Opinião
02 de março de 2023
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Uma lição sobre política em Agostinho de Hipona
Por Anderson Paz

Na época, os católicos não tinham uma presença massiva como tinham os donatistas em Hipona. Os donatistas, grosso modo, defendiam que a Igreja não poderia ser universal, mas sim limitada a uma comunidade de crentes pura e imaculada, e eram contrários à aproximação da Igreja ao poder político para transformação da cultura.
Por sua vez, Agostinho defendia ser necessário o desenvolvimento de uma "cultura cristã" para transformar a sociedade e também entendia ser necessária uma abertura da Igreja para receber quaisquer "pecadores". Agostinho defendia, na primeira década do quinto século (401-10 A.D.), que a Igreja católica estreitasse laços com o aparato político romano.
Não deu outra! Agostinho apoiou perseguições a donatistas (além de grupos pagãos), inflamou a multidão contra os "inimigos da Igreja" e usou o poder político para interferir nos costumes do povo. A ideia era criar uma "cultura cristã" usando o poder político. Agostinho teve êxito com os donatistas e depois os venceu em debates.
Na década seguinte (411-20 A.D.), contudo, Brown observa que - depois do saque dos godos a Roma em 410 - o Império entrou num clima de fim de festa. O Império já estava fraco e dava mostras que não resistiria por muito tempo aos bárbaros.
Nessa época, as lideranças políticas começaram a se tornar arbitrárias contra a própria Igreja. Agostinho começou, então, a escrever "A cidade de Deus" e passou a desconfiar dos benefícios da união entre poder político e Igreja.


Agostinho percebeu que as duas cidades (celestial e terrena) têm "amores" distintos que levavam a uma constante tensão ao longo da história. Nessa época, revela-se um Agostinho mais maduro e um tanto cético quanto às benesses da aproximação entre poder político e Igreja.
Aquele mesmo bispo que inflamava as multidões e queria apoio do poder político na perseguição dos inimigos da Igreja, um pouco mais velho começou a perceber os sérios problemas da estreita relação entre Igreja e poder político. O Agostinho de 411-420 tem muito a nos ensinar.
O QUE ESPERAM OS CRISTÃOS? | REVISTA ULTIMATO
- Anderson Paz é membro da Igreja do Betel Brasileiro em João Pessoa, PB. Advogado, é doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco.
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A esperança cristã possibilita alegria hoje, guia os nossos afetos e o modo como vivemos, nos relembra da nossa condição de peregrinos, nos anima na evangelização e na missão, nos dá a perspectiva correta com relação ao sofrimento atual, alinha os nossos planos aos de Deus, não permite que nos acomodemos às facilidades do mundo.
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