Opinião
- 27 de setembro de 2018
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C. S. Lewis em tempo de eleição: Os cristãos e as alianças políticas
Por Paulo F. Ribeiro
Três posições básicas podem ser identificadas.
Na primeira, cristãos devotos são convencidos de que o bem-estar social só pode fluir da vida cristã. E, uma vida cristã só pode ser promovida na comunidade por um Estado autoritário, que é contra qualquer forma de liberalismo. Consideram o fascismo não tanto um mal – como uma coisa boa pervertida – e consideram a democracia uma anomalia, cuja vitória seria uma derrota para o cristianismo; e são tentados a aceitar assistência fascista.
Na segunda, outros cristãos profundamente conscientes da Queda e, portanto, convencidos de que nenhuma criatura humana é confiável – com mais do que o poder mínimo sobre seus companheiros –, vê na democracia a única esperança de liberdade cristã. Eles são tentados a aceitar ajuda de defensores do status quo, cujos motivos comerciais ou imperiais dificilmente chegam próximo ao cristianismo.
Na terceira posição, alguns também cristãos sinceros, cheio de promessas proféticas e certos de que o "Jesus histórico" – há muito traído pelos apóstolos, pelos padres, pastores e pelas igrejas –, exige de nós uma revolução, são tem,tados a aceitar ajuda de incrédulos que se professam abertamente inimigos de Deus.
Em qual dessas posições nos enquadramos como eleitores?
O princípio que divide os cristãos dos seus aliados políticos não são teológicos. Tal grupo de cristãos não terá autoridade para falar em nome do cristianismo; não terá poder ou habilidade política para controlar o comportamento de seus aliados incrédulos. Mas haverá uma novidade real e mais desastrosa. Não será simplesmente uma parte da cristandade, mas uma parte reivindicando ser o todo. Pelo simples ato de reivindicar que estão agindo em nome de Deus acusam os outros de apostasia e traição.
A tentação de reivindicar para nossas opiniões políticas um grau de certeza e autoridade que pertencem somente à fé cristã, é mortal. E, quando o disfarce for revelado e o partido ganhar as eleições, estes vão revogar leis morais e justificar o que quer que os líderes comandem.
Se algum dia cristãos puderem ser levados a pensar em traição e assassinatos como meios legítimos de estabelecer o regime que desejam e, forjar julgamentos para manter o poder político, certamente será esse o processo. A história das pseudo-cruzadas do final da Idade Média deve ser lembrada.
E, ao fazer sua escolha de candidato lembre-se do conselho: “Não existe nenhum ponto neutro no universo: cada centímetro quadrado ao nosso redor e cada fração de segundo de nossas vidas está em disputa, para ser reivindicado pelo Bem ou pelo mal. ”
Tentar evitar esse dilema – ficando no meio – é arriscar ser dilacerado e dividido para sempre em dois seres, permanentemente em guerra, vacilando entre duas influências. Por que até mesmo ao tentar não escolher (não votar ou anular o voto) é escolher.
Não há neutralidade na vida. Todos os dias, em todos os momentos e com todas as escolhas que fazemos – sobre o que fazer conosco naquele momento, como gastar esse momento – estamos declarando nossa lealdade a algo ou alguém.
Enfim, mesmo com nossas atuais opções – longe dos nossos ideais e da condição da nação cada vez mais sombria – não fico pessimista. Como dizia Robinson Cavalcanti: “Não há lugar para pessimismo ou para temor quando se tem o compromisso com a eternidade, e não com a antiguidade”.
• Leia Mais
» Fé Cristã e Ação Política – A Relevância Pública da Espiritualidade Cristã
» C. S. Lewis em tempo eleição: A tentação de dizer “Assim diz o Senhor” quando conversamos sobre política
» C. S. Lewis em tempo de eleição: Os cristãos e a moralidade
» C. S. Lewis em de tempo eleição: “O que é justo” versus “o que funciona”
» Quem é a primeira vítima das próximas eleições?
Três posições básicas podem ser identificadas.
Na primeira, cristãos devotos são convencidos de que o bem-estar social só pode fluir da vida cristã. E, uma vida cristã só pode ser promovida na comunidade por um Estado autoritário, que é contra qualquer forma de liberalismo. Consideram o fascismo não tanto um mal – como uma coisa boa pervertida – e consideram a democracia uma anomalia, cuja vitória seria uma derrota para o cristianismo; e são tentados a aceitar assistência fascista.
