Opinião
- 20 de maio de 2015
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B. B. King e a “música do mundo”
Em 04 de abril de 1968, quando soube do assassinato do ativista dos direitos humanos Dr. Martin Luther King Jr., o grande músico B.B. King marcou um encontro em Nova Iorque com seus amigos músicos, igualmente geniais Jimi Hendrix e Buddy Guy e, juntos, passaram a noite tocando, como forma de prestar tributo à memória do Dr. King.
Seria apenas essa a relação do gênio do blues com o cristianismo: seu respeito e admiração ao outro King, o pastor batista negro, martirizado pela luta em prol da igualdade de direitos civis para os negros americanos? A resposta é um sonoro “não”. Como a maior parte dos meninos afrodescendentes do seu tempo, B.B. King (16/09/1925 - 15/05/2015), um dos artistas da música de maior sucesso de todos os tempos, nasceu pobre, trabalhava duro desde cedo - e frequentava fielmente a igreja evangélica dos seus pais. Alguns dos seus biógrafos, como Sebastian Danchin, autor de “Blues Boy: The Life and Music of B. B. King”, destacam um fato que não deveria soar surpreendente: o rei do blues cantava gospel (o verdadeiro, é claro: o estilo que derivou dos velhos “Spirituals” dos escravos que, convertidos, improvisavam nos campos de algodão do sul hinos de lamento ao Senhor, de esperança, de redenção). Sim, King começou a desenvolver seu talento na igreja. Chegou a cantar com os célebres “The Famous St. John Gospel Singers”.
Qual a novidade nesse fato? Nenhuma, para ser sincero. O ponto é que não lhe era permito cantar e tocar blues, considerada “música do diabo”. Este é o mesmo problema que Bono Vox e The Edge, da banda U2, tiveram quando se converteram e entraram para a comunidade “Shalom Christian Fellowship”, em Dublin. Eles ouviram de seus líderes: “Toquem música de louvor, rapazes!”.
Até quando teremos que aguentar essa visão teologicamente equivocada da música (da arte, em geral)? Até quando confundiremos música para o culto com música cristã? Até quando acharemos que música que não seja litúrgica, isto é, que não possa entrar na ordem dos hinos e cânticos do culto dominical, é necessariamente... profana? Nem tudo que é sagrado é religioso e nem tudo que é secular é profano. É claro que existem (falsos) artistas das trevas, que dedicam sua obra ao mal etc. Mas a maioria dos (verdadeiros) que conheço estão mais preocupados com a Beleza, a Verdade e a Bondade. Isso - voltemos à Teologia Reformada, amigos - é Graça Comum! Calvino, Kuyper, Keller e tantos outros me ajudam a ouvir B. B. King sem culpa! E que falta ele fará!
Aos 11 anos ganhei de meu pai minha primeira guitarra elétrica, uma Gianinni Diamond 335 sunburst usada, comprada numa loja de penhores no Centro, bem parecida com a famosa Lucille de B. B. King, do blues/rock que aprendi a apreciar nos programas de sábado à tarde da TVE, no Rio de Janeiro dos anos 70, aqueles tempos jurássicos, muito, muito, muito antes dessa coisa doida que é a internet. Eu babava naqueles guitarristas mágicos e seus solos do outro mundo. Mas me sentia muito culpado por que era “música do mundo”. Mas “você”, imagino os críticos erguendo a voz e o argumento, “ouvia música do mundo pra tocar melhor na igreja. King ouviu muita música na igreja pra tocar melhor no mundo”. Toda verdadeira arte (e tudo o mais, se seguirmos Paulo) é para a glória de Deus. Ponto. Seja ela religiosa ou não. Sim, podemos ouvir música que não seja “louvor”, pessoal. Melhor um lamento sincero de um blues do que uma fé falsa cantada nessa pseudo, plástica e desnutrida música gospel de hoje. Oh, Yeah!
(A propósito, adoração não é música. Só pra constar: é um jeito de se viver - respondendo com temor e tremor ao Caráter, Palavra, Atos e Presença do Eterno).
