. (Chame uma criança e mostre um punhado de balas, ou outra guloseima). Imagine que podem ser suas todas essas balas. Tome, segure-as. Ah, mas eu fico pensando se você realmente merece essas balas. Alguma vez você desobedeceu seus pais? (A criança falará que sim, então retire uma ou mais balas. Faça o mesmo após cada pergunta até que a criança fique sem nenhuma). Você já disse alguma mentira? Já brigou com um colega? Já ficou com raiva? Ih, eu acho que você não merece essas balas. Vai ficar sem! Receber um presente e depois ser tirado de você é ruim demais! E pior ainda, saber que nunca vai conseguir, já que para recebê-lo tem que ser tão certinho. Impossível! Agora eu quero que você imagine que o presente não são essas simples balas, mas a salvação, a vida eterna, a certeza de que iremos morar com Deus para sempre. Quem merece esse presente? Aguarde as respostas. Ninguém! Mas... Há muitos e muitos anos, a Igreja ensinava que as pessoas deveriam fazer coisas para merecer a salvação e o perdão dos seus pecados. O que vocês acham que as pessoas deviam fazer? (Incentive a participação e reforce as boas obras). Mas a coisa piorou ainda mais quando chegou a compra das indulgências. (Peça para as crianças repetirem essa palavra e explique que a indulgência, ou o perdão dos pecados, era dada a quem fizesse as coisas certinhas para merecer ou para quem poderia comprar). Um grande “vendedor” de indulgências (Tetzel) gostava até de cantar uma musiquinha mais ou menos assim “Assim que uma moeda no fundo do cofre cai, uma alma para o céu vai”.
Em meio a tudo isso vemos um monge chamado Martinho Lutero. Ele morava na Alemanha. Lutero queria muito agradar a Deus, mas sempre se sentia culpado, com medo e isso lhe causava muito sofrimento. Ele pedia perdão a Deus toda hora e nunca se sentia perdoado, porque achava que não merecia, mesmo se esforçando tanto para ser uma boa pessoa. (Sente e levante algumas vezes como se estivesse pedindo perdão, com expressão de contrição e sofrimento. Peça para as crianças fazerem o mesmo).
Lutero começou a estudar mais e mais a Palavra de Deus. Ainda bem que ele tinha acesso à Bíblia, poucas pessoas tinham esse privilégio, não só porque tinham poucos exemplares, mas também porque não eram escritas na língua do povo. Lutero estudou, buscou a Deus de todo coração. E um dia ele leu: “visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá pela fé” (Rm 1.17). Uau! Finalmente Lutero entendeu que por ele mesmo não tem como ser justo, mas a salvação vem pela fé, pela fé em Jesus. Que alívio! (Mostre as palavras perdão, salvação e segurança e peça para as crianças dizerem o que essas palavras tem a ver com o que aconteceu com Lutero).
E agora, essa descoberta ficaria só para ele? De jeito nenhum! Lutero continuou seus estudos e escreveu 95 pontos que a igreja estava errando e que precisava corrigir. Ele foi até a porta principal da igreja e pregou lá. Esse era o costume da época, a porta da igreja era tipo um mural para a cidade. Isso aconteceu no dia 31 de outubro de 1517. Então, neste ano essa data tão importante está completando 500 anos.
No começo, parecia que ninguém se interessou, mas poucos anos depois essa boa notícia se espalhou e as pessoas começaram a seguir as ideias de Lutero. Isso não agradou a liderança da igreja. Lutero foi perseguido e corria perigo de morte. Eles pediram para Lutero negar o que tinha escrito e o que estava ensinando, Lutero disse que até poderia fazer isso se eles o convencessem, usando a Bíblia, que o que ele estava falando era errado. Mas eles não puderam fazer isso, não é crianças? Então, Lutero e outros tantos foram chamados de protestantes. O perigo continuou por um bom tempo, mas Lutero continuou a ensinar, escrever (inclusive para crianças!), compor músicas e traduzir a Bíblia para que mais pessoas pudessem ter acesso à Palavra de Deus.
As Cinco Solas
Quer conhecer os cinco pontos que resumem bem esses ensinos (mostre com os dedos da sua mão)?
Esse resumo é conhecido como as Cinco Solas. A palavra Sola quer dizer só, somente. Veja:
Se seu filho/aluno souber ler, peça que leia os versículos entre parênteses.
• Somente a Escritura (Sola scriptura): tudo o que somos, cremos e tudo o que fazemos precisa estar em obediência ao que a Bíblia diz. Ela é a Palavra de Deus, somente ela! (2Tm 3.16-17)
• Somente Jesus (Solus Christus): não existe outra forma de termos o relacionamento consertado com Deus a não ser por meio de Jesus Cristo. (1Tm 2.5)
• Somente a graça (Sola gratia): graça é um presente que a gente não merece. Não somos salvos pelo que fazemos. A salvação é de graça, pela graça. Quem pagou o preço foi Jesus, na cruz, morrendo pelos nossos pecados. (Ef 2.8-9)
• Somente a fé (Sola fide): para sermos salvos, é preciso ter fé em Jesus Cristo. É Deus que nos dá fé suficiente para crermos em Jesus Cristo como nosso Salvador e Senhor: a fé é dom de Deus. (Gl 3.11)
• Glória somente a Deus (Soli deo gloria): tudo o que fazemos (tudo mesmo) é para glória de Deus, ele deve ser sempre o primeiro em tudo. (1Co 10.31)
Observe se esses pontos ficaram claros para as crianças. Reforce, se necessário.
