Opinião
- 09 de maio de 2017
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10 questões para repensar o movimento missionário brasileiro
O Movimento Missionário Brasileiro e as Novas Gerações: Reducionismo, Falsas Dicotomias e Novos Desafios
O “Evangelho precisa responder a novas questões que surgem a cada dia como resultado de vivermos em um mundo em transformação”. A afirmação é do missiólogo Marcos Amado, em artigo publicado recentemente no site Martureo. O autor inicia sua reflexão falando do seu entusiasmo com a realização de mais um encontro do Movimento Vocare, que aconteceu de 21 a 23 de abril, em Maringá (PR). Para o missiólogo, o encontro é sinal de que “algo muito especial está acontecendo no Movimento Brasileiro de Missões”.
Entretanto, ao mesmo tempo em que o cenário deixa o autor esperançoso, também trazem à tona algumas preocupações. Após discorrer longamente sobre o modelo tradicional de missões que sua geração herdou e desenvolveu, Marcos Amado propõe que essa visão seja ampliada e atualizada, já que “o modelo missiológico que herdamos na década de 80, seja em relação à nossa atuação no Brasil ou no mundo, nos levava a definir a missão baseados quase que exclusivamente nas passagens da Bíblia que contém ordens claras”. Mas o estudioso afirma que “apenas uma minoria dos versículos bíblicos registram mandamentos ou ordens específicas. Cerca de 60% ou 70% da Bíblia contém histórias, profecias, poesias, cartas, etc. E se nós estamos baseando nossa definição de missões somente nestes 30% onde existem mandamentos, isso quer dizer que você e eu estamos deixando 70% da Bíblia de fora”.
“Ao adotarmos essa postura [...] estamos cometendo um grande equívoco. Corremos o risco de termos uma visão reducionista, além de parcialmente equivocada, sobre quem é o protagonista da missão e sobre a abrangência do desafio que nós temos em nossas mãos. É por essa razão que, para alguns missiólogos, a única forma de você e eu termos uma compreensão correta e equilibrada do que é missão, é também levando em consideração passagens da Bíblia que falam sobre o caráter de Deus e sobre o que Ele está fazendo no mundo”.
Concluindo sua reflexão, o missiólogo afirma que “a liderança do movimento missionário brasileiro precisa ter consciência de que temos em nossas mãos um Evangelho imutável e um Senhor que é o mesmo ontem, hoje e para todo sempre, mas que esse Evangelho precisa responder a novas questões que surgem a cada dia como resultado de vivermos em um mundo em transformação. Isso faz com que mudanças significativas sejam necessárias em nossa forma de pensar, agir e ver a missão, se é que não queremos perder o bonde da história”.
O autor pontua dez questões que considera fundamentais para que, tanto líderes quantos missionários das novas gerações, reflitam neste novo tempo no movimento missionário brasileiro.
1.
Quando enviamos missionários do Brasil para o Oriente Médio, África e Ásia, nossos centros de treinamento estão formando missionários com uma definição reducionista da missão e uma mentalidade que os leva a crer que estão levando Deus para essas regiões. Porém, em algumas dessas regiões a Igreja já existe há 2 mil anos, apesar de toda a dificuldade e perseguição que sofrem. Eles têm líderes bem preparados e não precisam que nossos missionários cheguem crendo que possuem todas as respostas que a Igreja está buscando, mas sim de obreiros brasileiros dispostos a submeterem-se à liderança local, com uma atitude de servo.
2.
Há pouca comunicação e cooperação entre os cristãos do Sul global. Precisamos conhecer melhor a Igreja e o movimento missionário da Nigéria, Egito, Índia, China, etc. e, dessa forma, promover um intercâmbio de ideias, estratégias e recursos que potencializem o trabalho missionário.
3.
Há um grande distanciamento entre as igrejas brasileiras ditas tradicionais e seus centros de treinamento missionário, e o movimento pentecostal. Sem que haja maior colaboração entre cristãos históricos e pentecostais, não estaremos sendo bons mordomos dos recursos que o Senhor colocou em nossas mãos.
4.
Existe a necessidade urgente de uma reavaliação do que deveria ser o treinamento missionário do cristão no século 21. Parece que estamos falando e fazendo a mesma coisa ao longo dos últimos 30 anos. Quais mudanças são necessárias e qual deve ser o conteúdo básico?
5.
No processo de envio do missionário, será que estamos confundindo qual deve ser o papel da igreja, do Seminário Teológico, do Centro de Treinamento Missionário e o da Agência Missionária? Será que é por isso que há tamanha proliferação de pequenas escolas bíblicas e centro de treinamentos, alguns deles com não mais que oito ou dez estudantes, e os mesmos professores dando as mesmas aulas nesses diferentes centros missionários e escolas bíblicas ao redor do Brasil?
