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- 22 de julho de 2008
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A participação dos evangélicos no cenário político brasileiro
Há 40 anos vivíamos o fim de um paradigma: a hegemonia das Igrejas históricas no conjunto do protestantismo no Brasil, e da ideologia de um “destino manifesto” civilizatório da nossa presença em nosso País (protestantismo = democracia + progresso).
Católicos e protestantes viveram uma intensa polarização no período 1958-1968. Em nosso caso, a “derrota dos comunistas”, em março de 1964, fora lida como resultado do Dia Nacional de Jejum e Oração liderado por setores “renovados” em 15 de novembro de 1963.
Em 1968, contudo, os expurgos já haviam se dado (no Estado e nas Igrejas), o fundamentalismo já havia tomado, em 1966, o poder na então denominação líder (Igreja Presbiteriana do Brasil), e o Ato Institucional nº.5 (AI-5) consolidava a ordem autoritária.
Mais do que o adesismo de uma minoria de inocentes úteis, áulicos ou oportunistas, a ideologia que vai triunfar nesse período do protestantismo brasileiro é a da alienação, com o mote: “crente não se mete em política”, ou “política não é lugar para crente”. Cristãos evangélicos foram presos (ou “desapareceram”) por denúncia dos seus próprios irmãos na fé.
A construção de um pensamento evangélico latino-americano foi deixada de lado, pela importação massiva e indiscriminada de correntes teóricas e personagens dos setores mais extremadamente conservador dos Estados Unidos da América.
Mas, é exatamente nesse ciclo de regimes militares em nosso continente que uma nova geração (a maioria saída das Igrejas históricas) vai retomar a reflexão e a ação, dentro dos espaços da pastoral estudantil (ABU), das agências de serviço (Visão Mundial), das escolas de pensamento (FTL), ou em ministérios não-denominacionais (VINDE), sob o impacto do Movimento de Lausanne.
É, ainda, desse espaço que irão sair os criadores de movimentos como o INESP, o GEAP, ou o MCDC, apontando, outra, vez, para a responsabilidade social e política dos cristãos, e que irão se engajar em campanhas como “Evangélicos pela Constituinte”, “Diretas Já”, eleições presidenciais de 1989, “Fora Collor”, e outras, e alguns dos quais, na proposta progressista do MEP.
E hoje, onde nos encontramos?
Retornamos, no País, à Ordem Constitucional, ao chamado Estado Democrático de Direito, as eleições se tornaram em uma rotina, a imprensa e a cátedra são livres em suas expressões, bem como a Sociedade Civil em suas organizações.
Hoje, como segmento expressivo, em disputa de hegemonia entre pentecostalismo/renovacionismo e o neo/pós/iso/pseudo-pentecostalismo, por um lado, há de se reconhecer que o abandono dos vícios, a ética do trabalho, a valorização da família e o associativismo eclesiástico dos protestantes, tem devolvido dignidade e qualidade de vida a milhares de brasileiros. Mas, por outro lado, o legalismo-moralismo da santidade passiva, a eclesiologia-gueto e a ausência de uma docência de um discipulado encarnado, não têm levado esses renascidos a ser o "sal da terra" e a "luz do mundo" pretendido para os seus seguidores pelo Senhor a quem pretendem servir. A História nos tem mudado, mas não sabemos quanto temos mudado a História.
Ultimato 40 anos — Encontro de Amigos
31 de julho a 02 de agosto
Viçosa –MG
Confira a programação e faça sua inscrição: www.ultimato.com.br/40anos
Católicos e protestantes viveram uma intensa polarização no período 1958-1968. Em nosso caso, a “derrota dos comunistas”, em março de 1964, fora lida como resultado do Dia Nacional de Jejum e Oração liderado por setores “renovados” em 15 de novembro de 1963.
Em 1968, contudo, os expurgos já haviam se dado (no Estado e nas Igrejas), o fundamentalismo já havia tomado, em 1966, o poder na então denominação líder (Igreja Presbiteriana do Brasil), e o Ato Institucional nº.5 (AI-5) consolidava a ordem autoritária.
Mais do que o adesismo de uma minoria de inocentes úteis, áulicos ou oportunistas, a ideologia que vai triunfar nesse período do protestantismo brasileiro é a da alienação, com o mote: “crente não se mete em política”, ou “política não é lugar para crente”. Cristãos evangélicos foram presos (ou “desapareceram”) por denúncia dos seus próprios irmãos na fé.
A construção de um pensamento evangélico latino-americano foi deixada de lado, pela importação massiva e indiscriminada de correntes teóricas e personagens dos setores mais extremadamente conservador dos Estados Unidos da América.
Mas, é exatamente nesse ciclo de regimes militares em nosso continente que uma nova geração (a maioria saída das Igrejas históricas) vai retomar a reflexão e a ação, dentro dos espaços da pastoral estudantil (ABU), das agências de serviço (Visão Mundial), das escolas de pensamento (FTL), ou em ministérios não-denominacionais (VINDE), sob o impacto do Movimento de Lausanne.
É, ainda, desse espaço que irão sair os criadores de movimentos como o INESP, o GEAP, ou o MCDC, apontando, outra, vez, para a responsabilidade social e política dos cristãos, e que irão se engajar em campanhas como “Evangélicos pela Constituinte”, “Diretas Já”, eleições presidenciais de 1989, “Fora Collor”, e outras, e alguns dos quais, na proposta progressista do MEP.
E hoje, onde nos encontramos?
Retornamos, no País, à Ordem Constitucional, ao chamado Estado Democrático de Direito, as eleições se tornaram em uma rotina, a imprensa e a cátedra são livres em suas expressões, bem como a Sociedade Civil em suas organizações.
Hoje, como segmento expressivo, em disputa de hegemonia entre pentecostalismo/renovacionismo e o neo/pós/iso/pseudo-pentecostalismo, por um lado, há de se reconhecer que o abandono dos vícios, a ética do trabalho, a valorização da família e o associativismo eclesiástico dos protestantes, tem devolvido dignidade e qualidade de vida a milhares de brasileiros. Mas, por outro lado, o legalismo-moralismo da santidade passiva, a eclesiologia-gueto e a ausência de uma docência de um discipulado encarnado, não têm levado esses renascidos a ser o "sal da terra" e a "luz do mundo" pretendido para os seus seguidores pelo Senhor a quem pretendem servir. A História nos tem mudado, mas não sabemos quanto temos mudado a História.
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Foi bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Política — teoria bíblica e prática histórica e A Igreja, o País e o Mundo — desafios a uma fé engajada. Faleceu no dia 26 de fevereiro de 2012 em Olinda (PE).
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