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- 15 de julho de 2020
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A casa dos meus amigos
Um Dia de Cada Vez
Por Lícia Rosalee Santana
É a segunda vez que vivo longe da família. Num dormitório cheio de meninas, dividindo casa ou sozinha num apartamento, tenho vivido os altos e baixos da vida de solteira em diferentes configurações e, no caso dos últimos três anos, com o adendo de morar fora do Brasil, sob as aventuras de estar imersa em outra cultura. Em todos os cenários, entretanto, uma mesma realidade tem marcado a minha história – a casa dos amigos.
A casa dos amigos se tornou o lugar do encontro, do refúgio, do aprendizado, do riso solto. O lugar onde você que estar, aquele programa pelo qual você espera a semana toda, o horizonte para onde você olha quando uma situação irritante ou desafiadora aparece e você simplesmente respira fundo e pensa: “Daqui a pouco vou pra lá e esqueço tudo isso.”
Lembro das tardes geladas de Viçosa, quando ia assistir filme na casa dos amigos, tomar um café com bolo. A tarde em que a mãe-de-primeira-viagem veio pedir meu celular para ligar para sua família no norte do país e contar a grande novidade. A mudança de casa, o apartamento novo, o nascimento da Alice, seu primeiro aniversário, tantos almoços e tardes juntos, tanta conversa, tanta troca.
Tem a casa daquela amiga da adolescência que me presenteou com sua casa muitas e muitas vezes. As conversas de meninas, cheias de sonhos e expectativas, cruzaram as avenidas da faculdade, dos namoros frustrados, da vida adulta batendo à porta. Vinte e oito anos amizade. Agora, com o marido que virou amigão também e com os filhos que me chamam de “tia”, a casa dela ainda me acolhe, e é tão bom ver que os sonhos amadurecem com a gente e que certas amizades nos fazem pessoas melhores.
Recentemente, a casa dos amigos é onde como picanha assada na brasa, regada a muita coca-cola gelada, música, cultura, relacionamento. Lá vejo crescer uma miúda meio brazuca, meio moçambicana, que me encanta por inteiro e me lembra as sobrinhas que deixei no Brasil. É onde cultivo a paz e o aprendizado, onde me alegro e também choro.
Sou grata a Deus por tantas “casas-de-amigos” e por tantos “amigos-casa”, que me permitem fazer morada em suas vidas e me ensinam muito mais do que eles podem supor. Neste espaço de partilha, no sofá ou ao redor da mesa, a casa dos meus amigos é onde gosto de estar e onde aprendo a ser.
• Lícia Rosalee Santana, filha, irmã, tia, professora, missionária, vivendo em Beira, Moçambique desde 2017.
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