Opinião
- 28 de agosto de 2013
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A midiatização do cotidiano
"As redes sociais aproximam quem está longe mas separam quem está perto". Ouvi essa frase outro dia, e fiquei pensando em minha experiência de internauta do tempo em que a linha era discada e o modem fazia barulhinho: "crriii-crróóó... nham, nham, nham".
Hoje tenho mais de 2.800 "faceamigos" e me encontro menos com os antigos amigos, mais próximos. Se, por um lado, não me esqueço mais dos aniversários, por outro, restrinjo-me a enviar-lhes uma mensagem, e já não vou tanto a festas, hã, presenciais.
Quem responde à crítica acima, diz que as redes sociais não são o problema, mas sim o uso que fazemos delas. O mesmo vale para os aparelhos tipo “smartphones”, “tablets” etc.
Outro dia cruzei com um casal amigo, na calçada. O marido estava com o braço no ombro da esposa, e os dois vinham descendo, devagar, falando ao celular. Cada um no seu. Interromperam a conversa para me cumprimentar. E eu perguntei, em tom de brincadeira: "vocês estão conversando um com o outro?" Não estavam; seria o cúmulo. Mas se perguntei é porque cheguei a ter dúvidas.
Se você procurar no YouTube, achará uma cena, filmada com celular, em que o pastor da igreja interrompe o sermão para atender uma chamada. Ele para o que estava falando e diz: "um momentinho..." Atende o telefone lá do púlpito mesmo. "Alô! Cara, posso te ligar depois? Estou no meio de um sermão. É, estou pregando na minha igreja, brother! Que tipo de crente você é!?" E dá uma piscada conivente para a congregação; centenas de pessoas assistindo à cena. "Não vai à igreja no domingo à noite, não? Tá, depois te ligo! Tá bom, tá bom... Depois... Depois... Depois eu te ligo, meu irmão; deixa eu terminar meu sermão! Ok, Deus te... Deus... Deus te abençoe. Tchau. Bem, irmãos, onde é que eu estava?"
Claro que, na hora em que o celular dele tocou, lá embaixo já havia vinte ligados, prontos para gravar.
Sou da opinião que se deveria importar para o mundo da mídia os dizeres obrigatórios nas embalagens dos remédios: "mantenha-o fora do alcance das crianças; não desaparecendo os sintomas, procure seu médico (ou psicólogo)". E eu ainda acrescentaria: "se seu psiquiatra o atender ao celular, ou ficar distraído durante a consulta, "tapeando" a tela de retina de seu iPad, troque de terapeuta; esse não poderá ajudá-lo; já foi contaminado", kkkk.
Na verdade, eu acho esses recursos midiáticos maravilhosos. Computador, internet, banda larga, tv a cabo, celular, “tablet”, tocador mp3, filmadora digital, com GPS, câmera fotográfica, placa MIDI (para fazer música), placa de captura e edição de vídeo e áudio, impressora etc. Uma maravilha da modernidade. Dessa lista só não tenho ainda o telefone celular. Na verdade, tenho um iPhone G3, mas não instalei o chip da operadora. Acho que ainda não tenho idade para ele.
O fato é que esses recursos não são indicados para “crianças”. Requerem um uso sensato, esteja você a sós ou sentado em uma mesa, com os amigos. Mas em especial, se você estiver ao volante — ou no púlpito.
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Hoje tenho mais de 2.800 "faceamigos" e me encontro menos com os antigos amigos, mais próximos. Se, por um lado, não me esqueço mais dos aniversários, por outro, restrinjo-me a enviar-lhes uma mensagem, e já não vou tanto a festas, hã, presenciais.
Quem responde à crítica acima, diz que as redes sociais não são o problema, mas sim o uso que fazemos delas. O mesmo vale para os aparelhos tipo “smartphones”, “tablets” etc.
Outro dia cruzei com um casal amigo, na calçada. O marido estava com o braço no ombro da esposa, e os dois vinham descendo, devagar, falando ao celular. Cada um no seu. Interromperam a conversa para me cumprimentar. E eu perguntei, em tom de brincadeira: "vocês estão conversando um com o outro?" Não estavam; seria o cúmulo. Mas se perguntei é porque cheguei a ter dúvidas.
Se você procurar no YouTube, achará uma cena, filmada com celular, em que o pastor da igreja interrompe o sermão para atender uma chamada. Ele para o que estava falando e diz: "um momentinho..." Atende o telefone lá do púlpito mesmo. "Alô! Cara, posso te ligar depois? Estou no meio de um sermão. É, estou pregando na minha igreja, brother! Que tipo de crente você é!?" E dá uma piscada conivente para a congregação; centenas de pessoas assistindo à cena. "Não vai à igreja no domingo à noite, não? Tá, depois te ligo! Tá bom, tá bom... Depois... Depois... Depois eu te ligo, meu irmão; deixa eu terminar meu sermão! Ok, Deus te... Deus... Deus te abençoe. Tchau. Bem, irmãos, onde é que eu estava?"
Claro que, na hora em que o celular dele tocou, lá embaixo já havia vinte ligados, prontos para gravar.
Sou da opinião que se deveria importar para o mundo da mídia os dizeres obrigatórios nas embalagens dos remédios: "mantenha-o fora do alcance das crianças; não desaparecendo os sintomas, procure seu médico (ou psicólogo)". E eu ainda acrescentaria: "se seu psiquiatra o atender ao celular, ou ficar distraído durante a consulta, "tapeando" a tela de retina de seu iPad, troque de terapeuta; esse não poderá ajudá-lo; já foi contaminado", kkkk.
Na verdade, eu acho esses recursos midiáticos maravilhosos. Computador, internet, banda larga, tv a cabo, celular, “tablet”, tocador mp3, filmadora digital, com GPS, câmera fotográfica, placa MIDI (para fazer música), placa de captura e edição de vídeo e áudio, impressora etc. Uma maravilha da modernidade. Dessa lista só não tenho ainda o telefone celular. Na verdade, tenho um iPhone G3, mas não instalei o chip da operadora. Acho que ainda não tenho idade para ele.
O fato é que esses recursos não são indicados para “crianças”. Requerem um uso sensato, esteja você a sós ou sentado em uma mesa, com os amigos. Mas em especial, se você estiver ao volante — ou no púlpito.
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Rubem Amorese é presbítero emérito na Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília. Foi professor na Faculdade Teológica Batista por vinte anos e consultor legislativo no Senado Federal. É autor de, entre outros, Fábrica de Missionários e Ponto Final. Acompanhe seu blog pessoal: ultimato.com.br/sites/amorese.
- Textos publicados: 36 [ver]
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Site: http://www.amorese.com.br
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