Por Escrito
- 29 de setembro de 2017
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A menina que se "perverteu"
Por Lúcia Viana
Nasci em uma família de tradição católica. A caçula de nove irmãos (sete mulheres e dois homens). Posso dizer que somos mineirinhos da gema. Todos nascidos em uma fazenda a 12 km de Pedra do Anta, interior de Minas, com ajuda da parteira dona Chiquinha. Tive uma infância de pé no chão e com muitas brincadeiras. Como meus irmãos, saí da fazenda aos sete anos de idade para estudar em um colégio de freiras em Ponte Nova. Todo o sustento da família vinha do trabalho do meu pai com a suinocultura. Para não ficarmos sozinhos na cidade meus pais contrataram uma senhora, dona Ritinha, para cuidar dos afazeres da casa enquanto estudávamos. Todos os domingos bem cedinho papai e mamãe chegavam para passar o dia com a gente. Não me lembro de um domingo sem irmos todos juntos à missa das dez horas e também visitar meus avós maternos e paternos que moravam na cidade. Dos meus sete anos até aos treze, vivi em Ponte Nova, estudando e praticando esportes. Esse era o meu hobby e das minhas irmãs. Participávamos de todos os campeonatos da escola jogando vôlei, handball e basquete.
Em 1984, mudei-me para Viçosa, pois a maioria dos meus irmãos estava se preparando para o vestibular e outros já tinham ingressado na universidade. Nessa época, minha irmã, Du Carmo, estava namorando Cleuber, um rapaz da Igreja Presbiteriana de Viçosa (IPV), que havia conhecido jogando vôlei. Ela começou a frequentar a igreja e depois de um tempo mais quatro irmãs e uma prima passaram a acompanhá-la.
Em meados de 1984, Dú me deu uma Bíblia de presente – A Bíblia Viva (paráfase) –, que guardo até hoje. Quando comecei a ler, mais vontade eu tinha de continuar lendo, mas não entendia bem. Até que em um domingo, não lembro a data certa, quando minha mãe chegou da fazenda para nos visitar, a chamei ao meu quarto e disse para ela segurando a Bíblia: “Mãe, eu quero ir a um lugar que possam me explicar o que eu estou lendo”. Ela olhou para mim e disse: “Tudo bem, filha”. Fiquei aliviada com suas palavras porque eu não queria magoá-la. Era menos uma filha para acompanhá-la à missa no próximo fim de semana. No outro domingo, comecei a frequentar a IPV com as minhas irmãs. A minha vó paterna, sabendo que suas netas estavam indo à “igreja de crente”, chamou mamãe em Ponte Nova e disse: “Arminda, suas filhas estão se pervertendo!”. Minha mãe, um pouco confusa, saiu dali e procurou um padre para conversar sobre o assunto. Após falar ao padre tudo que estava acontecendo, ele perguntou: “Suas filhas estão melhores ou piores?”. Ela disse: “Na verdade, melhores”. E ele respondeu: “Então, fique tranquila”. Até hoje sou grata a Deus por ter usado esse padre para aconselhar a minha mãe.
Posso dizer que a minha conversão foi serena e gradual. Em 1984, comecei a frequentar a classe de catecúmenos com as minhas irmãs. Nosso professor foi o pastor Elsson da Silva Moraes, que carinhosamente chamávamos de Revinho, porque já tínhamos o "nosso" querido Revão (o pastor Elben César, in memorian). Nesse processo de aprendizado, contamos também com a ajuda de alguns rapazes da igreja que faziam estudos bíblicos na nossa casa. Esses encontros foram uma bênção, além de aprendermos mais da palavra de Deus, frutificou em namoro para mim e minha irmã Valéria e mais tarde em casamentos.
Em 10 de agosto de 1986, minhas quatro irmãs, minha prima e eu, professamos a nossa fé e fomos batizadas pelo pastor Alceu Cunha. Hoje, louvo a Deus por sua maravilhosa graça que não só me alcançou como também sete de meus irmãos.
• Lúcia Viana é coordenadora de vendas da Editora Ultimato. É esposa do Kléos Júnior e mãe da Júlia.
