Opinião
- 14 de janeiro de 2021
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A desonestidade acadêmica durante a pandemia
Por Paulo F. Ribeiro e Frans L. Schalkwijk
Como combater a desonestidade entre alunos universitários que se tornarão os futuros profissionais do nosso país? Confesso que não tenho a menor ideia, e fico chocado cada vez que escuto os muitos relatos de tentativas de ludibriar e enganar o sistema de avaliação.
E esses casos não são apenas de alunos de graduação. Essa semana uma pessoa conhecida me pediu a quem deveria fazer uma denuncia na minha universidade com relação a um estudante que a contatou pra fazer uma prova para admissão em um programa de mestrado. Pessoalmente já tive um aluno de mestrado submetendo um trabalho final de curso no qual ele simplesmente substituiu o nome do autor com o nome dele e pensou que não seria pego.
É importante afirmar que grande parte dos estudantes são diligentes, dedicados e entusiasmados em aprender por aprender, e é um dos maiores prazeres e recompensas para o professor. Pessoalmente tenho sido muito abençoado por tais estudantes, os quais me dão energias renovadas a cada semestre para continuar.
Por outro lado, não é difícil imaginar o que há de errado com a nossa cultura quando todo dia ouvimos sobre corrupção em todos os níveis da vida pública e privada.
Parece que continuamente muitos desses esquecem que integridade, uma virtude fundamental para uma vida honesta, é fazer a coisa certa, mesmo quando ninguém está olhando. Esquecem-se do conselho de Sócrates: “A vida não examinada não vale a pena viver.”
E isso não é coisa nova e nem da nossa cultura apenas. Um professor da universidade de Oxford descreveu assim o seu primeiro encontro com um desses inescrupulosos:
“Só uma vez detectei um aluno me oferecendo como seu o trabalho de outra pessoa. Disse-lhe que não era detetive, nem supervisor, nem enfermeiro, e que me recusava terminantemente a tomar qualquer precaução contra esse truque pueril; que em breve ele iria pensar que seria minha responsabilidade cuidar para que ele lavasse atrás das orelhas ou enxugasse o seu traseiro. Ele deixou minha sala imediatamente e eu nunca mais o vi. Acho que a universidade deveria fazer um anúncio geral com relação a esse tipo de atitude. É ruim para eles pensarem que é nossa responsabilidade pegá-los. Devemos puni-los severamente se acontecer de detectá-los; mas não podemos deixar que eles sintam que nós somos a proteção contra os efeitos de sua própria ociosidade. O que me deixa perplexo é como qualquer pessoa pode preferir o trabalho escravo de galera de transcrição do trabalho de outrem ao trabalho de um ser livre para tentar uma tarefa por conta própria.”
O perigo é que, uma vez que esse princípio fatal de desonestidade é permitido no departamento acadêmico, ele vai mais cedo ou mais tarde se infiltrar em todas as áreas das vidas desses indivíduos, e nossa sociedade estará morrendo interiormente, e ninguém ousará nem mesmo dizer: “infelizmente”. O vírus da desonestidade acadêmica é mais fatal do que o da Covid-19.
Finalmente, gostaria de dizer que é importante crescer e aprender a lutar pelo que se deseja. Abandonar quaisquer vícios infantis que ainda restem. Esse tipo de ação nefasta não pode ser preferível ao sublime prazer de descobrir, criar, imaginar, e experimentar a maravilha do aprender! O aprendizado real ocorre quando nos deparamos como algo novo. Em geral é uma luta para a qual não estamos normalmente preparados, uma mudança no ritmo dos nossos pensamentos e ações. Mas o esforço vale muito a pena. É quando não temos mais temor de errar, de nos ajustar, de crescer. Nos tornamos diferentes ao começarmos realmente a aprender. É principalmente nisso que a Universidade poderá lhe ensinar muito!
As seguintes observações se aplicam apenas àqueles que professam ser cristãos:
Para ajudar os estudantes ao fazerem os testes online, sempre coloco a palavra pistós (que significa “fiel”) no inicio do teste e nas perguntas:
a) Você foi fiel durante este teste?
b) Você será fiel na avaliação do resultado?
