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- 28 de setembro de 2011
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Brasil corre para registrar línguas indígenas que estão desaparecendo
(Estadão) Em 2012 o governo federal vai destinar R$ 2,1 milhões para projetos de documentação de línguas indígenas ameaçadas de extinção. Será a primeira vez que esse tipo de ação terá uma destinação específica de verbas no Orçamento da União.
A decisão do governo está ligada a pressões internacionais. O Brasil figura em terceiro lugar na lista dos dez países do mundo com maior número de idiomas ameaçados.
De acordo com o Atlas das Línguas do Mundo em Perigo, no território brasileiro o total de línguas condenadas ao desaparecimento chega a 190. No topo da lista daquela publicação aparecem a Índia, com 198 línguas, e os Estados Unidos, com 191.
O Atlas é uma publicação da Unesco, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para as áreas de educação, ciência e a cultura. No início deste mês, durante um congresso internacional realizado em Quito, no Equador, a instituição apresentou publicamente a sua quarta reedição, com dados atualizados.
De acordo com a públicação, qualquer língua falada por menos de um milhão de pessoas corre algum risco. Por esse critério, do total de quase 6 mil línguas existentes no mundo, cerca de 2.500 estão em perigo.
No Brasil estima-se que cerca de 40 línguas são faladas por menos de 300 habitantes. Na avaliação do diretor do Museu do Índio, o antropólogo José Carlos Levinho, elas devem desaparecer nas próximas duas décadas.
O museu coordena há três anos um esforço nacional de registro e documentação das línguas que irão desaparecer. O dinheiro da União será destinado a essa empreitada, que também conta com o apoio do Instituto Max Planck, da Alemanha, e de várias universidades e centros de pesquisa do País. Além dos recursos da União, o projeto tem recursos da Fundação Banco do Brasil e da Unesco.
Na entrevista abaixo, concedida ao estadão.com.br, Leivinho fala sobre o desafio de documentar as línguas indígenas antes que desapareçam.
O número apontado pela Unesco, de 190 línguas ameaçadas de extinção, está correto?
Não existe um número exato. As estimativa variam de 160 a 190 línguas. Nesse conjunto, o que mais nos preocupa é que quase 40 são faladas por menos de 300 habitantes. Isso significa que é praticamente impossível que continuem existindo. Esse patrimônio cultural vai desaparecer, provavelmente, nas próximas duas décadas.
Por que o assunto preocupa tanto a Unesco? É possível salvar essas línguas?
A Unesco se preocupa porque se trata de um patrimônio cultural que demorou milhares de anos para ser construído e está desaparecendo num curto espaço de tempo. Não propõe salvar as línguas, mas documentá-las antes que desapareçam. Trata-se do registro das línguas, das culturas, dos acervos indígenas.
O que o Museu tem feito?
Nos últimos três anos trabalhamos com a documentação de um grupo de 13 línguas e 22 culturas, escolhidas no meio daquele conjunto ao qual já me referi, das 40 mais ameaçadas.
Como é feito o trabalho?
Trata-se do registro da língua, em arquivos digitais, com o objetivo de conhecê-la, o que não é fácil. A compreensão de uma língua é extremamente complexa. O trabalho também inclui a produção de uma gramática básica, dicionário, material didático e diagnóstico sociolinguístico. No momento já temo s 493 horas de filmes gravados em vídeos, com informações necessárias para o entendimento da língua. Também temos 321 horas de gravação de áudio e um conjunto de 50.017 fotografias documentando a vida desses povos.
O que será feito com esse material?
Nós vamos por tudo na internet, à disposição dos interessados. Os conteúdos também serão postos à disposição das escolas. Após o término da digitalização, todo o material coletado será devolvido aos povos indígenas.
No meio da população brasileira, que gira em torno de 400 mil pessoas, qual a língua mais falada? E qual tem menos falantes?
A mais falada é o guarani. Quanto à segunda parte da pergunta, não é possível dar uma resposta exata. Já encontramos casos em que sobraram só dois falantes. Em Rondônia foi localizado um idioma falado por cinco sobreviventes de um povo. Desde que iniciamos o trabalho, três anos atrás, já vimos duas línguas desaparecerem, por falta de falantes, no Mato Grosso.
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O Atlas é uma publicação da Unesco, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para as áreas de educação, ciência e a cultura. No início deste mês, durante um congresso internacional realizado em Quito, no Equador, a instituição apresentou publicamente a sua quarta reedição, com dados atualizados.
De acordo com a públicação, qualquer língua falada por menos de um milhão de pessoas corre algum risco. Por esse critério, do total de quase 6 mil línguas existentes no mundo, cerca de 2.500 estão em perigo.
No Brasil estima-se que cerca de 40 línguas são faladas por menos de 300 habitantes. Na avaliação do diretor do Museu do Índio, o antropólogo José Carlos Levinho, elas devem desaparecer nas próximas duas décadas.
O museu coordena há três anos um esforço nacional de registro e documentação das línguas que irão desaparecer. O dinheiro da União será destinado a essa empreitada, que também conta com o apoio do Instituto Max Planck, da Alemanha, e de várias universidades e centros de pesquisa do País. Além dos recursos da União, o projeto tem recursos da Fundação Banco do Brasil e da Unesco.
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O número apontado pela Unesco, de 190 línguas ameaçadas de extinção, está correto?
Não existe um número exato. As estimativa variam de 160 a 190 línguas. Nesse conjunto, o que mais nos preocupa é que quase 40 são faladas por menos de 300 habitantes. Isso significa que é praticamente impossível que continuem existindo. Esse patrimônio cultural vai desaparecer, provavelmente, nas próximas duas décadas.
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A Unesco se preocupa porque se trata de um patrimônio cultural que demorou milhares de anos para ser construído e está desaparecendo num curto espaço de tempo. Não propõe salvar as línguas, mas documentá-las antes que desapareçam. Trata-se do registro das línguas, das culturas, dos acervos indígenas.
O que o Museu tem feito?
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Trata-se do registro da língua, em arquivos digitais, com o objetivo de conhecê-la, o que não é fácil. A compreensão de uma língua é extremamente complexa. O trabalho também inclui a produção de uma gramática básica, dicionário, material didático e diagnóstico sociolinguístico. No momento já temo s 493 horas de filmes gravados em vídeos, com informações necessárias para o entendimento da língua. Também temos 321 horas de gravação de áudio e um conjunto de 50.017 fotografias documentando a vida desses povos.
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