Opinião
- 31 de outubro de 2017
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A juventude dos reformadores: um chamado ao amor intergeracional
Por Davi Lago
Uma das características marcantes da Reforma – mas pouco explorada – é a precocidade dos reformadores. Lutero tinha trinta e quatro anos quando afixou as 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Calvino tinha apenas vinte e sete quando chegou à Genebra e publicou a primeira edição da obra “Institutas da Religião Cristã”. Tyndale tinha trinta e cinco quando completou a tradução do Novo Testamento, em inglês. Cremos que esse lembrete vale uma reflexão bíblica muito útil para nossos dias.
As Escrituras elogiam aspectos da juventude, como a força, a energia, o entusiasmo. A mocidade é idade adequada para carregar pesos, realizar tarefas pesadas: “É bom que o homem suporte o jugo enquanto é jovem” (Lamentações 3.27). Juventude é tempo de empolgação, efervescência de ideias, sonhos de um mundo melhor. Contudo, a Bíblia alerta para os riscos próprios desse período, como excesso de confiança, ignorância, arrogância. Por isso, é necessário que os jovens sejam convertidos a Deus e obedientes à sua Palavra. “Como pode o jovem manter pura a sua conduta? Vivendo de acordo com a tua palavra” (Salmo 119.9).
Outro ponto de equilíbrio é a postura humilde perante os mais velhos, como o apóstolo Pedro alertou: “Da mesma forma, jovens, sujeitem-se aos mais velhos. Sejam todos humildes uns para com os outros, porque ‘Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes’” (1 Pedro 5.5). Se por um lado “a beleza dos jovens está na sua força; a glória dos idosos, nos seus cabelos brancos” (Provérbios 20.29). Esses cabelos brancos, na linguagem bíblica, não surgem de uma hora para outra: “o cabelo grisalho é uma coroa de esplendor, e se obtém mediante uma vida justa” (Provérbios 16.31).
Assim, a Bíblia mostra a importância da coexistência entre as gerações. Os mais velhos não têm força, mas têm experiência; os mais jovens não têm experiência, mas têm força. “Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis” (Eclesiastes 12.1) recomenda o velho pregador. A humildade, esperança e amor intergeracionais são marcas de igrejas genuinamente bíblicas. O fruto do Espírito é paz, amor, domínio próprio também entre as diferentes gerações: uma completa a outra, em amor, com respeito e lucidez.
Nesta época de mídias digitais, vemos jovens que se sentem autorizados a opinar, criticar, ironizar, palpitar acerca de assuntos nos quais não têm autoridade, nem competência. Paulo afirma expressamente que neófitos não podem liderar a igreja do Senhor: “Não se pode ser recém-convertido, para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação em que o caiu o Diabo” (1Timóteo 3.6). Por outro lado, há gente velha na igreja extremamente problemática, sem esperança, insegura em todos os sentidos concebíveis, que age como a serpente rastejando sobre o próprio ventre, oprimindo a próxima geração. Apenas o fato de ser “velho na fé” não é credencial, nem autorização alguma, para ações pecaminosas como a resistência às vozes jovens.
A igreja institucional na época da Reforma estava carregada de tradições humanas, de legalismos. Os pastores haviam se tornado impostores, feiticeiros ávidos em controlar as vidas das pessoas, suas possibilidades, seus recursos.
Neste aniversário de 500 anos da Reforma, lembremo-nos também da importância dos jovens na narrativa bíblica, na história da igreja, nas nossas comunidades locais. Como afirmou o pastor Rick Warren, “há crentes que envelhecem mas não amadurecem”. É necessário ter um testemunho cristão verdadeiro. Servos-líderes não podem ser neófitos, mas podem ser jovens, desde que maduros na fé: “Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza” (1Timóteo 4.12).
Oramos por um Brasil mais justo, por mais amor nas famílias, por corações de filhos convertidos aos corações dos pais e corações dos pais convertidos aos corações dos filhos. Oramos por filhos próximos de suas mães, mães próximas de seus filhos. “Quando Jesus viu sua mãe ali, e, perto dela, o discípulo a quem ele amava, disse à sua mãe: ‘Aí está o seu filho’, e ao discípulo: ‘Aí está a sua mãe’. Daquela hora em diante, o discípulo a recebeu em sua família” (João 19.26-27). Aos pés da cruz as gerações estarão unidas, as famílias serão saradas. Todos nós, velhos e novos, adultos e crianças, precisamos crer Nele! Afinal, “até os jovens se cansam e ficam exaustos, e os moços tropeçam e caem; mas aqueles que esperam no SENHOR renovam as suas forças. Voam alto como águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam” (Isaías 40.30-31). É tempo de trazer à memória aquilo que traz esperança. Nossos dias são breves como o sono, são como a relva que brota e logo murcha e seca. Mas Deus é nosso castelo forte, nosso "refúgio, sempre, de geração em geração" (Salmo 90.1).
