Opinião
- 27 de maio de 2016
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Barbárie legitimada
A barbárie da menina violentada no Rio de Janeiro1 exige de nós muito mais do que qualquer nota de repúdio ou de agravo. Concordem ou não, a violência contra a mulher já está institucionalizada e legitimada em nossa sociedade. Seja nas ruas, nos lares ou nos transportes públicos, sempre há um grito reprimido de uma mulher. A sensação é a de que quando há uma mulher por perto, sempre deve existir alguém prestes a so(correr).
O xis da questão está no fato de vivermos numa sociedade fundamentada em princípios de violência simbólica contra a mulher. Enquanto o gênero feminino for visto como um mero instrumento à serviço do homem, um objeto de prazer sexual ou um indivíduo não equiparado em oportunidades e direitos, a violência contra a mulher continuará instituída. Violência simbólica legitima violência física!
Alegar que a jovem de 16 anos, que foi violentada, era usuária de drogas ou estava em baile funk, serve unicamente como argumento para aqueles que procuraram justificativas para o crime. Fosse o contrário, valeria? Homem em baile funk, usuário de droga? Ainda que essa menina, vítima do estupro coletivo saísse às ruas nua, ninguém teria o direito de tocar em seu corpo. Ninguém!
Contudo, tais práticas encontram respaldo num país em que tudo pode e tudo fica impune. Esses criminosos patológicos usaram as redes como um troféu, e não tiveram receio em mostrar seus rostos no vídeo. Desde quando violentar alguém é prêmio? Tudo está fora do lugar!
As políticas de proteção às mulheres não recebem o grau de importância que merecem. Até quando elas seguirão o princípio do caos? Até quando serão póstumas em vez de preventivas? Por que leis como a Maria da Penha, ou o Dia Nacional Contra a Exploração Sexual Infantil devem ser alertas de mortes anunciadas? Quantas “Aracelis” ainda precisarão morrer para algo mudar? Quantos casos não são divulgados na mídia?
Precisamos de políticas eficientes que se antecipem a essas práticas nefastas. Devemos decretar tolerância zero contra todo o tipo de violência contra a mulher. Um simples elogio de um desconhecido, dependendo da forma, pode ser violento. Já passou da hora de reformar e fortalecer as redes de proteção à mulher, priorizando a humanização e a não revitimização.
Como mulher, não posso deixar de me indignar. Como parlamentar que milita na causa das mulheres, não posso deixar de enxergar o atraso nas políticas públicas direcionadas a nós. E, como cristã, não posso aceitar que meu próximo seja massacrado, por ser considerado menos importante para a sociedade, pelo simples fato de seu gênero ser diferente do dominante, apesar de sermos mais da metade da população brasileira.
Jesus foi o primeiro a se levantar pelo direito da mulher e contra toda essa cultura da violência simbólica, que, infelizmente, criou a cultura do estupro. Como seguidora desse mestre, não posso ficar alheia a isso. Manifeste-se. Vá às ruas. Ore. A cada 11 minutos em que nada é feito, uma mulher é estuprada no Brasil. Lamentável.
Vamos frear essa brutalidade! Vamos denunciar!
• Patricia Bezerra, 44, psicóloga, pastora e vereadora de São Paulo (SP).
Nota:
1. Uma adolescente de 16 anos teve imagens publicadas nas redes sociais que indicam a existência de estupro coletivo.
Foto: George Crux/Freeimages.com
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Nove anos da Lei Maria da Penha
Artigo atualizado em 30/05/2016, às 07h58.
O xis da questão está no fato de vivermos numa sociedade fundamentada em princípios de violência simbólica contra a mulher. Enquanto o gênero feminino for visto como um mero instrumento à serviço do homem, um objeto de prazer sexual ou um indivíduo não equiparado em oportunidades e direitos, a violência contra a mulher continuará instituída. Violência simbólica legitima violência física!
Alegar que a jovem de 16 anos, que foi violentada, era usuária de drogas ou estava em baile funk, serve unicamente como argumento para aqueles que procuraram justificativas para o crime. Fosse o contrário, valeria? Homem em baile funk, usuário de droga? Ainda que essa menina, vítima do estupro coletivo saísse às ruas nua, ninguém teria o direito de tocar em seu corpo. Ninguém!
Contudo, tais práticas encontram respaldo num país em que tudo pode e tudo fica impune. Esses criminosos patológicos usaram as redes como um troféu, e não tiveram receio em mostrar seus rostos no vídeo. Desde quando violentar alguém é prêmio? Tudo está fora do lugar!
As políticas de proteção às mulheres não recebem o grau de importância que merecem. Até quando elas seguirão o princípio do caos? Até quando serão póstumas em vez de preventivas? Por que leis como a Maria da Penha, ou o Dia Nacional Contra a Exploração Sexual Infantil devem ser alertas de mortes anunciadas? Quantas “Aracelis” ainda precisarão morrer para algo mudar? Quantos casos não são divulgados na mídia?
Precisamos de políticas eficientes que se antecipem a essas práticas nefastas. Devemos decretar tolerância zero contra todo o tipo de violência contra a mulher. Um simples elogio de um desconhecido, dependendo da forma, pode ser violento. Já passou da hora de reformar e fortalecer as redes de proteção à mulher, priorizando a humanização e a não revitimização.
Como mulher, não posso deixar de me indignar. Como parlamentar que milita na causa das mulheres, não posso deixar de enxergar o atraso nas políticas públicas direcionadas a nós. E, como cristã, não posso aceitar que meu próximo seja massacrado, por ser considerado menos importante para a sociedade, pelo simples fato de seu gênero ser diferente do dominante, apesar de sermos mais da metade da população brasileira.
Jesus foi o primeiro a se levantar pelo direito da mulher e contra toda essa cultura da violência simbólica, que, infelizmente, criou a cultura do estupro. Como seguidora desse mestre, não posso ficar alheia a isso. Manifeste-se. Vá às ruas. Ore. A cada 11 minutos em que nada é feito, uma mulher é estuprada no Brasil. Lamentável.
Vamos frear essa brutalidade! Vamos denunciar!
• Patricia Bezerra, 44, psicóloga, pastora e vereadora de São Paulo (SP).
Nota:
1. Uma adolescente de 16 anos teve imagens publicadas nas redes sociais que indicam a existência de estupro coletivo.
Foto: George Crux/Freeimages.com
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Artigo atualizado em 30/05/2016, às 07h58.
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