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- 20 de julho de 2007
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A Igreja de Cristo é uma só
Um ano depois de eu ter fundado o tablóide Ultimato (hoje revista Ultimato), um gerente de banco, católico, meu vizinho e amigo, deu-me de presente o livro Compêndio do Vaticano II (Vozes, 1967). Ele pretendia me passar as boas notícias da abertura da Igreja, sob o pontificado do papa João XXIII, para com os protestantes, a partir de então chamados de “irmãos separados”.
Lá estava o decreto Unitatis Redintegratio, sobre o ecumenismo, aprovado no dia 21 de novembro de 1964 (p. 309-332). Vale a pena destacar este pronunciamento: “Os católicos, devidamente preparados, devem adquirir um melhor conhecimento da doutrina e da história, da vida espiritual e litúrgica, da psicologia religiosa e da cultura que são próprias aos irmãos [separados]” (p. 320).
A aproximação dos católicos com os “irmãos separados” foi muito cuidadosa. A Igreja Católica Romana não abriu mão de sua exclusividade ao correr do concílio realizado de outubro de 1962 a dezembro de 1965. No mesmo Compêndio Vaticano II lê-se que a Igreja de Cristo, “constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele, embora fora de sua visível estrutura se encontrem vários elementos de santificação e verdade” (p. 47). Na declaração Dignitatis Humanae, sobre a liberdade religiosa, o Vaticano II deixa claro que “é nossa fé que essa única verdadeira religião se encontra na Igreja Católica e Apostólica” (p. 600).
Tudo isso impede que chamemos necessariamente de “retrocesso” o recente e infeliz pronunciamento do atual papa. Podemos chamar de retrocesso a volta da missa em latim, mas não a reafirmação mais explícita de Bento XVI de que a Igreja Católica Romana é a única igreja de Cristo. O papa Bonifácio VII já o dizia em 1302: “Declaramos, dizemos e determinamos que cada criatura humana deve se submeter à autoridade do Pontífice de Roma, para sua salvação”. Cinco séculos e meio depois, em 1864, Pio IX repetiu: “Não há salvação fora da Igreja de Deus [a católica]” porque “a Igreja Católica é a única verdadeira religião”.
É preciso fazer distinção entre Igreja com “I” maiúsculo e igreja com “i” minúsculo. A primeira é a Igreja de Jesus, da qual fazem parte todos os pecadores que se confessam pecadores e buscam a salvação pela maravilhosa graça de Deus e mediante a fé no sacrifício expiatório e na ressurreição de Jesus Cristo. Esses pecadores feitos justos podem estar no seio da igreja católica, das igrejas orientais, das igrejas da Reforma e das igrejas pentecostais e neopentecostais, e até mesmo fora das igrejas. A Igreja de Jesus (Mt 16.18) tem outros nomes muito solenes: a Noiva de Cristo, o Corpo de Cristo, Igreja Gloriosa, Igreja Triunfante, Igreja Invisível (só Deus sabe quais são os salvos).
Estou de pleno acordo: a Igreja de Cristo é uma só. Mas não é definitivamente a igreja governada pelo papa e pelos “bispos em comunhão com ele”. Nem a igreja reformada da qual sou pastor há mais de cinqüenta anos.
Leia o que Ultimato publicou sobre o assunto
• Não ao analfabetismo bíblico, entrevista com Harold Segura, ed. 307
• Para que sejam um: breve panorama do movimento ecumênico, ed. 300
• Ecumenismo — a posição da revista Ultimato, ed. 260
Leia o livro
• A Caminhada Cristã na História, Alderi Souza de Matos
Para receber Ultimato em casa, assine aqui.
Lá estava o decreto Unitatis Redintegratio, sobre o ecumenismo, aprovado no dia 21 de novembro de 1964 (p. 309-332). Vale a pena destacar este pronunciamento: “Os católicos, devidamente preparados, devem adquirir um melhor conhecimento da doutrina e da história, da vida espiritual e litúrgica, da psicologia religiosa e da cultura que são próprias aos irmãos [separados]” (p. 320).
A aproximação dos católicos com os “irmãos separados” foi muito cuidadosa. A Igreja Católica Romana não abriu mão de sua exclusividade ao correr do concílio realizado de outubro de 1962 a dezembro de 1965. No mesmo Compêndio Vaticano II lê-se que a Igreja de Cristo, “constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele, embora fora de sua visível estrutura se encontrem vários elementos de santificação e verdade” (p. 47). Na declaração Dignitatis Humanae, sobre a liberdade religiosa, o Vaticano II deixa claro que “é nossa fé que essa única verdadeira religião se encontra na Igreja Católica e Apostólica” (p. 600).
Tudo isso impede que chamemos necessariamente de “retrocesso” o recente e infeliz pronunciamento do atual papa. Podemos chamar de retrocesso a volta da missa em latim, mas não a reafirmação mais explícita de Bento XVI de que a Igreja Católica Romana é a única igreja de Cristo. O papa Bonifácio VII já o dizia em 1302: “Declaramos, dizemos e determinamos que cada criatura humana deve se submeter à autoridade do Pontífice de Roma, para sua salvação”. Cinco séculos e meio depois, em 1864, Pio IX repetiu: “Não há salvação fora da Igreja de Deus [a católica]” porque “a Igreja Católica é a única verdadeira religião”.
É preciso fazer distinção entre Igreja com “I” maiúsculo e igreja com “i” minúsculo. A primeira é a Igreja de Jesus, da qual fazem parte todos os pecadores que se confessam pecadores e buscam a salvação pela maravilhosa graça de Deus e mediante a fé no sacrifício expiatório e na ressurreição de Jesus Cristo. Esses pecadores feitos justos podem estar no seio da igreja católica, das igrejas orientais, das igrejas da Reforma e das igrejas pentecostais e neopentecostais, e até mesmo fora das igrejas. A Igreja de Jesus (Mt 16.18) tem outros nomes muito solenes: a Noiva de Cristo, o Corpo de Cristo, Igreja Gloriosa, Igreja Triunfante, Igreja Invisível (só Deus sabe quais são os salvos).
Estou de pleno acordo: a Igreja de Cristo é uma só. Mas não é definitivamente a igreja governada pelo papa e pelos “bispos em comunhão com ele”. Nem a igreja reformada da qual sou pastor há mais de cinqüenta anos.
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• Não ao analfabetismo bíblico, entrevista com Harold Segura, ed. 307
• Para que sejam um: breve panorama do movimento ecumênico, ed. 300
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Elben Magalhães Lenz César foi o fundador da Editora Ultimato e redator da revista Ultimato até a sua morte, em outubro de 2016. Fundador do Centro Evangélico de Missões e pastor emérito da Igreja Presbiteriana de Viçosa (IPV), é autor de, entre outros, Por Que (Sempre) Faço o Que Não Quero?, Refeições Diárias com Jesus, Mochila nas Costas e Diário na Mão, Para (Melhor) Enfrentar o Sofrimento, Conversas com Lutero, Refeições Diárias com os Profetas Menores, A Pessoa Mais Importante do Mundo, História da Evangelização do Brasil e Práticas Devocionais. Foi casado por sessenta anos com Djanira Momesso César, com quem teve cinco filhas, dez netos e quatro bisnetos.
- Textos publicados: 116 [ver]
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