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• Davi Lago, pastor batista, mestre em Filosofia do Direito (PUC/MG).
Uma das características marcantes da Reforma – mas pouco explorada – é a precocidade dos reformadores. Lutero tinha trinta e quatro anos quando afixou as 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Calvino tinha apenas vinte e sete quando chegou à Genebra e publicou a primeira edição da obra “Institutas da Religião Cristã”. Tyndale tinha trinta e cinco quando completou a tradução do Novo Testamento, em inglês. Cremos que esse lembrete vale uma reflexão bíblica muito útil para nossos dias.
As Escrituras elogiam aspectos da juventude, como a força, a energia, o entusiasmo. A mocidade é idade adequada para carregar pesos, realizar tarefas pesadas: “É bom que o homem suporte o jugo enquanto é jovem” (Lamentações 3.27). Juventude é tempo de empolgação, efervescência de ideias, sonhos de um mundo melhor. Contudo, a Bíblia alerta para os riscos próprios desse período, como excesso de confiança, ignorância, arrogância. Por isso, é necessário que os jovens sejam convertidos a Deus e obedientes à sua Palavra. “Como pode o jovem manter pura a sua conduta? Vivendo de acordo com a tua palavra” (Salmo 119.9).
Outro ponto de equilíbrio é a postura humilde perante os mais velhos, como o apóstolo Pedro alertou: “Da mesma forma, jovens, sujeitem-se aos mais velhos. Sejam todos humildes uns para com os outros, porque ‘Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes’” (1 Pedro 5.5). Se por um lado “a beleza dos jovens está na sua força; a glória dos idosos, nos seus cabelos brancos” (Provérbios 20.29). Esses cabelos brancos, na linguagem bíblica, não surgem de uma hora para outra: “o cabelo grisalho é uma coroa de esplendor, e se obtém mediante uma vida justa” (Provérbios 16.31).
Assim, a Bíblia mostra a importância da coexistência entre as gerações. Os mais velhos não têm força, mas têm experiência; os mais jovens não têm experiência, mas têm força. “Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis” (Eclesiastes 12.1) recomenda o velho pregador. A humildade, esperança e amor intergeracionais são marcas de igrejas genuinamente bíblicas. O fruto do Espírito é paz, amor, domínio próprio também entre as diferentes gerações: uma completa a outra, em amor, com respeito e lucidez.
Nesta época de mídias digitais, vemos jovens que se sentem autorizados a opinar, criticar, ironizar, palpitar acerca de assuntos nos quais não têm autoridade, nem competência. Paulo afirma expressamente que neófitos não podem liderar a igreja do Senhor: “Não se pode ser recém-convertido, para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação em que o caiu o Diabo” (1Timóteo 3.6). Por outro lado, há gente velha na igreja extremamente problemática, sem esperança, insegura em todos os sentidos concebíveis, que age como a serpente rastejando sobre o próprio ventre, oprimindo a próxima geração. Apenas o fato de ser “velho na fé” não é credencial, nem autorização alguma, para ações pecaminosas como a resistência às vozes jovens.
A igreja institucional na época da Reforma estava carregada de tradições humanas, de legalismos. Os pastores haviam se tornado impostores, feiticeiros ávidos em controlar as vidas das pessoas, suas possibilidades, seus recursos.
Neste aniversário de 500 anos da Reforma, lembremo-nos também da importância dos jovens na narrativa bíblica, na história da igreja, nas nossas comunidades locais. Como afirmou o pastor Rick Warren, “há crentes que envelhecem mas não amadurecem”. É necessário ter um testemunho cristão verdadeiro. Servos-líderes não podem ser neófitos, mas podem ser jovens, desde que maduros na fé: “Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza” (1Timóteo 4.12).
Oramos por um Brasil mais justo, por mais amor nas famílias, por corações de filhos convertidos aos corações dos pais e corações dos pais convertidos aos corações dos filhos. Oramos por filhos próximos de suas mães, mães próximas de seus filhos. “Quando Jesus viu sua mãe ali, e, perto dela, o discípulo a quem ele amava, disse à sua mãe: ‘Aí está o seu filho’, e ao discípulo: ‘Aí está a sua mãe’. Daquela hora em diante, o discípulo a recebeu em sua família” (João 19.26-27). Aos pés da cruz as gerações estarão unidas, as famílias serão saradas. Todos nós, velhos e novos, adultos e crianças, precisamos crer Nele! Afinal, “até os jovens se cansam e ficam exaustos, e os moços tropeçam e caem; mas aqueles que esperam no SENHOR renovam as suas forças. Voam alto como águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam” (Isaías 40.30-31). É tempo de trazer à memória aquilo que traz esperança. Nossos dias são breves como o sono, são como a relva que brota e logo murcha e seca. Mas Deus é nosso castelo forte, nosso "refúgio, sempre, de geração em geração" (Salmo 90.1).
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