Na segunda, outros cristãos profundamente conscientes da Queda e, portanto, convencidos de que nenhuma criatura humana é confiável – com mais do que o poder mínimo sobre seus companheiros –, vê na democracia a única esperança de liberdade cristã. Eles são tentados a aceitar ajuda de defensores do status quo, cujos motivos comerciais ou imperiais dificilmente chegam próximo ao cristianismo.
Na terceira posição, alguns também cristãos sinceros, cheio de promessas proféticas e certos de que o "Jesus histórico" – há muito traído pelos apóstolos, pelos padres, pastores e pelas igrejas –, exige de nós uma revolução, são tem,tados a aceitar ajuda de incrédulos que se professam abertamente inimigos de Deus.
Em qual dessas posições nos enquadramos como eleitores?
O princípio que divide os cristãos dos seus aliados políticos não são teológicos. Tal grupo de cristãos não terá autoridade para falar em nome do cristianismo; não terá poder ou habilidade política para controlar o comportamento de seus aliados incrédulos. Mas haverá uma novidade real e mais desastrosa. Não será simplesmente uma parte da cristandade, mas uma parte reivindicando ser o todo. Pelo simples ato de reivindicar que estão agindo em nome de Deus acusam os outros de apostasia e traição.
A tentação de reivindicar para nossas opiniões políticas um grau de certeza e autoridade que pertencem somente à fé cristã, é mortal. E, quando o disfarce for revelado e o partido ganhar as eleições, estes vão revogar leis morais e justificar o que quer que os líderes comandem.
Se algum dia cristãos puderem ser levados a pensar em traição e assassinatos como meios legítimos de estabelecer o regime que desejam e, forjar julgamentos para manter o poder político, certamente será esse o processo. A história das pseudo-cruzadas do final da Idade Média deve ser lembrada.
E, ao fazer sua escolha de candidato lembre-se do conselho: “Não existe nenhum ponto neutro no universo: cada centímetro quadrado ao nosso redor e cada fração de segundo de nossas vidas está em disputa, para ser reivindicado pelo Bem ou pelo mal. ”
Tentar evitar esse dilema – ficando no meio – é arriscar ser dilacerado e dividido para sempre em dois seres, permanentemente em guerra, vacilando entre duas influências. Por que até mesmo ao tentar não escolher (não votar ou anular o voto) é escolher.
Não há neutralidade na vida. Todos os dias, em todos os momentos e com todas as escolhas que fazemos – sobre o que fazer conosco naquele momento, como gastar esse momento – estamos declarando nossa lealdade a algo ou alguém.
Enfim, mesmo com nossas atuais opções – longe dos nossos ideais e da condição da nação cada vez mais sombria – não fico pessimista. Como dizia Robinson Cavalcanti: “Não há lugar para pessimismo ou para temor quando se tem o compromisso com a eternidade, e não com a antiguidade”.
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» Quem é a primeira vítima das próximas eleições?
Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de Manchester, na Inglaterra, foi Professor em Universidades nos Estados Unidos, Nova Zelândia e Holanda, e Pesquisador em Centros de Pesquisa (EPRI, NASA). Atualmente é Professor Titular Livre na Universidade Federal de Itajubá, MG. É originário do Vale do Pajeú e torcedor do Santa Cruz.
>> http://lattes.cnpq.br/2049448948386214
>> https://scholar.google.com/citations?user=38c88BoAAAAJ&hl=en&oi=ao
Pesquisa publicada recentemente aponta os cientistas destacados entre o “top” 2% dos pesquisadores de maior influência no mundo, nas diversas áreas do conhecimento. Destes, 600 cientistas são de Instituições Brasileiras. O Professor Paulo F. Ribeiro foi incluído nesta lista relacionado a área de Engenharia Elétrica.
>> http://lattes.cnpq.br/2049448948386214
>> https://scholar.google.com/citations?user=38c88BoAAAAJ&hl=en&oi=ao
Pesquisa publicada recentemente aponta os cientistas destacados entre o “top” 2% dos pesquisadores de maior influência no mundo, nas diversas áreas do conhecimento. Destes, 600 cientistas são de Instituições Brasileiras. O Professor Paulo F. Ribeiro foi incluído nesta lista relacionado a área de Engenharia Elétrica.
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