Opinião
- 07 de agosto de 2017
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Como auxiliar o desenvolvimento da espiritualidade da criança?
Por Márcia Barbuti
Não é difícil ouvirmos a expressão “Criança diz cada uma!”. Se você fizer um pequeno esforço lembrará de alguns momentos nos quais as crianças esbanjaram sinceridade e originalidade. Sim, crianças dizem muitas coisas, mas o que elas tem falado sobre Deus e sobre a igreja? Talvez o esforço tenha que ser maior para responder a essa pergunta, e o motivo é simples: não paramos para escutar o que elas tem a dizer.
Heather Ingersoll, em seu artigo Making room: a place for children’s spirituality in the christian church (Abrindo espaço: um lugar para a espiritualidade das crianças na igreja cristã, tradução livre) aponta a nossa dificuldade em ver a criança como alguém que é capaz de ter e manter um relacionamento com Deus com profundidade. Afinal a fé adulta é vista como o suprassumo, o auge a ser atingido. E nessa dinâmica unidirecional não consideramos as experiências, dúvidas, temores e visão de mundo da criança e a vemos como um agente passivo, um vaso a ser cheio com muito conteúdo, de preferência aqueles que mostram o que ela deve fazer, como deve se comportar adequadamente. Já presenciei professores desconfortáveis quando a criança traz suas dúvidas, questionamentos ou fala de seus sentimentos.
De onde vem esse desconforto? Primeiro, porque acreditam que essa conversa está tomando o tempo precioso da lição, segundo porque não está preparado para ouvir (afinal ele está ali para falar). Lembro que há muitos anos eu estava dando aula para um grupo de crianças de cinco e seis anos e a lição era sobre a arca de Noé (moleza, né? SQN!). Uma das alunas interrompeu a aula e disse: Deus é mau! A minha reação foi lembrar de versículos que tratam da bondade de Deus (O Senhor é bom e a sua misericórdia dura para sempre), mas recitá-lo não adiantaria naquele momento. Ainda sem saber o que responder, eu devolvi a pergunta à aluna perguntando por que ela achava que Deus era mau. A resposta foi direta: Porque os coalas morreram! Na hora fiquei imaginando a cena que estava montada na mente daquela menininha: muitos coalas fofos morrendo afogados. Um terror! Eu olhei e disse: Sim, muitos coalas morreram! Estava muito aflita para poder resolver aquela questão e os segundos pareciam horas. Silenciosamente orava pedindo que o Senhor me mostrasse o que falar. E ele falou. Só que não foi comigo e nem por meu intermédio. Outra menininha levantou e disse para a colega: Deus não é mau, porque se tem coalas hoje é porque Deus ajudou e salvou! A primeira menina deu um sorriso e eu também sorri e suspirei aliviada. Deus usou minha aluna para me ensinar. Eu sou grata a Deus por essa experiência que me marcou e moldou meu ministério junto às crianças.
A igreja deve fornecer um ambiente propício para a criança desenvolver o seu relacionamento com Deus. Claro que esse ambiente deve ser alegre e aconchegante, mas não podemos confundir esse momento com entretenimento. Muitos líderes têm feito um tremendo esforço para criar uma atmosfera de lazer, empolgação e diversão no espaço da igreja, e isso por si só não é ruim, mas esse não é o único meio de aprendizado. Precisamos propiciar espaços e momentos de quietude e reflexão, levar a criança a compartilhar o que sabe, o que quer saber e o que sente. Mas para isso a liderança precisa também se aquietar e ter prazer nesses momentos que revelam intimidade e promovem o falar e o escutar.
Se você trabalha com crianças na sua igreja local, promova esses momentos. Comece com um pequeno período na sua aula. Que tal mostrar as diferentes posturas para oração? De joelhos (At 9.40), com mãos estendidas (1Rs 8.22) e prostrado (2Cr 20.18). Depois, em outras aulas, vocês podem escolher uma dessas posturas para orarem juntos. Busque cânticos que também promovam momentos de introspecção. Se você tem facilidade de compor ou conhece alguém que tenha, promova um momento para colocarem melodia em um ou dois versículos de salmos, depois, as próprias crianças podem ajudar a criar a letra da música também. Vamos colocar a mão na massa? Vamos ouvir o que nossas crianças têm a falar? Vamos ser seus porta-vozes onde insistem em colocá-las à parte da vida da igreja e do desenvolvimento da espiritualidade?
Dica: Mesmo que você não domine o inglês dê uma olhada nos vídeos do canal Godly Play Foundation.
Tive a oportunidade de vivenciar algumas dessas histórias e a minha preferida é esta.
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Como falar de ética e política para crianças?
