Opinião
- 24 de abril de 2018
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A evangélica opção preferencial por Jesus
Por Luiz Fernando dos Santos
“Pois os pobres vocês sempre terão consigo, mas a mim vocês nem sempre terão” (Mt 26.11).
A Igreja na América Latina durante muitos anos militou com o discurso e a práxis ministerial sob o lema: “A Evangélica Opção Preferencial Pelos Pobres”. Toda reflexão teológica e todo engajamento pastoral tinha em seu centro a pessoa do pobre como lugar teológico do encontro com Cristo e a partir daí a proclamação do Evangelho. À luz disso, a missão da igreja consistia em alinhar-se com as lideranças populares e os movimentos sociais, fazendo-se voz profética na luta por libertação das forças opressoras que impediam os pobres do pleno acesso à justiça, dignidade e protagonismo na história.
Quando lemos o Antigo Testamento vemos que a preocupação e o cuidado com os pobres estão no centro da ética que decorre da Lei Moral. Promover a justiça, lutar contra a opressão e prover o socorro dos vulneráveis está presente em todo o Antigo Testamento. Os profetas levantaram a sua voz e condenaram a exploração do pobre e a iniquidade dos ricos, bem como a prevaricação dos juízes em favor dos poderosos na demanda dos fracos (ÊX 23. 6).
Nos Evangelhos Jesus Cristo colocou o pobre no centro do seu programa ministerial em Lc 4.18 e convidou os seus discípulos a se engajarem pessoalmente no socorro dos necessitados: “dá-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14.16). A igreja primitiva aceitou o convite do seu Mestre e na dinâmica de sua vida como registrado em Atos 2.42 ss., ou na organização de seus serviços, Atos 6, os pobres jamais foram esquecidos. Assim, desde as Escrituras e por toda a história da Igreja, os pobres sempre ocuparam um lugar privilegiado no coração da comunidade de fé.
>> A Igreja, o País e o Mundo <<
Entretanto, não foi sem tensões e defecções que essa realidade foi assumida pela igreja. Na Europa e nos Estados Unidos a partir do fim do século XVIII a ideia do pobre e da justiça ganhou novos contornos e o que se viu a partir daí foi o surgimento do Evangelho Social, uma deturpação do Evangelho que reduziu a proclamação e a missão à luta por justiça social e a implementação de mecanismos de socorro, reivindicação e transformação da sociedade. A conversão e santificação pessoal, a adoração pública e comunitária era relegada aos cristãos chamados de alienados ou desencarnados, esfriando assim a piedade.
Voltando a América Latina (ao terceiro mundo em geral), essa viu surgirem a Teologia da Libertação, na seara católica e a Teologia da Esperança, na seara evangélica. Irmãs siamesas. Essas teologias consistiam numa interpretação bíblica em chave socialista, marxista ou outra matriz das ciências sociais. O pobre passou a ser o centro do Evangelho e a libertação social o escopo da pregação e da missão. O fim das classes sociais seria a própria realização escatológica dos novos céus e da nova Terra. Aqui também a adoração e a missão genuína da igreja sofreram prejuízos e muitos líderes e muitas comunidades foram capituladas por ideologias, inclusive incompatíveis com o Evangelho de Jesus Cristo.
Já vão longe esses dias da Teologia da Libertação e do Evangelho Social. Agora, o pobre e sua libertação não ocupam mais grande parte da reflexão teológica e a práxis da igreja. O “Evangelho do pobre” foi substituído pelas “Boas Novas” da prosperidade. Agora, a solução para a pobreza tem a ver com o milagre da prosperidade, do consumismo e projeção social. Nossa situação hoje, nesse sentido, ainda é pior que os dias da militância em favor da libertação do pobre. O “deus” cultuado em muitas igrejas hoje um dia já atendeu pelo nome de Mamon.
>> Não Perca Jesus de Vista <<
Qualquer opção fundamental ou preferencial que a igreja fizer excluindo Cristo do seu centro, seguramente levará à idolatria. Ainda que haja vestígios bíblicos e sentimentos nobres, no fim das coisas, o coração do crente e da igreja serão levados para muito longe da obediência e do agrado do seu Senhor.
Devemos repensar a nossa opção como cristãos. Porque somos evangélicos nossa única opção deve ser por Jesus e só por Ele. Quando Jesus Cristo estiver no centro de nossa devoção, de nossa adoração, de nossa reflexão e práxis, como cristãos individualmente e como igreja, seguramente o seu Evangelho nos levará inevitavelmente ao encontro do pobre, do vulnerável e do marginalizado. Seremos levados a eles movidos pelo senso da justiça do Reino, pela consciência de nossa missão e responsabilidade como mordomos do Rei, por vivos sentimentos de compaixão e amor fraternos.
Fazendo a “Evangélica opção por Jesus Cristo”, o teremos como o maior tesouro de nossas vidas, o bem mais precioso, a ponto de não mais andar atrás de projetos egoístas e vaidosos, mas com gratidão no coração, em tudo supridos, obedeceremos ao Senhor: “Erga a voz e julgue com justiça; defenda os direitos dos pobres e dos necessitados" (Pv 31.9). “Livrem os fracos e os pobres; libertem-nos das mãos dos ímpios” (Sl 82.4).
Leia mais
>> Compromisso com Cristo
>> A luta pela justiça social tem respaldo bíblico?
