Opinião
- 24 de dezembro de 2021
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Por Taís Machado
A vida é breve. Embora não haja novidade alguma nisso, nem sempre estejamos conscientes disso, e as evidências aparecem no modo como vivemos. A vida é curta, sendo que este pouco tempo varia de pessoa para pessoa, porém, ainda há aqueles que buscam vivê-la de maneira sábia (Sl 90.12), cultivando um coração sensato, bem protegido e cuidado, sabendo que dele procedem as fontes da vida (Pv 4.23).
Parece que uma dica do salmista, é contar os dias, é prestar atenção, observar com acuidade, atentar para o que andamos guardando no coração. Outra maneira de dizer seria: viva mais consciente o tempo que lhe é dado. Ampliar essa consciência exige um certo esforço, alguma disciplina, a compreensão de que isso precisaria ser prioridade se realmente desejamos que isso se dê em nós. Isso não cai do céu, no sentido “mágico”, precisamos trabalhar por isso, abrir espaço em nós para o acolhimento e o discernimento. Mas, claro, cai do céu, como graça, assim como a chuva cai sobre maus e bons, justos e injustos (Mt 5.45). Ou seja, Deus nos dá bondosamente, mas, podemos participar de forma comprometida neste processo, que é, sim, abundante, generoso e surpreendente.
Ao encerrarmos mais um ano, ouvimos frequentemente as frases: “nossa, não vi passar esse ano!”, “este ano voou”, “nem acredito que já estamos fechando mais um ano”. O que isso indica? Será que tem a ver com vivermos muita coisa, com variações de intensidade, mas, nos sentirmos mais atropelados pelos acontecimentos do que refletindo sobre eles? E isso, considerando nossa forte tendência de perceber mais aquilo que está concreto diante de nós, o que podemos tocar, o que conseguimos enxergar. Imagine as inúmeras coisas e situações que se dão e nem sequer notamos, por pura pressa ou distração, mas, ainda mais, que são no universo da subjetividade, que são apenas perceptíveis pelos olhos do coração, que se discernem espiritualmente (I Co 2.14)? Há sutilezas, há mistérios, há coisas que reconheceremos e outras que desperdiçaremos, há coisas que estarão ao nosso alcance e outras que não nos cabe saber nesta vida. Contudo, o lembrete óbvio é: não existe apenas aquilo que vejo. Portanto, ao fecharmos um ciclo, avaliar o que e como se viveu, registrar ou repassar o que se percebeu, pode ser um bom exercício para a alma. Mas, não só isso, também é preciso considerar que há muita coisa acontecendo que passou desapercebida, porém, não significa que não esteja se realizando.
Quando Jesus, através de parábolas, provoca a multidão a pensar, compara o reino de Deus a um lavrador que lança sementes sobre a terra: “Noite e dia, esteja ele dormindo ou acordado, as sementes germinam e crescem, mas ele não sabe como isso acontece” (Mc 4.27). Há um crescimento discreto, secreto, que se realiza mesmo quando não nos damos conta. A inauguração do reino de Deus sem muitos líderes religiosos perceberem. E essa poderosa semente permanece crescendo, estamos em novo estágio e o processo continua. O projeto de reconciliação de Deus prevalece, mesmo em meio a períodos caóticos. Ele promove sua restauração e geralmente o faz através do “inacreditável”, de onde pouco se espera. O Messias veio, frustrando a expectativa segundo a maneira que veio e se manifestou. Não com poder destruidor sobre o império romano e levando o povo de Israel aos deleites do comando, de uma certa vingança, etc. Veio sem ter lugar, sem ter aceitação, conhecendo mais da perseguição do que da compreensão de muitos. Mas ali estava o cerne da história da salvação. E ela continua em nós, neste tempo que vivemos. E em mais este ano que passou muito aconteceu que ainda não reconhecemos, que não fomos informados, mas, que está se dando linda e poderosamente. Vida vai brotando, frutos se espalhando e a grande festa da colheita se aproxima. Não podemos desprezar os pequenos começos (Zc 4.10). Não precisamos andar tão distraídos ao ponto de quase nada perceber. Antes, podemos celebrar aquilo que Deus plantou, como bom agricultor nos deu a videira verdadeira (Jo 15.1-5), e testemunharmos dos frutos. Termos em mente que isso requer investimento de tempo, dedicada atenção, abertura ao Espírito de Deus, e, sensibilidade para discernir a direção do vento que ele sopra, pode ser, sim, um proveitoso desafio para o novo ciclo em nosso calendário da vida.
Um coração sábio parece ser aquele que, entre outras coisas, reconhece as mudanças de estações, faz uma boa leitura dos tempos, consegue fechar bem os ciclos e renovar-se com a abertura de novos.
