Opinião
- 12 de novembro de 2009
- Visualizações: 2920
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Vinte anos da queda do muro de Berlim
Lenildo Medeiros
"Estávamos preparados para tudo. Mas não para velas e orações." A declaração foi dada pelo membro do Comitê Central da Alemanha Oriental (RDA), Horst Sindermann, pouco antes de sua morte, e referia-se à derrubada do muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989. As reuniões de oração de uma igreja evangélica (protestante, de fato!) foram decisivas para a mobilização popular que derrubou aquela estrutura de concreto que separava o mundo. Hoje, 20 anos depois, a celebração inclui o convite à continuidade das orações, feito por meio da página da igreja na internet. Na igreja de São Nicolau os pastores destacam a necessidade de orar pelo ser humano como um todo, inserido no seu contexto social. Eles dizem: "Os nossos cultos de oração de paz continuarão! Trataremos com problemas de hoje -- o apoio ao desempregado e esforços para integrar estrangeiros na nossa cidade -- como tratamos com problemas no passado. As nossas intercessões e o nosso compromisso são tão necessários hoje como no passado, especialmente para as áreas críticas do mundo onde as novas guerras e os conflitos estouram constantemente".
No Brasil, talvez levados por um noticiário da mídia nacional que subestima tais fatos que exaltam a postura de uma igreja protestante num acontecimento tão importante mundialmente, os evangélicos perdem a oportunidade de espalhar esse testemunho para outras pessoas e, assim, atrair mais gente ao convívio cristão.
Na Alemanha, a igreja celebra e tem o reconhecimento da sociedade. E relembram que, além das orações, a palavra do Evangelho fez grande impacto até na vida daqueles que estavam ali para perseguir e reprimir o povo. Durante as reuniões semanais de orações pela paz que levaram o povo a derrubar o muro, com repercussões mundiais até o dia de hoje, as palavras de Jesus eram enfatizadas, como conta o pastor da igreja, Reverendo C. Führer:
"Eu sempre apreciava que os membros da polícia secreta estavam ouvindo as bem-aventuranças bíblicas do Sermão do Monte cada segunda-feira. Onde mais eles ouviriam isso? Assim, muita gente e os membros infiltrados do governo ouviram o Evangelho de Jesus Cristo que eles não conheciam, em uma igreja onde eles não podiam fazer nada. Eles receberam as boas-novas de Jesus que disse: ‘Abençoado são os pobres!’, e não: ‘Só gente rica é feliz’. Jesus disse: ‘Ame os seus inimigos!’, e não: ‘Abaixo com o seu oponente’. Jesus disse: ‘Muitos que agora são primeiros, serão últimos!’, e não: ‘Tudo ficará sempre o mesmo’. Jesus disse: ‘Quem salvar a sua vida, a perderá; e seja quem for que perder a sua vida por amor de mim, a encontrará!’, e não: ‘Tome grande cuidado’. Jesus disse: ‘Você é o sal!’, e não: ‘Você é a nata’."
As orações da paz começaram o processo que levou o povo a derrubar o muro de Berlim. Deus estava nisso! (Comente isso ainda hoje com seu colega de trabalho, escola, vizinho, familiar.) Flores enfeitavam a igreja de dia e velas chamavam a atenção à noite. O povo, mesmo os não-cristãos, se achegavam esperançosos e confiantes. A igreja orava. A mobilização espontânea confundia a repressão.
“O espírito de não-violência de Jesus agarrou as massas e tornou-se um poder material, pacífico. As tropas e a polícia retiraram-se. O partido e a ditadura ideológica caíram. Como diz a Bíblia: "Ele destrona os poderosos e entroniza os débeis"; "Você terá sucesso não pelo poder militar ou pela sua própria força, mas pelo meu espírito, diz o Senhor". É o que experimentamos. Houve milhares nas igrejas. Centenas de milhares nas ruas em volta do centro da cidade. Mas nenhuma janela de loja foi despedaçada. Isto foi a experiência incrível do poder da não-violência”, relata o reverendo da igreja de São Nicolau. O então líder da Alemanha Oriental, Sindermann, não soube como reagir a velas e orações.
• Lenildo Medeiros é jornalista, fundador da agência cristã de notícias Soma e pastor. lenildo@soma.org.br
Siga-nos no Twitter!