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O Cão de Caça do Céu e o menino sorriso
Nasci em uma família de tradição católica. A caçula de nove irmãos (sete mulheres e dois homens). Posso dizer que somos mineirinhos da gema. Todos nascidos em uma fazenda a 12 km de Pedra do Anta, interior de Minas, com ajuda da parteira dona Chiquinha. Tive uma infância de pé no chão e com muitas brincadeiras. Como meus irmãos, saí da fazenda aos sete anos de idade para estudar em um colégio de freiras em Ponte Nova. Todo o sustento da família vinha do trabalho do meu pai com a suinocultura. Para não ficarmos sozinhos na cidade meus pais contrataram uma senhora, dona Ritinha, para cuidar dos afazeres da casa enquanto estudávamos. Todos os domingos bem cedinho papai e mamãe chegavam para passar o dia com a gente. Não me lembro de um domingo sem irmos todos juntos à missa das dez horas e também visitar meus avós maternos e paternos que moravam na cidade. Dos meus sete anos até aos treze, vivi em Ponte Nova, estudando e praticando esportes. Esse era o meu hobby e das minhas irmãs. Participávamos de todos os campeonatos da escola jogando vôlei, handball e basquete.
Em 1984, mudei-me para Viçosa, pois a maioria dos meus irmãos estava se preparando para o vestibular e outros já tinham ingressado na universidade. Nessa época, minha irmã, Du Carmo, estava namorando Cleuber, um rapaz da Igreja Presbiteriana de Viçosa (IPV), que havia conhecido jogando vôlei. Ela começou a frequentar a igreja e depois de um tempo mais quatro irmãs e uma prima passaram a acompanhá-la.
Em meados de 1984, Dú me deu uma Bíblia de presente – A Bíblia Viva (paráfase) –, que guardo até hoje. Quando comecei a ler, mais vontade eu tinha de continuar lendo, mas não entendia bem. Até que em um domingo, não lembro a data certa, quando minha mãe chegou da fazenda para nos visitar, a chamei ao meu quarto e disse para ela segurando a Bíblia: “Mãe, eu quero ir a um lugar que possam me explicar o que eu estou lendo”. Ela olhou para mim e disse: “Tudo bem, filha”. Fiquei aliviada com suas palavras porque eu não queria magoá-la. Era menos uma filha para acompanhá-la à missa no próximo fim de semana. No outro domingo, comecei a frequentar a IPV com as minhas irmãs. A minha vó paterna, sabendo que suas netas estavam indo à “igreja de crente”, chamou mamãe em Ponte Nova e disse: “Arminda, suas filhas estão se pervertendo!”. Minha mãe, um pouco confusa, saiu dali e procurou um padre para conversar sobre o assunto. Após falar ao padre tudo que estava acontecendo, ele perguntou: “Suas filhas estão melhores ou piores?”. Ela disse: “Na verdade, melhores”. E ele respondeu: “Então, fique tranquila”. Até hoje sou grata a Deus por ter usado esse padre para aconselhar a minha mãe.
Posso dizer que a minha conversão foi serena e gradual. Em 1984, comecei a frequentar a classe de catecúmenos com as minhas irmãs. Nosso professor foi o pastor Elsson da Silva Moraes, que carinhosamente chamávamos de Revinho, porque já tínhamos o "nosso" querido Revão (o pastor Elben César, in memorian). Nesse processo de aprendizado, contamos também com a ajuda de alguns rapazes da igreja que faziam estudos bíblicos na nossa casa. Esses encontros foram uma bênção, além de aprendermos mais da palavra de Deus, frutificou em namoro para mim e minha irmã Valéria e mais tarde em casamentos.
Em 10 de agosto de 1986, minhas quatro irmãs, minha prima e eu, professamos a nossa fé e fomos batizadas pelo pastor Alceu Cunha. Hoje, louvo a Deus por sua maravilhosa graça que não só me alcançou como também sete de meus irmãos.
• Lúcia Viana é coordenadora de vendas da Editora Ultimato. É esposa do Kléos Júnior e mãe da Júlia.
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