Opinião
- 21 de junho de 2024
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A Bíblia, a polarização e a reconciliação
Por Erní Walter Seibert
O título dessa breve reflexão é, na verdade, uma pequena provocação. Num mundo em que tudo só pode ser uma coisa ou outra, a pergunta a respeito da Bíblia ser ou científica, ou negacionista, pode até ser feita por alguém. A lógica da pergunta está na polarização que, a partir da filosofia dialética, parece ter tomado conta de grande parte do pensamento humano. Se não é uma coisa, é outra. Alguém que tem dúvidas sobre algo que é dito científico, pode ser considerado negacionista, por exemplo. A própria ciência não tem esse tipo de radicalismo. A ciência questiona, levanta hipóteses, testa as hipóteses e forma, dessa maneira, suas convicções.
Quando olhamos alguns textos bíblicos, à primeira vista, parece que, aqui e ali, temos o mesmo tipo de pensamento. Em Lucas 11.23, está registrada a palavra de Jesus que disse: “Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.” (NAA). A afirmação de Jesus é exclusivista. Exclusivo é quando alguém exclui todos os demais. No entanto, em outro momento, o mesmo Senhor Jesus diz: “Pois quem não é contra nós é a favor de nós.” (Mc 9.40, NAA). Aqui, a palavra de Jesus é inclusiva. Ou seja, o posicionamento de Jesus é mais profundo do que uma simples polarização.
Indo agora ao tema que o título de nossa reflexão propõe, podemos dizer que a Bíblia não é um livro de ciência, no sentido restrito do tema. A Bíblia tem diversos gêneros literários e nem todo o seu conteúdo pode ser conceituado como um escrito científico. A poesia, por exemplo, que é um dos gêneros mais importantes no texto bíblico, não pode ser considerada a melhor maneira de expor verdades científicas. Isso não significa que o que a Bíblia expõe seja contrário à ciência.
Um Deus de reconciliação
Quando se contrapõe Bíblia e ciência se comete um erro de raciocínio. Bíblia e ciência não estão em contraposição. Em nenhum momento a Bíblia condena a ciência. Ao contrário, a Bíblia talvez seja o texto que mais provocou o ser humano a desenvolver a ciência de maneira positiva. Não é por fruto do acaso que grande parte do desenvolvimento da ciência humana se desenvolveu a partir de instituições de ensino e pesquisa que tinham por base uma visão bíblica. Mas a intenção do texto bíblico não é a de ser um texto científico.
Certamente uma volta ao estudo da Bíblia ajudará a humanidade a ir além da polarização que tanto afeta a vida da sociedade no mundo inteiro. O que o texto bíblico propõe ao ser humano não é a polarização. O apóstolo Paulo afirma na sua segunda carta aos Coríntios, capítulo 5.18-20, diz: “Ora, tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos seres humanos e nos confiando a palavra da reconciliação. Portanto, somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por meio de nós. Em nome de Cristo, pois, pedimos que vocês se reconciliem com Deus.” (NAA). A intenção de Deus não é polarizar, mas reconciliar. A intenção de Deus é reconciliar o ser humano com Deus e reconciliar os seres humanos uns com os outros.
Trocar a polarização pela reconciliação, é uma proposta de paz. Essa mudança na maneira de ver as coisas poderá ajudar em muito o momento atual pelo qual a humanidade está passando. A proposta que a leitura bíblica nos faz é que não fiquemos reduzidos à mera polarização. Temos um ministério da reconciliação que a Bíblia nos propõe. E isso é realmente uma boa notícia.
REVISTA ULTIMATO | OS DESAFIOS ÉTICOS DAS NOVAS TECNOLOGIAS
O avanço da tecnologia nas últimas décadas é maior do que em qualquer outra época da história. Tal aumento se dá em muitas frentes e, mais significativo, confere um caráter tecnológico à vida contemporânea.
Quais são os desafios trazidos por esse avanço? A ética cristã é suficiente para responder aos aspectos relacionados às novas tecnologias? Como a igreja pode atuar nesse cenário tão desafiador?
