Opinião
- 26 de maio de 2009
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Amor indefinido
Jorge Camargo
Ano passado gravei dois clipes musicais para o programa Plataforma. Num deles, interpretei a canção “Amor Incondicional”, de minha autoria. Antes da música, no entanto, a produção do programa colheu alguns depoimentos meus que, editados, servem como introdução para a canção propriamente dita. Fui indagado sobre uma definição do que é o amor. Respondi que não sabia defini-lo e que não era a pessoa mais apropriada para dar essa definição.
Meses depois, quando o programa entrou no ar, fiquei surpreso com a minha própria resposta. Queria ter respondido alguma coisa...
Acho que a gente é assim mesmo. Somos filhos da modernidade. Nascemos sob a influência esmagadora da racionalidade, do cientificismo, das respostas pra tudo, das dissecações cadavéricas que explicam o inexplicável, definem o indefinível e determinam o que não se pode determinar. Talvez daí o meu susto.
No fundo esperava poder dar uma resposta satisfatória, bela, embasada em boa teologia, filosofia ou qualquer outro artifício humano de argumentação. Confesso que fiquei desarmado. O amor literalmente nos desarma. E nos silencia.
Impossível não lembrar das célebres palavras de Francisco de Assis: “Prega o evangelho. Se for preciso, use palavras”. Palavras que ninguém sabe ao certo se ele realmente disse. O que importa? Sua vida de entrega radical ao que acreditava e amava disse!
Como o profeta Jeremias, chamado por Deus a uma vida de excelência (se você correu com homens e eles o cansaram, como poderá competir com cavalos?), não responde a indagação divina. Silencia. No entanto, sua vida inteira dedicada a anunciar e a prantear as mazelas de seu povo respondeu.
Há poucas coisas na vida que realmente posso afirmar que sei definir. Poucas mesmo.
Decidi que é melhor mergulhar de corpo e alma nesse rio misterioso de águas profundas que é a existência.
Nu (que é como eu vim a ela) e nadando com braçadas largas, radicalmente entregue à corrente, confiante de que ele há de desaguar num mar infindo do amor mais profundo que define aquele que é indefinível como o amor... amor que é maior que o nosso coração.
Ano passado gravei dois clipes musicais para o programa Plataforma. Num deles, interpretei a canção “Amor Incondicional”, de minha autoria. Antes da música, no entanto, a produção do programa colheu alguns depoimentos meus que, editados, servem como introdução para a canção propriamente dita. Fui indagado sobre uma definição do que é o amor. Respondi que não sabia defini-lo e que não era a pessoa mais apropriada para dar essa definição.
Meses depois, quando o programa entrou no ar, fiquei surpreso com a minha própria resposta. Queria ter respondido alguma coisa...
Acho que a gente é assim mesmo. Somos filhos da modernidade. Nascemos sob a influência esmagadora da racionalidade, do cientificismo, das respostas pra tudo, das dissecações cadavéricas que explicam o inexplicável, definem o indefinível e determinam o que não se pode determinar. Talvez daí o meu susto.
No fundo esperava poder dar uma resposta satisfatória, bela, embasada em boa teologia, filosofia ou qualquer outro artifício humano de argumentação. Confesso que fiquei desarmado. O amor literalmente nos desarma. E nos silencia.
Impossível não lembrar das célebres palavras de Francisco de Assis: “Prega o evangelho. Se for preciso, use palavras”. Palavras que ninguém sabe ao certo se ele realmente disse. O que importa? Sua vida de entrega radical ao que acreditava e amava disse!
Como o profeta Jeremias, chamado por Deus a uma vida de excelência (se você correu com homens e eles o cansaram, como poderá competir com cavalos?), não responde a indagação divina. Silencia. No entanto, sua vida inteira dedicada a anunciar e a prantear as mazelas de seu povo respondeu.
Há poucas coisas na vida que realmente posso afirmar que sei definir. Poucas mesmo.
Decidi que é melhor mergulhar de corpo e alma nesse rio misterioso de águas profundas que é a existência.
Nu (que é como eu vim a ela) e nadando com braçadas largas, radicalmente entregue à corrente, confiante de que ele há de desaguar num mar infindo do amor mais profundo que define aquele que é indefinível como o amor... amor que é maior que o nosso coração.
Mestre em ciências da religião, é intérprete, compositor, músico, poeta e tradutor.
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