Opinião
- 16 de janeiro de 2024
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Certa vez, na Jordânia…
Cristãos perseguidos pedem por ousadia na pregação, portas abertas e coragem.
Por Délnia Bastos
Por Délnia Bastos
Certa vez, na Jordânia, vivi uma experiência que considero a mais próxima do que chamamos de perseguição aos cristãos. Oseas e eu fomos a Amã visitar a Joana1, que servia no país, encorajando cristãos nacionais. Visitar era parte do nosso trabalho como equipe da Interserve no Brasil. Um jovem que nós demos o pseudônimo de “Paulo” (inspirados no grande apóstolo) tinha se convertido do islamismo. Sua família o expulsou de casa e fez ainda pior: pregou cartazes do tipo “Procura-se” com a foto dele nas principais mesquitas do país, pedindo que qualquer pessoa que o encontrasse o prendesse. Como o pai era um homem influente, Paulo vivia como fugitivo. Ele dirigiu o carro nas nossas andanças pelo país, sempre se esquivando de lugares potencialmente perigosos, ao mesmo tempo em que, durante as noites, se reunia com os irmãos de cada cidade. E mais pessoas iam se convertendo a Cristo. Nós, os brasileiros, não podíamos ir a esses cultos clandestinos pois poderíamos “atrapalhar” muito mais do que ajudar. E Paulo não podia se hospedar no mesmo local que nós, que éramos reconhecidamente cristãos. No outro dia, pela manhã, ele reaparecia e a gente pegava a estrada novamente. Rodamos o país de norte a sul, passando pelo rio Jordão, o mar Morto, até chegarmos ao mar Vermelho desta forma: acompanhando a rotina de um irmão perseguido.
Paulo não recuava em sua fé. Como muitos cristãos perseguidos, ele nos pediu que orássemos por ousadia, enquanto pregava o evangelho. Ele não pediu para orarmos pelo fim da perseguição familiar e religiosa que sofria na pele, mas por portas abertas e coragem, como nossos primeiros irmãos: “Agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra” (At 4.29). No ano seguinte, com o apoio de uma organização, ele iria para o exterior a fim de estudar teologia e se tornar pastor.
Hoje, prestes ao lançamento da Lista Mundial da Perseguição 2024 lembro-me do Paulo. Não foi possível acompanhar o que aconteceu com ele. Mas seu testemunho de fé ficou cravado em meu coração.
Que Deus nos ajude, como igreja, a interceder pelos milhões de irmãos perseguidos ao redor do mundo. Com certeza, Deus ouvirá nossas orações.
Nota
1. Joana e Paulo são pseudônimos.
- Délnia Bastos é casada, mãe de três filhos e avó de cinco netos, e serve na área de governança em algumas iniciativas de missão.
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