Opinião
- 27 de janeiro de 2023
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A vocação como um reflexo da imagem de Deus
Por João Antônio Martins
A vocação não é uma carreira, pois sua origem não parte de nossas escolhas, antes tem origem em algo fora de nós. A carreira envolve a trajetória escolhida pela própria pessoa: uma ocupação. Deus comissiona o seu povo para cumprir tarefas e papéis específicos.
Ao propor uma análise da vocação de Abrão em Gênesis 12, Vanhoozer destaca que “Deus instou Abraão para que deixasse sua terra”, e concordo com sua análise de que ele se torna um homem com senso definido e explícito de vocação1 . A vocação pode ser originada em algo fora de nós: o vocacionado como um peregrino tem sempre como lar o que delega o Pai celestial, como no caso de Abraão: “saia da tua terra para o lugar que eu te mostrar [...]”.
Veja que a vocação não nasce em situações concretas e seguras sob nosso olhar, a vocação nos instiga a caminhar com fé, muitas vezes desconhecendo a trajetória, mas seguros da prática e destino que estamos sendo comissionados. Compreender a jornada da nossa vocação, nos faz levar nosso coração cativo à palavra de Deus.
A Imago Dei no contexto da vocação, nasce de que: como seres humanos, o propósito – de Adão e Eva – era serem imagens vivas (ícones) de Deus2 . O elevado ponto da natureza humana, não é uma causa, mas uma pessoa. Ou seja, nossa ocupação vocacional, seja profissional ou ministerial, antes só terá sentido, neste pertencimento ao Senhor. Entretanto, a vocação não se limita a isto, pois o discipulado implica uma responsabilidade vocacional, de resposta ao chamado divino: “carregue a cruz (Lc 9.23); venham comigo (Jo 1.43).
Para Vanhoozer o discipulado é dramático por 1) exigir uma resposta; e 2) a resposta deve envolver ação, pois não existem discípulos estagnados em poltronas!3 Ele ainda propõe uma dicotomia entre a imago Dei como uma característica vocacional e a ação, enxergando isto através das lentes de dois chamados: o chamado implícito (portar a imagem divina) e o chamado explícito (seguir a Jesus – práxis). “Portanto ser discípulo é a intensificação da vocação humana geral”. 4
Esse aspecto da Imago Dei, é compreendida por James K. Smith como parte das “liturgias vocacionais”. Ou seja, uma característica que compõe a prática da vocação, da nossa missão.
A criação não pode ser analisada somente como uma declaração de como o cosmos é, antes à luz da teologia bíblica devemos enxergá-la como uma manifestação e ordem para marchar, como uma comissão. Sua conclusão é que ao olhar para a criação somos enviados ao mundo de Deus.5
Como criação, nosso chamado é refletir a imagem de Deus (Gn 1.27). A “imagem de Deus” (imago Dei) não é uma propriedade de fato do homo sapiens (como vontade, ou raciocínio, ou linguagem); antes, a imagem de Deus é uma tarefa, uma missão.6
Como parte da natureza humana, refletir a imagem de Deus é uma missão. A imagem de Deus é refletida em nossos atos – em todas as coisas terrenas e humanas – veja que o ponto que liga toda prática da carreira profissional que um ser humano possa realizar como elemento da vocação de Deus, percorre na missão diretamente ligada a Imago Dei. Como discípulos sabemos que devemos nos assemelhar a Cristo, caminhar com ele e também refletir a imagem de Deus.
Notas
1. VANHOOZER, Kevin. Quadros de uma exposição teológica. Brasília, DF: Editora Monergismo, 2018, p. 193.
2. Ibidem, 2018, p. 193.
3. Ibidem, 2018, p. 193.
4. Idem, 2018, p. 194.
5. SMITH, James K. Você é aquilo que ama. São Paulo: Vida Nova, 2017, p. 265-266.
6. Ibidem, 2017, p. 266.
Saiba mais:
» Tornando-se Um Pastor Teólogo – identidade e possibilidades para a liderança da igreja, Kevin J. Vanhoozer | James K. A. Smith | Peter J. Leithart [organizadores]: Todd Wilson e Gerald Hiestand
» O Discipulado na Igreja Local, Randy Pope
» O Propósito de Deus e a Nossa Vocação – uma teologia bíblica da missão toda, Timóteo Carriker
» Viver a vocação valida a vida
A vocação não é uma carreira, pois sua origem não parte de nossas escolhas, antes tem origem em algo fora de nós. A carreira envolve a trajetória escolhida pela própria pessoa: uma ocupação. Deus comissiona o seu povo para cumprir tarefas e papéis específicos.