"Estávamos preparados para tudo. Mas não para velas e orações." A declaração foi dada pelo membro do Comitê Central da Alemanha Oriental (RDA), Horst Sindermann, pouco antes de sua morte, e referia-se à derrubada do muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989. As reuniões de oração de uma igreja evangélica (protestante, de fato!) foram decisivas para a mobilização popular que derrubou aquela estrutura de concreto que separava o mundo. Hoje, 20 anos depois, a celebração inclui o convite à continuidade das orações, feito por meio da página da igreja na internet. Na igreja de São Nicolau os pastores destacam a necessidade de orar pelo ser humano como um todo, inserido no seu contexto social. Eles dizem: "Os nossos cultos de oração de paz continuarão! Trataremos com problemas de hoje -- o apoio ao desempregado e esforços para integrar estrangeiros na nossa cidade -- como tratamos com problemas no passado. As nossas intercessões e o nosso compromisso são tão necessários hoje como no passado, especialmente para as áreas críticas do mundo onde as novas guerras e os conflitos estouram constantemente".
No Brasil, talvez levados por um noticiário da mídia nacional que subestima tais fatos que exaltam a postura de uma igreja protestante num acontecimento tão importante mundialmente, os evangélicos perdem a oportunidade de espalhar esse testemunho para outras pessoas e, assim, atrair mais gente ao convívio cristão.
Na Alemanha, a igreja celebra e tem o reconhecimento da sociedade. E relembram que, além das orações, a palavra do Evangelho fez grande impacto até na vida daqueles que estavam ali para perseguir e reprimir o povo. Durante as reuniões semanais de orações pela paz que levaram o povo a derrubar o muro, com repercussões mundiais até o dia de hoje, as palavras de Jesus eram enfatizadas, como conta o pastor da igreja, Reverendo C. Führer:
"Eu sempre apreciava que os membros da polícia secreta estavam ouvindo as bem-aventuranças bíblicas do Sermão do Monte cada segunda-feira. Onde mais eles ouviriam isso? Assim, muita gente e os membros infiltrados do governo ouviram o Evangelho de Jesus Cristo que eles não conheciam, em uma igreja onde eles não podiam fazer nada. Eles receberam as boas-novas de Jesus que disse: ‘Abençoado são os pobres!’, e não: ‘Só gente rica é feliz’. Jesus disse: ‘Ame os seus inimigos!’, e não: ‘Abaixo com o seu oponente’. Jesus disse: ‘Muitos que agora são primeiros, serão últimos!’, e não: ‘Tudo ficará sempre o mesmo’. Jesus disse: ‘Quem salvar a sua vida, a perderá; e seja quem for que perder a sua vida por amor de mim, a encontrará!’, e não: ‘Tome grande cuidado’. Jesus disse: ‘Você é o sal!’, e não: ‘Você é a nata’."
As orações da paz começaram o processo que levou o povo a derrubar o muro de Berlim. Deus estava nisso! (Comente isso ainda hoje com seu colega de trabalho, escola, vizinho, familiar.) Flores enfeitavam a igreja de dia e velas chamavam a atenção à noite. O povo, mesmo os não-cristãos, se achegavam esperançosos e confiantes. A igreja orava. A mobilização espontânea confundia a repressão.
“O espírito de não-violência de Jesus agarrou as massas e tornou-se um poder material, pacífico. As tropas e a polícia retiraram-se. O partido e a ditadura ideológica caíram. Como diz a Bíblia: "Ele destrona os poderosos e entroniza os débeis"; "Você terá sucesso não pelo poder militar ou pela sua própria força, mas pelo meu espírito, diz o Senhor". É o que experimentamos. Houve milhares nas igrejas. Centenas de milhares nas ruas em volta do centro da cidade. Mas nenhuma janela de loja foi despedaçada. Isto foi a experiência incrível do poder da não-violência”, relata o reverendo da igreja de São Nicolau. O então líder da Alemanha Oriental, Sindermann, não soube como reagir a velas e orações.
• Lenildo Medeiros é jornalista, fundador da agência cristã de notícias Soma e pastor. lenildo@soma.org.br
Siga-nos no Twitter!
- 12 de novembro de 2009
- Visualizações: 2920
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Descobrindo o potencial da diáspora: um chamado à igreja brasileira
- Trabalho sob a perspectiva do reino de Deus
- Jesus [não] tem mais graça
- Onde estão as crianças?
- Não confunda o Natal com Papai Noel — Para celebrar o verdadeiro Natal
- Uma cidade sitiada - Uma abordagem literária do Salmo 31
- C. S. Lewis, 126 anos
- Ultimato recebe prêmio Areté 2024
- Exalte o Altíssimo!
- Paciência e determinação: virtudes essenciais para enfrentar a realidade da vida