Opinião
- 09 de maio de 2022
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Cartas de Cristo
Por Ricardo Borges
Cartas são especiais. Elas podem comunicar amor, paixão, mas também alerta, exortação, revelar um perigo ou ainda animar a uma mudança de rumo. Podem também vir carregadas de promessas, transpirar expectativa, alimentar a esperança de algo melhor que ainda está por acontecer. No breve livro O que Cristo pensa da Igreja: a mensagem das sete cartas de Apocalipse, de John Stott, nós encontramos um pouco de cada um desses elementos em uma exposição brilhante dessas cartas que lemos no último livro da Bíblia.
Stott nos revela com simplicidade, também com elegância, como Cristo via cada uma dessas igrejas das províncias da Ásia. Não se trata de como João as percebia, pois ele era apenas o portador da mensagem, mas como Cristo as via, e isso faz toda a diferença. Ao serem breves, elas nos resumem essa percepção do próprio Cristo: suas afirmações e elogios amorosos, suas palavras duras por conta de seu diagnóstico honesto, as promessas que os animam em tempos difíceis.
O autor nos encanta outra vez por sua maneira de escrever e por comunicar-se tão bem. Ao falar de cada uma das cidades destinatárias dessas cartas, é como se fôssemos transportados no tempo. Quase nos sentimos caminhando por suas ruas, como testemunhas do que viviam. A fluência e a sensibilidade do texto nos levam a conectarmos com os leitores originais dessas cartas de Cristo. Também pelo pulso e emoção de Stott, percebemos melhor os apelos veementes que Cristo faz à sua igreja. Muito do que é não era para ser, mas ainda há tempo! O alerta se junta ao convite, à exortação se soma a promessa, e assim essas cartas se enchem de expectativa, de esperança.
Se as igrejas da província da Ásia precisavam ouvir a Cristo por meio delas, é de certa maneira surpreendente que as igrejas hoje precisem tanto das mesmas exortações. Que bom que essas cartas ficaram registradas, que foram preservadas. Como o próprio Stott nos diz nesse livro, “a memória é um presente precioso e abençoado, nada pode despertar tanto a consciência quanto as lembranças do passado”. Esperamos então que a lembrança e a memória do que passou com essas igrejas do passado possa ajudar a igreja do presente a ter um diagnóstico correto de nossas mazelas, a ouvir de maneira fresca um novo chamado ao arrependimento, a confiar no Deus amoroso que se importa, fala conosco, e assim nos leve outra vez para um caminho de justiça, santidade e vida.
Só o que Cristo pensa de nós importa. João nos traz o tesouro dessa visão no livro de Apocalipse e Stott as explica a nós de maneira clara, para que não restem dúvidas. Diante delas, quem sabe o arrependimento não nos ponha no rumo certo outra vez. Quem sabe assim as cartas terão cumprido o seu propósito.
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É casado com Ruth e pai de Ana Júlia e Carolina. Integra o corpo pastoral da Igreja Metodista Livre da Saúde, em São Paulo (SP), serve globalmente como secretário adjunto para o engajamento com as Escrituras na IFES (International Fellowship of Evangelical Students) e também apoia a equipe da IFES América Latina.
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