“Pois os pobres vocês sempre terão consigo, mas a mim vocês nem sempre terão” (Mt 26.11).
A Igreja na América Latina durante muitos anos militou com o discurso e a práxis ministerial sob o lema: “A Evangélica Opção Preferencial Pelos Pobres”. Toda reflexão teológica e todo engajamento pastoral tinha em seu centro a pessoa do pobre como lugar teológico do encontro com Cristo e a partir daí a proclamação do Evangelho. À luz disso, a missão da igreja consistia em alinhar-se com as lideranças populares e os movimentos sociais, fazendo-se voz profética na luta por libertação das forças opressoras que impediam os pobres do pleno acesso à justiça, dignidade e protagonismo na história.
Quando lemos o Antigo Testamento vemos que a preocupação e o cuidado com os pobres estão no centro da ética que decorre da Lei Moral. Promover a justiça, lutar contra a opressão e prover o socorro dos vulneráveis está presente em todo o Antigo Testamento. Os profetas levantaram a sua voz e condenaram a exploração do pobre e a iniquidade dos ricos, bem como a prevaricação dos juízes em favor dos poderosos na demanda dos fracos (ÊX 23. 6).
Nos Evangelhos Jesus Cristo colocou o pobre no centro do seu programa ministerial em Lc 4.18 e convidou os seus discípulos a se engajarem pessoalmente no socorro dos necessitados: “dá-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14.16). A igreja primitiva aceitou o convite do seu Mestre e na dinâmica de sua vida como registrado em Atos 2.42 ss., ou na organização de seus serviços, Atos 6, os pobres jamais foram esquecidos. Assim, desde as Escrituras e por toda a história da Igreja, os pobres sempre ocuparam um lugar privilegiado no coração da comunidade de fé.
>> A Igreja, o País e o Mundo <<
Entretanto, não foi sem tensões e defecções que essa realidade foi assumida pela igreja. Na Europa e nos Estados Unidos a partir do fim do século XVIII a ideia do pobre e da justiça ganhou novos contornos e o que se viu a partir daí foi o surgimento do Evangelho Social, uma deturpação do Evangelho que reduziu a proclamação e a missão à luta por justiça social e a implementação de mecanismos de socorro, reivindicação e transformação da sociedade. A conversão e santificação pessoal, a adoração pública e comunitária era relegada aos cristãos chamados de alienados ou desencarnados, esfriando assim a piedade.
Voltando a América Latina (ao terceiro mundo em geral), essa viu surgirem a Teologia da Libertação, na seara católica e a Teologia da Esperança, na seara evangélica. Irmãs siamesas. Essas teologias consistiam numa interpretação bíblica em chave socialista, marxista ou outra matriz das ciências sociais. O pobre passou a ser o centro do Evangelho e a libertação social o escopo da pregação e da missão. O fim das classes sociais seria a própria realização escatológica dos novos céus e da nova Terra. Aqui também a adoração e a missão genuína da igreja sofreram prejuízos e muitos líderes e muitas comunidades foram capituladas por ideologias, inclusive incompatíveis com o Evangelho de Jesus Cristo.
Já vão longe esses dias da Teologia da Libertação e do Evangelho Social. Agora, o pobre e sua libertação não ocupam mais grande parte da reflexão teológica e a práxis da igreja. O “Evangelho do pobre” foi substituído pelas “Boas Novas” da prosperidade. Agora, a solução para a pobreza tem a ver com o milagre da prosperidade, do consumismo e projeção social. Nossa situação hoje, nesse sentido, ainda é pior que os dias da militância em favor da libertação do pobre. O “deus” cultuado em muitas igrejas hoje um dia já atendeu pelo nome de Mamon.
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Qualquer opção fundamental ou preferencial que a igreja fizer excluindo Cristo do seu centro, seguramente levará à idolatria. Ainda que haja vestígios bíblicos e sentimentos nobres, no fim das coisas, o coração do crente e da igreja serão levados para muito longe da obediência e do agrado do seu Senhor.
Devemos repensar a nossa opção como cristãos. Porque somos evangélicos nossa única opção deve ser por Jesus e só por Ele. Quando Jesus Cristo estiver no centro de nossa devoção, de nossa adoração, de nossa reflexão e práxis, como cristãos individualmente e como igreja, seguramente o seu Evangelho nos levará inevitavelmente ao encontro do pobre, do vulnerável e do marginalizado. Seremos levados a eles movidos pelo senso da justiça do Reino, pela consciência de nossa missão e responsabilidade como mordomos do Rei, por vivos sentimentos de compaixão e amor fraternos.
Fazendo a “Evangélica opção por Jesus Cristo”, o teremos como o maior tesouro de nossas vidas, o bem mais precioso, a ponto de não mais andar atrás de projetos egoístas e vaidosos, mas com gratidão no coração, em tudo supridos, obedeceremos ao Senhor: “Erga a voz e julgue com justiça; defenda os direitos dos pobres e dos necessitados" (Pv 31.9). “Livrem os fracos e os pobres; libertem-nos das mãos dos ímpios” (Sl 82.4).
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>> Compromisso com Cristo
>> A luta pela justiça social tem respaldo bíblico?
Luiz Fernando dos Santos (1970-2022), foi ministro presbiteriano e era casado com Regina, pai da Talita e professor de teologia no Seminário Presbiteriano do Sul e no Seminário Teológico Servo de Cristo.
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Ricardo Barbosa