Opinião
- 12 de abril de 2023
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“A Morte da Razão” e o que está por trás das palavras
Edith, a esposa de Francis Schaeffer, uma vez disse que “é preciso escutar o que a próxima geração está dizendo, escutar as palavras das músicas que estão ouvindo, escutar o significado por trás das palavras. Se é para conseguir uma verdadeira comunicação, há uma linguagem a ser aprendida” (“Francis Schaeffer -- an authentic life”, tradução livre).
O livro A Morte da Razão é um exemplo do que foi a vida de um homem que buscou fazer exatamente isso na geração em que viveu, os conturbados anos 60. Foi publicado, pela primeira vez, em março de 1968, fruto das fitas de gravação de suas palestras a universitários da ABU (Aliança Bíblica Universitária) na Inglaterra.
Schaeffer talvez seja um personagem pouco compreendido hoje, vulnerável aos estereótipos que simplificam uma figura extraordinária, que deixou um legado importante na formação de líderes em vários continentes. Quanto ao livro, talvez se poderia discordar das “culpas” que ele distribui a certos personagens da história. Porém é preciso reconhecer que ele faz o importante exercício de buscar ler o que está nas entrelinhas, no não dito, sobre como as mentalidades mudam e as implicações dessas mudanças na vivência e na proclamação da fé cristã.
Schaeffer buscava desvendar o pano de fundo histórico das tendências do pensamento moderno. O pensamento humano teria se tornado fatalmente autônomo da revelação bíblica. O ser humano e sua pretensa autonomia estariam agora no centro do conhecimento e da definição da realidade.
Ele foi um profeta de seu tempo e dos tempos que ainda viriam, incluindo o nosso. Quem o conheceu revela-nos que ele era não só um leitor voraz, mas também um profundo conhecedor da cultura popular de sua época, o tipo de pessoa que subia uma montanha para passar horas discutindo com hippies sobre o que norteava suas vidas. Uma pessoa sensível, um coração evangelista, um livro bem-vindo para nos inspirar a seguir a exortação de Edith de que sejamos fiéis e conectados com a nossa própria geração.
Nota:
Esta resenha foi publicada originalmente na seção “Vamos ler” da revista Ultimato 348 (maio-junho/2014).
Saiba mais:
» Francis Schaeffer para o século 21 (Guilherme de Carvalho)
É casado com Ruth e pai de Ana Júlia e Carolina. Integra o corpo pastoral da Igreja Metodista Livre da Saúde, em São Paulo (SP), serve globalmente como secretário adjunto para o engajamento com as Escrituras na IFES (International Fellowship of Evangelical Students) e também apoia a equipe da IFES América Latina.
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