É disso que trata a matéria de capa da edição 407 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» A Bíblia Toda o Ano Todo – Meditações Diárias de Gênesis a Apocalipse, John Stott
» Ciência e Religião São Compatíveis?, Alvin Plantinga e Daniel C. Dennett
» O Evangelho em uma Sociedade Pluralista, Lessline Newbigin
» A Bíblia não erra. Os leitores, nem tanto, edição 399 de Ultimato
O título dessa breve reflexão é, na verdade, uma pequena provocação. Num mundo em que tudo só pode ser uma coisa ou outra, a pergunta a respeito da Bíblia ser ou científica, ou negacionista, pode até ser feita por alguém. A lógica da pergunta está na polarização que, a partir da filosofia dialética, parece ter tomado conta de grande parte do pensamento humano. Se não é uma coisa, é outra. Alguém que tem dúvidas sobre algo que é dito científico, pode ser considerado negacionista, por exemplo. A própria ciência não tem esse tipo de radicalismo. A ciência questiona, levanta hipóteses, testa as hipóteses e forma, dessa maneira, suas convicções.
Quando olhamos alguns textos bíblicos, à primeira vista, parece que, aqui e ali, temos o mesmo tipo de pensamento. Em Lucas 11.23, está registrada a palavra de Jesus que disse: “Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.” (NAA). A afirmação de Jesus é exclusivista. Exclusivo é quando alguém exclui todos os demais. No entanto, em outro momento, o mesmo Senhor Jesus diz: “Pois quem não é contra nós é a favor de nós.” (Mc 9.40, NAA). Aqui, a palavra de Jesus é inclusiva. Ou seja, o posicionamento de Jesus é mais profundo do que uma simples polarização.
Indo agora ao tema que o título de nossa reflexão propõe, podemos dizer que a Bíblia não é um livro de ciência, no sentido restrito do tema. A Bíblia tem diversos gêneros literários e nem todo o seu conteúdo pode ser conceituado como um escrito científico. A poesia, por exemplo, que é um dos gêneros mais importantes no texto bíblico, não pode ser considerada a melhor maneira de expor verdades científicas. Isso não significa que o que a Bíblia expõe seja contrário à ciência.
Um Deus de reconciliação
Quando se contrapõe Bíblia e ciência se comete um erro de raciocínio. Bíblia e ciência não estão em contraposição. Em nenhum momento a Bíblia condena a ciência. Ao contrário, a Bíblia talvez seja o texto que mais provocou o ser humano a desenvolver a ciência de maneira positiva. Não é por fruto do acaso que grande parte do desenvolvimento da ciência humana se desenvolveu a partir de instituições de ensino e pesquisa que tinham por base uma visão bíblica. Mas a intenção do texto bíblico não é a de ser um texto científico.
Certamente uma volta ao estudo da Bíblia ajudará a humanidade a ir além da polarização que tanto afeta a vida da sociedade no mundo inteiro. O que o texto bíblico propõe ao ser humano não é a polarização. O apóstolo Paulo afirma na sua segunda carta aos Coríntios, capítulo 5.18-20, diz: “Ora, tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos seres humanos e nos confiando a palavra da reconciliação. Portanto, somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por meio de nós. Em nome de Cristo, pois, pedimos que vocês se reconciliem com Deus.” (NAA). A intenção de Deus não é polarizar, mas reconciliar. A intenção de Deus é reconciliar o ser humano com Deus e reconciliar os seres humanos uns com os outros.
Trocar a polarização pela reconciliação, é uma proposta de paz. Essa mudança na maneira de ver as coisas poderá ajudar em muito o momento atual pelo qual a humanidade está passando. A proposta que a leitura bíblica nos faz é que não fiquemos reduzidos à mera polarização. Temos um ministério da reconciliação que a Bíblia nos propõe. E isso é realmente uma boa notícia.
- Erní Walter Seibert, diretor executivo da Sociedade Bíblica do Brasil e Vice-Presidente das Sociedades Bíblicas Unidas.
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O avanço da tecnologia nas últimas décadas é maior do que em qualquer outra época da história. Tal aumento se dá em muitas frentes e, mais significativo, confere um caráter tecnológico à vida contemporânea.
Quais são os desafios trazidos por esse avanço? A ética cristã é suficiente para responder aos aspectos relacionados às novas tecnologias? Como a igreja pode atuar nesse cenário tão desafiador?
É disso que trata a matéria de capa da edição 407 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» A Bíblia Toda o Ano Todo – Meditações Diárias de Gênesis a Apocalipse, John Stott
» Ciência e Religião São Compatíveis?, Alvin Plantinga e Daniel C. Dennett
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