Opinião
- 03 de outubro de 2024
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Cheiro de graça no ar
Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos
Por Christian Gillis
Sabe como é o cheiro de chuva chegando? Sim, aquela sensação que temos quando uma chuva se aproxima, e há mudanças na temperatura, na umidade, na pressão atmosférica, nas condições meteorológicas?
Quando percebemos que vem uma chuva mais forte, logo buscamos abrigo, corremos para fechar as janelas, pegamos o guarda-chuva e a capa... enfim, tomamos as providências para não ficarmos encharcados. Ou seja, diante da percepção de uma nova conjuntura, ajustamos o comportamento e mudamos a rotina.
Assim é com a chegada do reino de Deus, com a percepção de sua presença. Um novo governante chegou, com seu plano e programa de governo, que é muito diferente daquele projeto em vigor no mundo atualmente.
Quando percebemos e experimentamos a chegada do reino de Deus, sua natureza e perspectiva, sua graça e poder, acontece uma “metanoia”, uma mudança e renovação do coração, da mente, e, então, o comportamento corriqueiro, habitual, comum, muda.
As bem-aventuranças não podem ser lidas e tomadas como lei, como normas do que devemos ser, daquilo que deve ser desenvolvido por uma pessoa para que ela conquiste a aprovação divina. Ninguém, à parte da graça e da influência e poder do reino de Deus, pode, por si mesmo, manifestar as virtudes expostas no Sermão da Montanha.
Antes de tudo, o chamado “Sermão da Montanha” precisa ser considerado à luz e em conexão com a pregação de Jesus sobre a chegada e a presença do reino de Deus no mundo.
Conforme a narrativa do evangelista Mateus (Mt 4.17, 23), Jesus viajava pela região da Galileia anunciando, proclamando, que o reino de Deus era tangível, estava ao “alcance de um braço”, ao alcance de todo coração que se arrependesse. É nessa conjuntura que ele expõe seus ensinamentos éticos.
É isso que acontece aqui, quando Jesus declara que, a partir da presença dele, uma nova realidade histórica estava em ação, ainda pequena e invisível, mas que, quando percebida, atrai as pessoas e dá condições para que vivam de uma maneira renovada, transformada.
Num mundo marcado por violência, conflito, disputas, divisões, ódio, rancor, a presença do reino de Deus, governado pelo Príncipe da Paz, que anuncia o evangelho da reconciliação, chega criando a realidade da paz, pacificando, aproximando e integrando as pessoas.
A bem-aventurança dos pacificadores é mais que um convite para evitar conflitos, mas um chamado para buscar e promover ativamente a paz. A paz não é meramente a ausência de guerra ou conflito, mas uma condição de bem-estar integral, justiça e harmonia com Deus e com os outros. É o shalom hebraico que encapsula essa visão abrangente da paz.
Ser um pacificador é uma das características que mais claramente identifica os cristãos com Jesus, a partir da relação destes com Cristo. Suas ações, ensinamentos e atividades são sempre descritos como que promovendo a paz e a reconciliação. É assim que o apóstolo Paulo o descreve: “Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade [...] o objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade. Ele veio e anunciou paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto” (Ef 2.14-17).
Os cristãos moldados à imagem de Cristo pelo Espírito de Deus desenvolverão características como mansidão, humildade e amor ao próximo. Embora conflitos sejam inevitáveis, a postura pacificadora melhora as relações interpessoais. A maneira como os cristãos lidam com eles pode refletir a paz de Cristo.
Quando uma comunidade cristã pratica a pacificação, ela se torna um poderoso testemunho da mensagem de Jesus, atraindo aqueles que buscam a verdadeira paz.
A paz cristã é alcançada por meio de entrega, serviço e amor sacrificial. Essa diferença é marcante e faz com que a postura pacificadora se destaque no mundo. Em vez de responder à violência com violência ou ao ódio com ódio, ela responde com amor e perdão, seguindo o exemplo de Jesus na cruz.
Os pacificadores atuam como agentes de mudança no mundo. Eles promovem a justiça e a reconciliação em suas comunidades, trabalhando para resolver conflitos e promover a harmonia. Esse papel é essencial em um mundo que frequentemente está dividido.
A busca pela paz é uma manifestação do reino de Deus na terra. Os cristãos, ao viverem como pacificadores, mostram agora um vislumbre da presença do reino que um dia estabelecerá a perfeita paz na Terra.
Artigo publicado originalmente na edição 409 de Ultimato.
REVISTA ULTIMATO – AS BEM-AVENTURANÇAS – MARCAS DE UM NOVO MUNDO
Ultimato quer mostrar a beleza e a atualidade das bem-aventuranças, resgatando seu sentido bíblico e refletindo sobre seu impacto na vida do cristão, da igreja e do mundo.
Este é o desafio: voltar a ler as bem-aventuranças como quem lê a mensagem pela primeira vez, com reverência – para perceber e memorizar as exigências do seguimento – e alegre expectativa.