Ao propor uma análise da vocação de Abrão em Gênesis 12, Vanhoozer destaca que “Deus instou Abraão para que deixasse sua terra”, e concordo com sua análise de que ele se torna um homem com senso definido e explícito de vocação1 . A vocação pode ser originada em algo fora de nós: o vocacionado como um peregrino tem sempre como lar o que delega o Pai celestial, como no caso de Abraão: “saia da tua terra para o lugar que eu te mostrar [...]”.
Veja que a vocação não nasce em situações concretas e seguras sob nosso olhar, a vocação nos instiga a caminhar com fé, muitas vezes desconhecendo a trajetória, mas seguros da prática e destino que estamos sendo comissionados. Compreender a jornada da nossa vocação, nos faz levar nosso coração cativo à palavra de Deus.
A Imago Dei no contexto da vocação, nasce de que: como seres humanos, o propósito – de Adão e Eva – era serem imagens vivas (ícones) de Deus2 . O elevado ponto da natureza humana, não é uma causa, mas uma pessoa. Ou seja, nossa ocupação vocacional, seja profissional ou ministerial, antes só terá sentido, neste pertencimento ao Senhor. Entretanto, a vocação não se limita a isto, pois o discipulado implica uma responsabilidade vocacional, de resposta ao chamado divino: “carregue a cruz (Lc 9.23); venham comigo (Jo 1.43).
Para Vanhoozer o discipulado é dramático por 1) exigir uma resposta; e 2) a resposta deve envolver ação, pois não existem discípulos estagnados em poltronas!3 Ele ainda propõe uma dicotomia entre a imago Dei como uma característica vocacional e a ação, enxergando isto através das lentes de dois chamados: o chamado implícito (portar a imagem divina) e o chamado explícito (seguir a Jesus – práxis). “Portanto ser discípulo é a intensificação da vocação humana geral”. 4
Esse aspecto da Imago Dei, é compreendida por James K. Smith como parte das “liturgias vocacionais”. Ou seja, uma característica que compõe a prática da vocação, da nossa missão.
A criação não pode ser analisada somente como uma declaração de como o cosmos é, antes à luz da teologia bíblica devemos enxergá-la como uma manifestação e ordem para marchar, como uma comissão. Sua conclusão é que ao olhar para a criação somos enviados ao mundo de Deus.5
Como criação, nosso chamado é refletir a imagem de Deus (Gn 1.27). A “imagem de Deus” (imago Dei) não é uma propriedade de fato do homo sapiens (como vontade, ou raciocínio, ou linguagem); antes, a imagem de Deus é uma tarefa, uma missão.6
Como parte da natureza humana, refletir a imagem de Deus é uma missão. A imagem de Deus é refletida em nossos atos – em todas as coisas terrenas e humanas – veja que o ponto que liga toda prática da carreira profissional que um ser humano possa realizar como elemento da vocação de Deus, percorre na missão diretamente ligada a Imago Dei. Como discípulos sabemos que devemos nos assemelhar a Cristo, caminhar com ele e também refletir a imagem de Deus.
- João Antônio Martins, graduando em teologia pela faculdade Teológica Sul Americana (FTSA). Dedicando-se em pesquisas da teologia do Novo Testamento e as convergências da tradição e a teologia pentecostal. Autor dos livros Aprendiz de Teologia (Editora Cruz), Malaquias (Editora Cruz), Vocação e Juventude (Aviva Editora). Idealizador e coordenador pedagógico do Pentecostal College. Professor no seminário teológico Batista da Família (Paracatu, MG) e Seminário Gordon Fee (Goiânia, GO).
Notas
1. VANHOOZER, Kevin. Quadros de uma exposição teológica. Brasília, DF: Editora Monergismo, 2018, p. 193.
2. Ibidem, 2018, p. 193.
3. Ibidem, 2018, p. 193.
4. Idem, 2018, p. 194.
5. SMITH, James K. Você é aquilo que ama. São Paulo: Vida Nova, 2017, p. 265-266.
6. Ibidem, 2017, p. 266.
Saiba mais:
» Tornando-se Um Pastor Teólogo – identidade e possibilidades para a liderança da igreja, Kevin J. Vanhoozer | James K. A. Smith | Peter J. Leithart [organizadores]: Todd Wilson e Gerald Hiestand
» O Discipulado na Igreja Local, Randy Pope
» O Propósito de Deus e a Nossa Vocação – uma teologia bíblica da missão toda, Timóteo Carriker
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