Leia mais:
» Feliz Ano-Novo! Sério? Feliz?
» Seja leve
A vida é breve. Embora não haja novidade alguma nisso, nem sempre estejamos conscientes disso, e as evidências aparecem no modo como vivemos. A vida é curta, sendo que este pouco tempo varia de pessoa para pessoa, porém, ainda há aqueles que buscam vivê-la de maneira sábia (Sl 90.12), cultivando um coração sensato, bem protegido e cuidado, sabendo que dele procedem as fontes da vida (Pv 4.23).
Parece que uma dica do salmista, é contar os dias, é prestar atenção, observar com acuidade, atentar para o que andamos guardando no coração. Outra maneira de dizer seria: viva mais consciente o tempo que lhe é dado. Ampliar essa consciência exige um certo esforço, alguma disciplina, a compreensão de que isso precisaria ser prioridade se realmente desejamos que isso se dê em nós. Isso não cai do céu, no sentido “mágico”, precisamos trabalhar por isso, abrir espaço em nós para o acolhimento e o discernimento. Mas, claro, cai do céu, como graça, assim como a chuva cai sobre maus e bons, justos e injustos (Mt 5.45). Ou seja, Deus nos dá bondosamente, mas, podemos participar de forma comprometida neste processo, que é, sim, abundante, generoso e surpreendente.
Ao encerrarmos mais um ano, ouvimos frequentemente as frases: “nossa, não vi passar esse ano!”, “este ano voou”, “nem acredito que já estamos fechando mais um ano”. O que isso indica? Será que tem a ver com vivermos muita coisa, com variações de intensidade, mas, nos sentirmos mais atropelados pelos acontecimentos do que refletindo sobre eles? E isso, considerando nossa forte tendência de perceber mais aquilo que está concreto diante de nós, o que podemos tocar, o que conseguimos enxergar. Imagine as inúmeras coisas e situações que se dão e nem sequer notamos, por pura pressa ou distração, mas, ainda mais, que são no universo da subjetividade, que são apenas perceptíveis pelos olhos do coração, que se discernem espiritualmente (I Co 2.14)? Há sutilezas, há mistérios, há coisas que reconheceremos e outras que desperdiçaremos, há coisas que estarão ao nosso alcance e outras que não nos cabe saber nesta vida. Contudo, o lembrete óbvio é: não existe apenas aquilo que vejo. Portanto, ao fecharmos um ciclo, avaliar o que e como se viveu, registrar ou repassar o que se percebeu, pode ser um bom exercício para a alma. Mas, não só isso, também é preciso considerar que há muita coisa acontecendo que passou desapercebida, porém, não significa que não esteja se realizando.
Quando Jesus, através de parábolas, provoca a multidão a pensar, compara o reino de Deus a um lavrador que lança sementes sobre a terra: “Noite e dia, esteja ele dormindo ou acordado, as sementes germinam e crescem, mas ele não sabe como isso acontece” (Mc 4.27). Há um crescimento discreto, secreto, que se realiza mesmo quando não nos damos conta. A inauguração do reino de Deus sem muitos líderes religiosos perceberem. E essa poderosa semente permanece crescendo, estamos em novo estágio e o processo continua. O projeto de reconciliação de Deus prevalece, mesmo em meio a períodos caóticos. Ele promove sua restauração e geralmente o faz através do “inacreditável”, de onde pouco se espera. O Messias veio, frustrando a expectativa segundo a maneira que veio e se manifestou. Não com poder destruidor sobre o império romano e levando o povo de Israel aos deleites do comando, de uma certa vingança, etc. Veio sem ter lugar, sem ter aceitação, conhecendo mais da perseguição do que da compreensão de muitos. Mas ali estava o cerne da história da salvação. E ela continua em nós, neste tempo que vivemos. E em mais este ano que passou muito aconteceu que ainda não reconhecemos, que não fomos informados, mas, que está se dando linda e poderosamente. Vida vai brotando, frutos se espalhando e a grande festa da colheita se aproxima. Não podemos desprezar os pequenos começos (Zc 4.10). Não precisamos andar tão distraídos ao ponto de quase nada perceber. Antes, podemos celebrar aquilo que Deus plantou, como bom agricultor nos deu a videira verdadeira (Jo 15.1-5), e testemunharmos dos frutos. Termos em mente que isso requer investimento de tempo, dedicada atenção, abertura ao Espírito de Deus, e, sensibilidade para discernir a direção do vento que ele sopra, pode ser, sim, um proveitoso desafio para o novo ciclo em nosso calendário da vida.
Um coração sábio parece ser aquele que, entre outras coisas, reconhece as mudanças de estações, faz uma boa leitura dos tempos, consegue fechar bem os ciclos e renovar-se com a abertura de novos.
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