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Foto: bbking.com/fotos/
Seria apenas essa a relação do gênio do blues com o cristianismo: seu respeito e admiração ao outro King, o pastor batista negro, martirizado pela luta em prol da igualdade de direitos civis para os negros americanos? A resposta é um sonoro “não”. Como a maior parte dos meninos afrodescendentes do seu tempo, B.B. King (16/09/1925 - 15/05/2015), um dos artistas da música de maior sucesso de todos os tempos, nasceu pobre, trabalhava duro desde cedo - e frequentava fielmente a igreja evangélica dos seus pais. Alguns dos seus biógrafos, como Sebastian Danchin, autor de “Blues Boy: The Life and Music of B. B. King”, destacam um fato que não deveria soar surpreendente: o rei do blues cantava gospel (o verdadeiro, é claro: o estilo que derivou dos velhos “Spirituals” dos escravos que, convertidos, improvisavam nos campos de algodão do sul hinos de lamento ao Senhor, de esperança, de redenção). Sim, King começou a desenvolver seu talento na igreja. Chegou a cantar com os célebres “The Famous St. John Gospel Singers”.
Qual a novidade nesse fato? Nenhuma, para ser sincero. O ponto é que não lhe era permito cantar e tocar blues, considerada “música do diabo”. Este é o mesmo problema que Bono Vox e The Edge, da banda U2, tiveram quando se converteram e entraram para a comunidade “Shalom Christian Fellowship”, em Dublin. Eles ouviram de seus líderes: “Toquem música de louvor, rapazes!”.
Até quando teremos que aguentar essa visão teologicamente equivocada da música (da arte, em geral)? Até quando confundiremos música para o culto com música cristã? Até quando acharemos que música que não seja litúrgica, isto é, que não possa entrar na ordem dos hinos e cânticos do culto dominical, é necessariamente... profana? Nem tudo que é sagrado é religioso e nem tudo que é secular é profano. É claro que existem (falsos) artistas das trevas, que dedicam sua obra ao mal etc. Mas a maioria dos (verdadeiros) que conheço estão mais preocupados com a Beleza, a Verdade e a Bondade. Isso - voltemos à Teologia Reformada, amigos - é Graça Comum! Calvino, Kuyper, Keller e tantos outros me ajudam a ouvir B. B. King sem culpa! E que falta ele fará!
Aos 11 anos ganhei de meu pai minha primeira guitarra elétrica, uma Gianinni Diamond 335 sunburst usada, comprada numa loja de penhores no Centro, bem parecida com a famosa Lucille de B. B. King, do blues/rock que aprendi a apreciar nos programas de sábado à tarde da TVE, no Rio de Janeiro dos anos 70, aqueles tempos jurássicos, muito, muito, muito antes dessa coisa doida que é a internet. Eu babava naqueles guitarristas mágicos e seus solos do outro mundo. Mas me sentia muito culpado por que era “música do mundo”. Mas “você”, imagino os críticos erguendo a voz e o argumento, “ouvia música do mundo pra tocar melhor na igreja. King ouviu muita música na igreja pra tocar melhor no mundo”. Toda verdadeira arte (e tudo o mais, se seguirmos Paulo) é para a glória de Deus. Ponto. Seja ela religiosa ou não. Sim, podemos ouvir música que não seja “louvor”, pessoal. Melhor um lamento sincero de um blues do que uma fé falsa cantada nessa pseudo, plástica e desnutrida música gospel de hoje. Oh, Yeah!
(A propósito, adoração não é música. Só pra constar: é um jeito de se viver - respondendo com temor e tremor ao Caráter, Palavra, Atos e Presença do Eterno).
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Sobre música do mundo e música do (sub, sobre, extra, fora, ex, para outro?) mundo
Engolidos pela cultura pop
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Foto: bbking.com/fotos/
Gerson Borges, casado com Rosana Márcia e pai de Bernardo e Pablo, pastoreia a Comunidade de Jesus no ABCD Paulista. É autor de Ser Evangélico sem Deixar de Ser Brasileiro, cantor, compositor e escritor, licenciado em letras e graduando em psicologia.
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