6.
Qual deve ser o papel da agência missionária? Será que, sem mudanças significativas em suas propostas, as agências não estão correndo o risco de se tornarem irrelevantes para os jovens vocacionados, devido às grandes mudanças sociais, eclesiásticas e tecnológicas das últimas décadas?
7.
Será que nas nossas pregações e treinamentos missionários não estamos ensinando os cristãos a serem antagônicos em relação a pessoas de outras religiões? Ou seja, em vez de ensinarmos como amar, estamos ensinando como nos defender ou mesmo atacar pessoas de outra religião?
8.
Em 1925 o missiólogo e missionário à Índia Stanley Jones disse que naquela região do mundo o cristianismo estava “indo além das fronteiras da Igreja Cristã”. Hindus estavam aceitando a Cristo como o Senhor de suas vidas, mas sem estar integrados ao que tradicionalmente entendemos por igreja. Isso foi há quase um século! Hoje Deus continua agindo de maneiras incríveis ao redor do mundo. Estamos vendo hindus, muçulmanos, budistas e pessoas de outras religiões rendendo-se aos pés de Cristo de maneiras inusitadas. Será que estamos preparando nossos missionários para aceitarem o que Deus está fazendo?
9.
Será que há espaço para pensarmos num Evangelho ”encarnado” e, ao mesmo tempo, na evangelização e discipulado de todas as etnias ao redor do mundo, sem, com isso, criarmos divisões e discussões sem fim?
10.
O que fazer com a nova onda de colocarmos rótulos tais como direita, esquerda, fundamentalista, liberal, etc.? Será que não conseguimos chegar a um consenso sobre o que significa, na sua essência, ser evangélico, e aceitarmos que podemos divergir em pontos não essenciais? Em outras palavras, será que podemos ter unidade no Movimento Missionário Brasileiro, sem, necessariamente achar que haverá uniformidade, permitindo, assim, olharmos uns para os outros simplesmente como fieis seguidores de Cristo Jesus?
Clique aqui e leia o artigo na íntegra.
Leia mais
A missão integral de Jesus
A missão de Jesus e a nossa missão
Missão Integral - O Reino de Deus e a Igreja [C. René Padilla]
A Missão Cristã no Mundo Moderno [John Stott]
A Mensagem da Missão - A glória de Cristo em todo tempo e espaço [Howard Peskett]
Foto: Slava Bowman/Unsplash.com.
O “Evangelho precisa responder a novas questões que surgem a cada dia como resultado de vivermos em um mundo em transformação”. A afirmação é do missiólogo Marcos Amado, em artigo publicado recentemente no site Martureo. O autor inicia sua reflexão falando do seu entusiasmo com a realização de mais um encontro do Movimento Vocare, que aconteceu de 21 a 23 de abril, em Maringá (PR). Para o missiólogo, o encontro é sinal de que “algo muito especial está acontecendo no Movimento Brasileiro de Missões”.
Entretanto, ao mesmo tempo em que o cenário deixa o autor esperançoso, também trazem à tona algumas preocupações. Após discorrer longamente sobre o modelo tradicional de missões que sua geração herdou e desenvolveu, Marcos Amado propõe que essa visão seja ampliada e atualizada, já que “o modelo missiológico que herdamos na década de 80, seja em relação à nossa atuação no Brasil ou no mundo, nos levava a definir a missão baseados quase que exclusivamente nas passagens da Bíblia que contém ordens claras”. Mas o estudioso afirma que “apenas uma minoria dos versículos bíblicos registram mandamentos ou ordens específicas. Cerca de 60% ou 70% da Bíblia contém histórias, profecias, poesias, cartas, etc. E se nós estamos baseando nossa definição de missões somente nestes 30% onde existem mandamentos, isso quer dizer que você e eu estamos deixando 70% da Bíblia de fora”.
“Ao adotarmos essa postura [...] estamos cometendo um grande equívoco. Corremos o risco de termos uma visão reducionista, além de parcialmente equivocada, sobre quem é o protagonista da missão e sobre a abrangência do desafio que nós temos em nossas mãos. É por essa razão que, para alguns missiólogos, a única forma de você e eu termos uma compreensão correta e equilibrada do que é missão, é também levando em consideração passagens da Bíblia que falam sobre o caráter de Deus e sobre o que Ele está fazendo no mundo”.