É disso que trata a matéria de capa da edição 409 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Lendo o Sermão do Monte com John Stott, John Stott
» Ser é o Bastante – Felicidade à luz do Sermão do Monte, Carlos Queiroz
» Bem-aventurados serão vocês, por Jorge Cruz
Por Christian Gillis
Sabe como é o cheiro de chuva chegando? Sim, aquela sensação que temos quando uma chuva se aproxima, e há mudanças na temperatura, na umidade, na pressão atmosférica, nas condições meteorológicas?
Quando percebemos que vem uma chuva mais forte, logo buscamos abrigo, corremos para fechar as janelas, pegamos o guarda-chuva e a capa... enfim, tomamos as providências para não ficarmos encharcados. Ou seja, diante da percepção de uma nova conjuntura, ajustamos o comportamento e mudamos a rotina.
Assim é com a chegada do reino de Deus, com a percepção de sua presença. Um novo governante chegou, com seu plano e programa de governo, que é muito diferente daquele projeto em vigor no mundo atualmente.
Quando percebemos e experimentamos a chegada do reino de Deus, sua natureza e perspectiva, sua graça e poder, acontece uma “metanoia”, uma mudança e renovação do coração, da mente, e, então, o comportamento corriqueiro, habitual, comum, muda.
As bem-aventuranças não podem ser lidas e tomadas como lei, como normas do que devemos ser, daquilo que deve ser desenvolvido por uma pessoa para que ela conquiste a aprovação divina. Ninguém, à parte da graça e da influência e poder do reino de Deus, pode, por si mesmo, manifestar as virtudes expostas no Sermão da Montanha.
Antes de tudo, o chamado “Sermão da Montanha” precisa ser considerado à luz e em conexão com a pregação de Jesus sobre a chegada e a presença do reino de Deus no mundo.
Conforme a narrativa do evangelista Mateus (Mt 4.17, 23), Jesus viajava pela região da Galileia anunciando, proclamando, que o reino de Deus era tangível, estava ao “alcance de um braço”, ao alcance de todo coração que se arrependesse. É nessa conjuntura que ele expõe seus ensinamentos éticos.
É isso que acontece aqui, quando Jesus declara que, a partir da presença dele, uma nova realidade histórica estava em ação, ainda pequena e invisível, mas que, quando percebida, atrai as pessoas e dá condições para que vivam de uma maneira renovada, transformada.
Num mundo marcado por violência, conflito, disputas, divisões, ódio, rancor, a presença do reino de Deus, governado pelo Príncipe da Paz, que anuncia o evangelho da reconciliação, chega criando a realidade da paz, pacificando, aproximando e integrando as pessoas.
A bem-aventurança dos pacificadores é mais que um convite para evitar conflitos, mas um chamado para buscar e promover ativamente a paz. A paz não é meramente a ausência de guerra ou conflito, mas uma condição de bem-estar integral, justiça e harmonia com Deus e com os outros. É o shalom hebraico que encapsula essa visão abrangente da paz.
Ser um pacificador é uma das características que mais claramente identifica os cristãos com Jesus, a partir da relação destes com Cristo. Suas ações, ensinamentos e atividades são sempre descritos como que promovendo a paz e a reconciliação. É assim que o apóstolo Paulo o descreve: “Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade [...] o objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade. Ele veio e anunciou paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto” (Ef 2.14-17).
Os cristãos moldados à imagem de Cristo pelo Espírito de Deus desenvolverão características como mansidão, humildade e amor ao próximo. Embora conflitos sejam inevitáveis, a postura pacificadora melhora as relações interpessoais. A maneira como os cristãos lidam com eles pode refletir a paz de Cristo.
Quando uma comunidade cristã pratica a pacificação, ela se torna um poderoso testemunho da mensagem de Jesus, atraindo aqueles que buscam a verdadeira paz.
A paz cristã é alcançada por meio de entrega, serviço e amor sacrificial. Essa diferença é marcante e faz com que a postura pacificadora se destaque no mundo. Em vez de responder à violência com violência ou ao ódio com ódio, ela responde com amor e perdão, seguindo o exemplo de Jesus na cruz.
Os pacificadores atuam como agentes de mudança no mundo. Eles promovem a justiça e a reconciliação em suas comunidades, trabalhando para resolver conflitos e promover a harmonia. Esse papel é essencial em um mundo que frequentemente está dividido.
A busca pela paz é uma manifestação do reino de Deus na terra. Os cristãos, ao viverem como pacificadores, mostram agora um vislumbre da presença do reino que um dia estabelecerá a perfeita paz na Terra.
- Christian Gillis é pastor na Igreja Batista da Redenção, em Belo Horizonte, MG.
Artigo publicado originalmente na edição 409 de Ultimato.
REVISTA ULTIMATO – AS BEM-AVENTURANÇAS – MARCAS DE UM NOVO MUNDO
Ultimato quer mostrar a beleza e a atualidade das bem-aventuranças, resgatando seu sentido bíblico e refletindo sobre seu impacto na vida do cristão, da igreja e do mundo.
Este é o desafio: voltar a ler as bem-aventuranças como quem lê a mensagem pela primeira vez, com reverência – para perceber e memorizar as exigências do seguimento – e alegre expectativa.
É disso que trata a matéria de capa da edição 409 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
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» Ser é o Bastante – Felicidade à luz do Sermão do Monte, Carlos Queiroz
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Ricardo Barbosa