Peça para que as crianças falem como nós estaríamos hoje, se pessoas como Lutero (houve muitos outros) não tivessem lutado para tornar a Palavra de Deus conhecida e, por meio dela, conhecermos a Deus e a salvação em Jesus. Encerre esse período com orações de gratidão pela ação de Deus na vida de pessoas comuns que foram usadas pelo extraordinário e único Deus. Desafie as crianças a também se empenharem para estudar a Palavra e torná-la conhecida.
Recursos para aula
PowerPoint
Música
Playback
Cifra
Vídeo e livros para as crianças
Vida de Lutero (animação em Playmobil)
Vida de Lutero
Vida de Calvino
Vídeos, livros e artigos para você
> Dia da Reforma - Voltemos ao Evangelho
> O que foi a Reforma - Perguntar Não Ofende
> A Reforma – O que você precisa saber e por quê
> Conversas com Lutero
> Somente a Fé [Martinho Lutero]
> Sou Eu, Calvino [Elben César]
Não há como negar, os 500 anos da Reforma Protestante estão em alta. São lições para escola dominicais, bíblias comemorativas, livros, artigos, músicas, cultos e programações especiais. Isso é bem bacana e devemos aproveitar esse vento que sopra a nosso favor, mas não podemos parar por aí. Ensinar sobre a Reforma, sua história permeada de lutas, dores, perseverança, conquistas mostram a fidelidade de Deus à sua Igreja. Afinal, muitos arriscaram a própria vida para que a Palavra de Deus fizesse parte da vida de cada cristão, para que a sua mensagem fosse internalizada nos corações da criança ao adulto, por meio da atuação do Espírito Santo. Por isso, não pare por aqui. Conheça mais sobre esse movimento e como ele afeta as nossas vidas até hoje. Leia biografias dos reformadores e outros missionários. Ensine aos seus filhos e alunos mostrando que Deus age por meio de pessoas comuns, que reconheceram o real valor e significado do Evangelho, o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.
O texto a seguir é uma conversa/aula. Você pode usar um PowerPoint (veja no final) e separe também: uma roupa que precisa de reforma, algumas balas (pode substituir por uvas, biscoitos ou pipocas), a bíblia e uma medalha. Você pode dividir a aula em duas ou mais partes. O importante é frisar bem os conceitos básicos da nossa fé. Utilize a música que disponibilizamos, ela também reforçará o ensino.
Inicie falando sobre algumas reformas que vemos por aí, reformas em casas, prédios ou até mesmo em uma roupa. Mostre a roupa e pergunte o que leva uma pessoa a reformar algo. Aguarde as respostas e em seguida, enfatize que reformar é “dar forma melhor e mais aperfeiçoada; modificar algo estava em mau estado e pôr em bom estado”.
Hoje, eu quero falar sobre uma reforma que aconteceu na Igreja há muitos anos. Não estou falando de paredes quebradas, tijolos, cimentos ou coisas do tipo. Você pode imaginar que reforma foi essa? (Ouça as crianças, é possível que ela já tenha conhecimento básico do assunto. Reforce que foram necessárias mudanças, pois a Igreja não estava mais ensinando a Palavra de Deus – mostre sua bíblia – e as pessoas estavam se afastando cada vez mais do Senhor).
Para vocês entenderem um pouco sobre esses erros, vou precisar de ajuda. (Chame uma criança e mostre um punhado de balas, ou outra guloseima). Imagine que podem ser suas todas essas balas. Tome, segure-as. Ah, mas eu fico pensando se você realmente merece essas balas. Alguma vez você desobedeceu seus pais? (A criança falará que sim, então retire uma ou mais balas. Faça o mesmo após cada pergunta até que a criança fique sem nenhuma). Você já disse alguma mentira? Já brigou com um colega? Já ficou com raiva? Ih, eu acho que você não merece essas balas. Vai ficar sem! Receber um presente e depois ser tirado de você é ruim demais! E pior ainda, saber que nunca vai conseguir, já que para recebê-lo tem que ser tão certinho. Impossível! Agora eu quero que você imagine que o presente não são essas simples balas, mas a salvação, a vida eterna, a certeza de que iremos morar com Deus para sempre. Quem merece esse presente? Aguarde as respostas. Ninguém! Mas... Há muitos e muitos anos, a Igreja ensinava que as pessoas deveriam fazer coisas para merecer a salvação e o perdão dos seus pecados. O que vocês acham que as pessoas deviam fazer? (Incentive a participação e reforce as boas obras). Mas a coisa piorou ainda mais quando chegou a compra das indulgências. (Peça para as crianças repetirem essa palavra e explique que a indulgência, ou o perdão dos pecados, era dada a quem fizesse as coisas certinhas para merecer ou para quem poderia comprar). Um grande “vendedor” de indulgências (Tetzel) gostava até de cantar uma musiquinha mais ou menos assim “Assim que uma moeda no fundo do cofre cai, uma alma para o céu vai”.