Dessa forma o estudante vai ser lembrado duas vezes da palavra grega pistós, fiel. No início, para prometer que vai ser fiel no teste e, no fim, se foi de fato pistós.
Sem dúvida, é importante que o estudante alcance uma nota boa, mas é muito mais importante que seja fiel. Agora, algumas pessoas não têm problemas com isto, mas outras sim. Se você não tiver dificuldades neste ponto, não se orgulhe, só dê graças a Deus e preste atenção porque o diabo quer derrubar você com outra coisa.
Mas vamos aprender mais e mais a sermos fiéis, também nas coisas pequenas. Um dos versículos bíblicos referentes a fidelidade nos fala: “O que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (pistós, 1Co 4:2). E o Senhor Jesus mesmo nos lembrou disso naquela parábola dos talentos (Mt 25:21). O autor da carta aos Hebreus escreve que Jesus foi fiel em toda a sua casa (Hb 3:1-6). Ainda, no fim da Palavra de Deus, o Senhor nos lembra de sermos fiéis até a morte (Ap 2:10). E não é o próprio nome dEle, o FIEL (Ap 19:11)? Se o Senhor Jesus voltasse hoje, o mais importante seria se Ele nos achasse fazendo nosso teste fielmente (Mt 24:45,46).
Claro que é importante que você alcance uma nota boa, mas isto depende muito de dos seus talentos, inclusive da sua memória. Uns possuem uma memória quase fotográfica, outros têm a maior dificuldade de se lembrar de certas informações.
Um jovem terá mais facilidade de lembrar-se das coisas do que uma pessoa mais madura; mas esta, por outro lado, entende muito mais o relacionamento dos acontecimentos e os motivos atrás deles. Por isso, não se desanime quando não conseguir uma nota boa de vez. Estude de novo, e peça uma outra oportunidade. Mas seja fiel! Melhor uma nota 4 com fidelidade do que nota 10 com “fila”.
Quer ser fiel? Diga: ‘Sim, pela graça de Deus, serei fiel.’ Isso vai ajudar não somente nesses testes chatos, mas em muitas outras situações da vida (cf Gn 39:9; Ml 2:15b).
Que todos sejamos fieis.
• Paulo F. Ribeiro - Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de Manchester, na Inglaterra, foi Professor em Universidades nos Estados Unidos, Nova Zelândia e Holanda, e Pesquisador em Centros de Pesquisa (EPRI, NASA). Atualmente é Professor Titular Livre na Universidade Federal de Itajubá, MG. É originário do Vale do Pajeú e torcedor do Santa Cruz.
• Francisco Leonardo Schalkwijk mora na Holanda com sua esposa Margarida, com quem serviu como missionário no Brasil por quase 40 anos. É doutor em história e pastor emérito da Igreja Evangélica Reformada. É autor de Confissão de Um Peregrino, "Igreja e Estado no Brasil Holandês, 1630 - 1654" e da gramática grega Coine.
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Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de Manchester, na Inglaterra, foi Professor em Universidades nos Estados Unidos, Nova Zelândia e Holanda, e Pesquisador em Centros de Pesquisa (EPRI, NASA). Atualmente é Professor Titular Livre na Universidade Federal de Itajubá, MG. É originário do Vale do Pajeú e torcedor do Santa Cruz.
>> http://lattes.cnpq.br/2049448948386214
>> https://scholar.google.com/citations?user=38c88BoAAAAJ&hl=en&oi=ao
Pesquisa publicada recentemente aponta os cientistas destacados entre o “top” 2% dos pesquisadores de maior influência no mundo, nas diversas áreas do conhecimento. Destes, 600 cientistas são de Instituições Brasileiras. O Professor Paulo F. Ribeiro foi incluído nesta lista relacionado a área de Engenharia Elétrica.
>> http://lattes.cnpq.br/2049448948386214
>> https://scholar.google.com/citations?user=38c88BoAAAAJ&hl=en&oi=ao
Pesquisa publicada recentemente aponta os cientistas destacados entre o “top” 2% dos pesquisadores de maior influência no mundo, nas diversas áreas do conhecimento. Destes, 600 cientistas são de Instituições Brasileiras. O Professor Paulo F. Ribeiro foi incluído nesta lista relacionado a área de Engenharia Elétrica.
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