Opinião
- 10 de fevereiro de 2009
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A crise do capitalismo global e o sistema de crença evangélico brasileiro hoje
Anderson Clayton
Para muitos intelectuais, talvez não seja claro a relação entre fenômenos macrossociais, como a crise do capitalismo global que se iniciou em setembro de 2008, e realidades intrapsíquicas (subjetividade humana) mantidas por crenças operantes, quer sejam estas funcionais ou disfuncionais.
No entanto, seria difícil entender a dinâmica do crescimento neopentecostal sem esta compreensão, que se preconiza na psicologia do discurso evangélico, cujo propósito parece ser claro: alterar a autocompreensão das pessoas que postulam a fé (em sua dimensão prospectiva) e vivem num mundo prenhe de incertezas.
Aliás, a “vida líquida” (Zygmunt Bauman), como característica ontológica que figura o horizonte social da globalização, é marcada sociologicamente por uma realidade com implicação dramática na subjetividade humana, a saber: a instabilidade psicossocial. Nesta, se preconizam algumas crises que parecem muito comuns para os brasileiros como um todo e, em particular, para o público evangélico de confissão neopentecostal: crise de identidade social, crise de empregabilidade, crise de perspectividade, entre outras.
A política de mercado livre, já nos falava John Gray, gera instabilidade nas sociedades capitalistas como um todo. A atual crise do sistema financeiro internacional não só confirma a análise de Gray, como também descortina um horizonte repleto de incertezas. Por isso se fala de uma crise financeira que afeta negativamente o capitalismo de mercado (gera escassez de crédito).
Com esta crise, a prática do consumo está sendo reduzida nos países que entraram numa recessão econômica, gerando preocupações que levaram muitos economistas a fazerem uma interpretação pessimista do cenário econômico mundial para os próximos anos. A crise do sistema financeiro produziu uma retração econômica no mercado, o que tem levado alguns países a um processo de desaceleração econômica.
Existem implicações para a subjetividade humana num cenário socioeconômico em que figura tal realidade de crise financeira no capitalismo contemporâneo?
A instabilidade social, produzida por uma crise macroeconômica, pode ser verificada na tendência crescente de desempregabilidade nos países de economia desenvolvida e em desenvolvimento. Quanto maior é a incerteza no mercado, mais frágil se configurará o cenário de empregabilidade nos países de economia de capitalista. A lógica de exclusão se verifica algoz na cadeia epifânica do fenômeno social: desemprego e a não-participação efetiva no mercado de consumo.
Entretanto, existe uma implicação psicológica que se desencadeia neste fenômeno social: a produção de crenças disfuncionais de desamparabilidade econômica. A não-participação efetiva numa sociedade de consumidores produz deformações na subjetividade que se constrói na autoimagem das pessoas consideradas não-produtivas: quem não produz, não pode consumir.
Porém, não é o simples consumo que as pessoas buscam na prática de consumir. De acordo com Bauman, há um dispositivo de hedonização da vida presente na cultura do consumo. A prática do consumo produz sua síndrome, e esta, uma vez reativada, torna o consumo uma realidade que potencializa a dinâmica libidinosa da “economia do prazer”. Daí o prazer pelo consumo ser definido por alguns intelectuais como sendo a expressão compulsiva de um ego tomado pela síndrome do consumismo.
Para muitos intelectuais, talvez não seja claro a relação entre fenômenos macrossociais, como a crise do capitalismo global que se iniciou em setembro de 2008, e realidades intrapsíquicas (subjetividade humana) mantidas por crenças operantes, quer sejam estas funcionais ou disfuncionais.
No entanto, seria difícil entender a dinâmica do crescimento neopentecostal sem esta compreensão, que se preconiza na psicologia do discurso evangélico, cujo propósito parece ser claro: alterar a autocompreensão das pessoas que postulam a fé (em sua dimensão prospectiva) e vivem num mundo prenhe de incertezas.
Aliás, a “vida líquida” (Zygmunt Bauman), como característica ontológica que figura o horizonte social da globalização, é marcada sociologicamente por uma realidade com implicação dramática na subjetividade humana, a saber: a instabilidade psicossocial. Nesta, se preconizam algumas crises que parecem muito comuns para os brasileiros como um todo e, em particular, para o público evangélico de confissão neopentecostal: crise de identidade social, crise de empregabilidade, crise de perspectividade, entre outras.
A política de mercado livre, já nos falava John Gray, gera instabilidade nas sociedades capitalistas como um todo. A atual crise do sistema financeiro internacional não só confirma a análise de Gray, como também descortina um horizonte repleto de incertezas. Por isso se fala de uma crise financeira que afeta negativamente o capitalismo de mercado (gera escassez de crédito).
Com esta crise, a prática do consumo está sendo reduzida nos países que entraram numa recessão econômica, gerando preocupações que levaram muitos economistas a fazerem uma interpretação pessimista do cenário econômico mundial para os próximos anos. A crise do sistema financeiro produziu uma retração econômica no mercado, o que tem levado alguns países a um processo de desaceleração econômica.
Existem implicações para a subjetividade humana num cenário socioeconômico em que figura tal realidade de crise financeira no capitalismo contemporâneo?
A instabilidade social, produzida por uma crise macroeconômica, pode ser verificada na tendência crescente de desempregabilidade nos países de economia desenvolvida e em desenvolvimento. Quanto maior é a incerteza no mercado, mais frágil se configurará o cenário de empregabilidade nos países de economia de capitalista. A lógica de exclusão se verifica algoz na cadeia epifânica do fenômeno social: desemprego e a não-participação efetiva no mercado de consumo.
Entretanto, existe uma implicação psicológica que se desencadeia neste fenômeno social: a produção de crenças disfuncionais de desamparabilidade econômica. A não-participação efetiva numa sociedade de consumidores produz deformações na subjetividade que se constrói na autoimagem das pessoas consideradas não-produtivas: quem não produz, não pode consumir.
Porém, não é o simples consumo que as pessoas buscam na prática de consumir. De acordo com Bauman, há um dispositivo de hedonização da vida presente na cultura do consumo. A prática do consumo produz sua síndrome, e esta, uma vez reativada, torna o consumo uma realidade que potencializa a dinâmica libidinosa da “economia do prazer”. Daí o prazer pelo consumo ser definido por alguns intelectuais como sendo a expressão compulsiva de um ego tomado pela síndrome do consumismo.
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