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A Criança, a Igreja e a Missão
Imagem: Pixabay.com.
Não é difícil ouvirmos a expressão “Criança diz cada uma!”. Se você fizer um pequeno esforço lembrará de alguns momentos nos quais as crianças esbanjaram sinceridade e originalidade. Sim, crianças dizem muitas coisas, mas o que elas tem falado sobre Deus e sobre a igreja? Talvez o esforço tenha que ser maior para responder a essa pergunta, e o motivo é simples: não paramos para escutar o que elas tem a dizer.
Heather Ingersoll, em seu artigo Making room: a place for children’s spirituality in the christian church (Abrindo espaço: um lugar para a espiritualidade das crianças na igreja cristã, tradução livre) aponta a nossa dificuldade em ver a criança como alguém que é capaz de ter e manter um relacionamento com Deus com profundidade. Afinal a fé adulta é vista como o suprassumo, o auge a ser atingido. E nessa dinâmica unidirecional não consideramos as experiências, dúvidas, temores e visão de mundo da criança e a vemos como um agente passivo, um vaso a ser cheio com muito conteúdo, de preferência aqueles que mostram o que ela deve fazer, como deve se comportar adequadamente. Já presenciei professores desconfortáveis quando a criança traz suas dúvidas, questionamentos ou fala de seus sentimentos.
De onde vem esse desconforto? Primeiro, porque acreditam que essa conversa está tomando o tempo precioso da lição, segundo porque não está preparado para ouvir (afinal ele está ali para falar). Lembro que há muitos anos eu estava dando aula para um grupo de crianças de cinco e seis anos e a lição era sobre a arca de Noé (moleza, né? SQN!). Uma das alunas interrompeu a aula e disse: Deus é mau! A minha reação foi lembrar de versículos que tratam da bondade de Deus (O Senhor é bom e a sua misericórdia dura para sempre), mas recitá-lo não adiantaria naquele momento. Ainda sem saber o que responder, eu devolvi a pergunta à aluna perguntando por que ela achava que Deus era mau. A resposta foi direta: Porque os coalas morreram! Na hora fiquei imaginando a cena que estava montada na mente daquela menininha: muitos coalas fofos morrendo afogados. Um terror! Eu olhei e disse: Sim, muitos coalas morreram! Estava muito aflita para poder resolver aquela questão e os segundos pareciam horas. Silenciosamente orava pedindo que o Senhor me mostrasse o que falar. E ele falou. Só que não foi comigo e nem por meu intermédio. Outra menininha levantou e disse para a colega: Deus não é mau, porque se tem coalas hoje é porque Deus ajudou e salvou! A primeira menina deu um sorriso e eu também sorri e suspirei aliviada. Deus usou minha aluna para me ensinar. Eu sou grata a Deus por essa experiência que me marcou e moldou meu ministério junto às crianças.
A igreja deve fornecer um ambiente propício para a criança desenvolver o seu relacionamento com Deus. Claro que esse ambiente deve ser alegre e aconchegante, mas não podemos confundir esse momento com entretenimento. Muitos líderes têm feito um tremendo esforço para criar uma atmosfera de lazer, empolgação e diversão no espaço da igreja, e isso por si só não é ruim, mas esse não é o único meio de aprendizado. Precisamos propiciar espaços e momentos de quietude e reflexão, levar a criança a compartilhar o que sabe, o que quer saber e o que sente. Mas para isso a liderança precisa também se aquietar e ter prazer nesses momentos que revelam intimidade e promovem o falar e o escutar.
Se você trabalha com crianças na sua igreja local, promova esses momentos. Comece com um pequeno período na sua aula. Que tal mostrar as diferentes posturas para oração? De joelhos (At 9.40), com mãos estendidas (1Rs 8.22) e prostrado (2Cr 20.18). Depois, em outras aulas, vocês podem escolher uma dessas posturas para orarem juntos. Busque cânticos que também promovam momentos de introspecção. Se você tem facilidade de compor ou conhece alguém que tenha, promova um momento para colocarem melodia em um ou dois versículos de salmos, depois, as próprias crianças podem ajudar a criar a letra da música também. Vamos colocar a mão na massa? Vamos ouvir o que nossas crianças têm a falar? Vamos ser seus porta-vozes onde insistem em colocá-las à parte da vida da igreja e do desenvolvimento da espiritualidade?
Dica: Mesmo que você não domine o inglês dê uma olhada nos vídeos do canal Godly Play Foundation.
Tive a oportunidade de vivenciar algumas dessas histórias e a minha preferida é esta.
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A Criança, a Igreja e a Missão
Imagem: Pixabay.com.
É editora assistente da Editora Cultura Cristã, responsável pelos materiais infanto-juvenis.
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