Em meio a tudo isso vemos um monge chamado Martinho Lutero. Ele morava na Alemanha. Lutero queria muito agradar a Deus, mas sempre se sentia culpado, com medo e isso lhe causava muito sofrimento. Ele pedia perdão a Deus toda hora e nunca se sentia perdoado, porque achava que não merecia, mesmo se esforçando tanto para ser uma boa pessoa. (Sente e levante algumas vezes como se estivesse pedindo perdão, com expressão de contrição e sofrimento. Peça para as crianças fazerem o mesmo).
Lutero começou a estudar mais e mais a Palavra de Deus. Ainda bem que ele tinha acesso à Bíblia, poucas pessoas tinham esse privilégio, não só porque tinham poucos exemplares, mas também porque não eram escritas na língua do povo. Lutero estudou, buscou a Deus de todo coração. E um dia ele leu: “visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá pela fé” (Rm 1.17). Uau! Finalmente Lutero entendeu que por ele mesmo não tem como ser justo, mas a salvação vem pela fé, pela fé em Jesus. Que alívio! (Mostre as palavras perdão, salvação e segurança e peça para as crianças dizerem o que essas palavras tem a ver com o que aconteceu com Lutero).
E agora, essa descoberta ficaria só para ele? De jeito nenhum! Lutero continuou seus estudos e escreveu 95 pontos que a igreja estava errando e que precisava corrigir. Ele foi até a porta principal da igreja e pregou lá. Esse era o costume da época, a porta da igreja era tipo um mural para a cidade. Isso aconteceu no dia 31 de outubro de 1517. Então, neste ano essa data tão importante está completando 500 anos.
No começo, parecia que ninguém se interessou, mas poucos anos depois essa boa notícia se espalhou e as pessoas começaram a seguir as ideias de Lutero. Isso não agradou a liderança da igreja. Lutero foi perseguido e corria perigo de morte. Eles pediram para Lutero negar o que tinha escrito e o que estava ensinando, Lutero disse que até poderia fazer isso se eles o convencessem, usando a Bíblia, que o que ele estava falando era errado. Mas eles não puderam fazer isso, não é crianças? Então, Lutero e outros tantos foram chamados de protestantes. O perigo continuou por um bom tempo, mas Lutero continuou a ensinar, escrever (inclusive para crianças!), compor músicas e traduzir a Bíblia para que mais pessoas pudessem ter acesso à Palavra de Deus.
As Cinco Solas
Quer conhecer os cinco pontos que resumem bem esses ensinos (mostre com os dedos da sua mão)?
Esse resumo é conhecido como as Cinco Solas. A palavra Sola quer dizer só, somente. Veja:
Se seu filho/aluno souber ler, peça que leia os versículos entre parênteses.
• Somente a Escritura (Sola scriptura): tudo o que somos, cremos e tudo o que fazemos precisa estar em obediência ao que a Bíblia diz. Ela é a Palavra de Deus, somente ela! (2Tm 3.16-17)
• Somente Jesus (Solus Christus): não existe outra forma de termos o relacionamento consertado com Deus a não ser por meio de Jesus Cristo. (1Tm 2.5)
• Somente a graça (Sola gratia): graça é um presente que a gente não merece. Não somos salvos pelo que fazemos. A salvação é de graça, pela graça. Quem pagou o preço foi Jesus, na cruz, morrendo pelos nossos pecados. (Ef 2.8-9)
• Somente a fé (Sola fide): para sermos salvos, é preciso ter fé em Jesus Cristo. É Deus que nos dá fé suficiente para crermos em Jesus Cristo como nosso Salvador e Senhor: a fé é dom de Deus. (Gl 3.11)
• Glória somente a Deus (Soli deo gloria): tudo o que fazemos (tudo mesmo) é para glória de Deus, ele deve ser sempre o primeiro em tudo. (1Co 10.31)
Observe se esses pontos ficaram claros para as crianças. Reforce, se necessário.
Peça para que as crianças falem como nós estaríamos hoje, se pessoas como Lutero (houve muitos outros) não tivessem lutado para tornar a Palavra de Deus conhecida e, por meio dela, conhecermos a Deus e a salvação em Jesus. Encerre esse período com orações de gratidão pela ação de Deus na vida de pessoas comuns que foram usadas pelo extraordinário e único Deus. Desafie as crianças a também se empenharem para estudar a Palavra e torná-la conhecida.
Recursos para aula
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É editora assistente da Editora Cultura Cristã, responsável pelos materiais infanto-juvenis.
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