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Opinião

Uma reflexão sobre o campo de atuação da enfermagem

Por Marlene Grigorio e Flaviana Nascimento
 
Com o passar dos anos, a enfermagem vem consolidando seu papel, seja na assistência, no ensino ou na pesquisa. Desde os primeiros estudos feitos pelas pioneiras da profissão é possível perceber nas suas atitudes e palavras, a relevância do cuidado, e do olhar holístico pelo ser humano.
 
No artigo O legado de Florence Nightingale1, Roberta Costa reflete-se sobre o legado da fundadora da enfermagem moderna, que marcou a história pelas suas decisões em proporcionar mudanças viáveis às precárias condições de saúde presentes em seus ambientes de atuação, buscando sempre conduzir novas ações baseadas na desconstrução e construção de habilidades.
 
Observando tais ações, caracteriza-se para a sociedade, uma profissão que luta e que busca por seus ideais, que não abandona os desafios que surgem à sua frente. Diante da atual situação de saúde no Brasil e no mundo, percebe-se o fortalecimento do protagonismo da enfermagem junto às outras profissões da área da saúde.
 
Profissionais têm dedicado seu tempo de trabalho e arriscado suas vidas para garantia de vida das pessoas em geral, contribuindo para o atendimento integral, resgatando a todo instante os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). 

 
A grande protagonista da enfermagem como ciência foi a teorista Florence Nightingale, britânica, que ficou famosa por ser pioneira no tratamento de feridos durante a guerra da Criméia, e também ficou conhecida como a dama da lâmpada, deixando seu legado em saúde. Fez um juramento que nos dias de hoje é declarado no mundo inteiro, principalmente em solenidades de graduação:
 
“Juro, livre e solenemente, dedicar minha vida profissional a serviço da pessoa humana, exercendo a enfermagem com consciência e dedicação; guardar sem desfalecimento os segredos que me forem confiados, respeitando a vida desde a concepção até a morte; não participar voluntariamente de atos que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano; manter e elevar os ideais de minha profissão, obedecendo aos preceitos da ética e da moral, preservando sua honra, seu prestígio e suas tradições” (Florence Nightingale).
 
Uma profissão voltada para a integralidade do ser humano do nascer ao morrer, cuidando do aspecto biopsicossocial. A classe de profissionais atualmente tem enfrentado os desafios da Covid-19, uma pandemia mundial que tem ceifado muitos profissionais da linha de frente no cuidado de pacientes. A questão tem sido de ordem mundial e o Brasil já está entre os países com os maiores índices de profissionais infectados. O depoimento de profissionais requer mais atenção e cuidado principalmente dos nossos governantes. Muitos deles estão literalmente sacrificando a vida em função do próximo. A falta de equipamentos de proteção individual, a pressão psicológica o medo de contrair o vírus e o isolamento social dos familiares têm afetado, não só as equipes de enfermagem, mas muitos profissionais da saúde.
 
Celebramos os 200 anos da enfermagem e a vida de profissionais que têm dedicado diariamente o cuidado ao próximo, porém, ainda estamos em fase de crescimento e desenvolvimento, destacando também falta de reconhecimento da profissão.
 
Atualmente, a enfermagem colabora para áreas de assistência, pesquisa, ensino, gestão e ocupa lugares de decisão dentro do Sistema Único de Saúde, demonstrando suas habilidades técnicas, sua capacidade de investigação, reflexão, inovação e liderança, e seu conhecimento científico. E, nos últimos anos os profissionais da enfermagem têm despertado para o empreendedorismo em saúde oferecendo serviços e cuidados, reinventando novas formas de atuação.
 
 
A luta da classe perpassa vários fatores importantes: os baixos salários, longas jornadas, condições precárias no atendimento ao paciente, desvalorização e a falta de incentivo financeiro.
 
Diante deste contexto, muitos lutam como bons soldados aguerridos frente a uma grande batalha contra o vírus da Covid-19, com determinação e coragem por escolherem prosseguir na missão pela qual foram chamados a realizar. Estão na linha de frente por terem assumido o compromisso em seguir a profissão.
 
A escolha do mês de maio para celebrar o mês da enfermagem, baseia-se no nascimento de Florence Nightingale, que, em 2020, completaria 200 anos. Pedimos a Deus que fortaleça cada profissional frente aos desafios diários de uma profissão que demonstra doação, mas também é ciência; que tem medo, mas luta com coragem; que enfrenta batalhas contra a morte, mas que celebra o nascimento em cada parto; que ouve o choro ao nascer, mas que segura a mão ao morrer; que ouve os desabafos mais particulares na beira do leito de um hospital, mas que também celebra a alta de um paciente quando é curado de uma enfermidade.
 
Concluímos essa reflexão reforçando que ainda falta muito reconhecimento por parte do governo e da sociedade, porém aqueles que encontraram na arte de cuidar uma vocação e um chamado para servir o reino de Deus têm se colocado na linha de frente e acreditado que Deus está no controle de toda e qualquer situação e que com o Senhor iremos prosseguir nossa jornada cumprindo a missão de cuidar de vidas.

• Marlene Grigorio dos Santos é enfermeira, especialista em direito sanitário e saúde da mulher. Gestora em Unidade Básica  de Saúde, voluntária em projetos de saúde humanitária e líder do GT Missões dos Médicos de Cristo.
 
• Flaviana Pereira Bastos Nascimento é enfermeira, doutoranda em enfermagem pela EEAN/UFRJ, professora de Ensino Superior na UNIABEU e integrante do grupo Médicos De Cristo Rio de Janeiro.
 
Nota
COSTA, Roberta et al. O legado de Florence Nightingale: uma viagem no tempo. Texto contexto - enferm.,  Florianópolis, v. 18, n. 4, p. 661-669, Dec. 2009. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072009000400007.

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