Concluindo sua reflexão, o missiólogo afirma que “a liderança do movimento missionário brasileiro precisa ter consciência de que temos em nossas mãos um Evangelho imutável e um Senhor que é o mesmo ontem, hoje e para todo sempre, mas que esse Evangelho precisa responder a novas questões que surgem a cada dia como resultado de vivermos em um mundo em transformação. Isso faz com que mudanças significativas sejam necessárias em nossa forma de pensar, agir e ver a missão, se é que não queremos perder o bonde da história”.
O autor pontua dez questões que considera fundamentais para que, tanto líderes quantos missionários das novas gerações, reflitam neste novo tempo no movimento missionário brasileiro.
1.
Quando enviamos missionários do Brasil para o Oriente Médio, África e Ásia, nossos centros de treinamento estão formando missionários com uma definição reducionista da missão e uma mentalidade que os leva a crer que estão levando Deus para essas regiões. Porém, em algumas dessas regiões a Igreja já existe há 2 mil anos, apesar de toda a dificuldade e perseguição que sofrem. Eles têm líderes bem preparados e não precisam que nossos missionários cheguem crendo que possuem todas as respostas que a Igreja está buscando, mas sim de obreiros brasileiros dispostos a submeterem-se à liderança local, com uma atitude de servo.
2.
Há pouca comunicação e cooperação entre os cristãos do Sul global. Precisamos conhecer melhor a Igreja e o movimento missionário da Nigéria, Egito, Índia, China, etc. e, dessa forma, promover um intercâmbio de ideias, estratégias e recursos que potencializem o trabalho missionário.
3.
Há um grande distanciamento entre as igrejas brasileiras ditas tradicionais e seus centros de treinamento missionário, e o movimento pentecostal. Sem que haja maior colaboração entre cristãos históricos e pentecostais, não estaremos sendo bons mordomos dos recursos que o Senhor colocou em nossas mãos.
4.
Existe a necessidade urgente de uma reavaliação do que deveria ser o treinamento missionário do cristão no século 21. Parece que estamos falando e fazendo a mesma coisa ao longo dos últimos 30 anos. Quais mudanças são necessárias e qual deve ser o conteúdo básico?
5.
No processo de envio do missionário, será que estamos confundindo qual deve ser o papel da igreja, do Seminário Teológico, do Centro de Treinamento Missionário e o da Agência Missionária? Será que é por isso que há tamanha proliferação de pequenas escolas bíblicas e centro de treinamentos, alguns deles com não mais que oito ou dez estudantes, e os mesmos professores dando as mesmas aulas nesses diferentes centros missionários e escolas bíblicas ao redor do Brasil?
6.
Qual deve ser o papel da agência missionária? Será que, sem mudanças significativas em suas propostas, as agências não estão correndo o risco de se tornarem irrelevantes para os jovens vocacionados, devido às grandes mudanças sociais, eclesiásticas e tecnológicas das últimas décadas?
7.
Será que nas nossas pregações e treinamentos missionários não estamos ensinando os cristãos a serem antagônicos em relação a pessoas de outras religiões? Ou seja, em vez de ensinarmos como amar, estamos ensinando como nos defender ou mesmo atacar pessoas de outra religião?
8.
Em 1925 o missiólogo e missionário à Índia Stanley Jones disse que naquela região do mundo o cristianismo estava “indo além das fronteiras da Igreja Cristã”. Hindus estavam aceitando a Cristo como o Senhor de suas vidas, mas sem estar integrados ao que tradicionalmente entendemos por igreja. Isso foi há quase um século! Hoje Deus continua agindo de maneiras incríveis ao redor do mundo. Estamos vendo hindus, muçulmanos, budistas e pessoas de outras religiões rendendo-se aos pés de Cristo de maneiras inusitadas. Será que estamos preparando nossos missionários para aceitarem o que Deus está fazendo?
9.
Será que há espaço para pensarmos num Evangelho ”encarnado” e, ao mesmo tempo, na evangelização e discipulado de todas as etnias ao redor do mundo, sem, com isso, criarmos divisões e discussões sem fim?
10.
O que fazer com a nova onda de colocarmos rótulos tais como direita, esquerda, fundamentalista, liberal, etc.? Será que não conseguimos chegar a um consenso sobre o que significa, na sua essência, ser evangélico, e aceitarmos que podemos divergir em pontos não essenciais? Em outras palavras, será que podemos ter unidade no Movimento Missionário Brasileiro, sem, necessariamente achar que haverá uniformidade, permitindo, assim, olharmos uns para os outros simplesmente como fieis seguidores de Cristo Jesus?
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Ricardo Barbosa