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Por Escrito

Uma crônica das Gerais. Quem te conhece?

Minas é a nossa casa

Minas é a casa da Editora Ultimato. Apenas 3 dos 53 anos da trajetória da revista se deram fora de Minas Gerais. Estamos no interior do estado, em Viçosa, uma cidade de 80 mil habitantes e mais 20 mil de população flutuante formada especialmente por estudantes.
Gostamos muito daqui. Do povo acolhedor, do privilégio de termos um lugar com muito verde, das montanhas e das serras, do lindo campus da Universidade Federal de Viçosa, do pão de queijo e do Doce de Leite Viçosa.
Quando houver segurança para viagens e para visitas, venha tomar um café com pão queijo com a gente!
Ao publicar a prosa de Aline Duarte, homenageamos Minas Gerais, pelos seus 300 anos.

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Por Aline Duarte


Minas Gerais, 300 anos! Vi, vivi, ouvi histórias de boa parte desse tempo! Afinal, o meu pai é mineiro; meu avô, mineiro; o meu bisavô, mineiro e meu tataravô? Ah! Esse era mineiro! Meu grande amor é de Minas e nossas três pedras preciosas também são das Gerais, de alma e coração. Assim, chegou a minha hora de dizer que sou nascida, criada e esculpida nas Minas de Aleijadinho com experiências das mais Gerais que se podem lembrar. 
 
História tricotada à mão, do artesanato, do ofício, da escrita, das letras, da poesia. Infância de minérios de ferro lá pras bandas do Vale do Aço; graduação no Oeste falando Berlândia, Beraba e Unaí. Para isso, precisou Patrocínio e Iturama, não sabe onde fica? É logo ali, pertim de Araguari. 
 
Tudo bem, Minas não tem mar! Defeito? Jamais! Oportunidade de navegar o Rio Doce, cruzar as pontes do Velho Chico, pisar as areias de Furnas. Biologia que não acaba mais: Formiga, Patos, Macacos, Frutal, Milho Verde; números afins: Três Marias, Sete Lagoas; religião que não tem fim: São Lourenço, Lagoa Santa, São João, São Tomé, Santa Maria, São Sebastião, Bom Jesus do Amparo. 
 
Minas é mostra de arte a céu aberto, das mais Gerais possíveis, do Barroco ao Moderno, Contemporânea! De Inhotim a Congonhas, Ouro Preto, Mariana. Diamantina, Serro, Tiradentes, uma Bela Vista, uma Estrada Real! É lugar de Pouso Alegre, de Poços de Caldas, uma bela Capelinha, Montes Claros, um Belo Horizonte, uma Pedra Azul, alguns Passos, um Campo Belo, um Ribeirão das Neves! Minas dos esportes em Gerais: do futebol, do vôlei, dos radicais. Comer bem, lugar melhor não tem! No fogão a lenha: pão de queijo, arroz doce ou temperado, carne de sol, pernil à pururuca, frango com quiabo. Angu, ora-pro-nóbis, couve, taioba, queijo de cabra, doce de leite, de abóbora, de goiaba! 
 
E agora José? Tire a pedra do caminho, pegue a 040, a 116, a 381, a 262, a 101 escutando o sino da Igreja, o Skank ou Jota Quest, parando naquele velho bar da esquina. Se precisar, tem gente que manda e desmanda: Coronel Fabriciano, Governador Valadares, Conselheiro Lafaiete, Teófilo Otoni, um Juiz de Fora, o Antônio e o Fernão Dias. 
 
Minas é tão Gerais que você pode subir montanhas, descer cachoeiras; escalar a Serra do Curral, do Cipó; entrar por Conceição do Mato Dentro, ir lá na Gruta da Lapinha, do Maquiné. Partir de Leste a Oeste, um bom pedaço de trem e é trem mesmo, o filho da Maria Fumaça. De norte a sul, riquezas intensas, de Janaúba a Itajubá. Escutar o sabiá, tecer um lindo bordado, encontrar o lobo-guará. 
 
É a terra do Tancredo, do Juscelino, do Pelé. Da tia da cantina, do menino da porteira, da venda da Maria do seu Zé. É leite ao pé da vaca, pinga ou pingado. Um bom papo, mesmo que desconfiado. Um cafezim com rapadura, uma broa de fubá. Minas é bom pra estudar, sou do tempo do vestibular: Viçosa, Lavras, Alfenas, UFOP, BH. Se quiser trabalhar, pode por aqui ficar: Betim, Timóteo, Ouro Branco, Carandaí, Nova Serrana, Itabira, Ipatinga, Divinópolis. 
 
Minas tem frio de Monte Verde, calor de Salinas, um vento que vem do litoral e chega ali em Aimorés e rapidim chove em Paracatu e, ao mesmo tempo, em Manhuaçu. O céu anil é o limite, a lua é prateada, as estrelas de aurora, um oratório, uma prece, uns amigos na quermesse. Vou passando pela trilha dos escravos, resumindo pra namoradeira da janela tudo que não deu pra aqui contar, usando uns versos de uns colegas meus: “quem te conhece não esquece jamais, oh, Minas Gerais!”
 
• Aline Duarte, evangelista, formada em pedagogia pela UFMG (2010), pós-graduada pelo CEFET, concursada na Prefeitura de Belo Horizonte, MG, exercendo a coordenação pedagógica do 1º ao 5º ano. Mãe de 3 crianças, alunas do ensino infantil e fundamental. @chegouaminhahoraaline @lettering.alineduarte

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