Opinião
- 04 de dezembro de 2015
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Um país em tumulto
EDITORIAL
Na primeira semana do último mês de 2015, o Brasil se vê nas cenas de conflito entre estudantes e policiais em São Paulo. A nação se indigna com as fotos de cinco jovens (todos negros) mortos pela PM do Rio de Janeiro. Entre mentiras e escândalos, a presidente da República e o presidente da Câmara dos deputados trocam farpas e ameaças. Enquanto as grávidas do Nordeste temem os casos de microcefalia, os médicos ainda lutam para descobrir os fatores que geram o problema. A economia dá sinais de enfraquecimento e já não sabemos se manteremos nossos empregos. O Brasil se junta a outros países na COP-21 para encontrar soluções para salvar o planeta do aquecimento global, enquanto ainda não consegue fazer justiça diante da tragédia em Mariana (MG).
São dias difíceis. São tempos que podem gerar em nós temor ou indiferença, indignação ou conformidade, resiliência ou desistência. 2016 nunca foi tão imprevisível.
Em meio a tudo isso, ao mesmo tempo, já ouvimos os sinos e já vimos os enfeites de Natal. “É comércio, ingênuo!”, diriam. Mas é também memorial. É lembrança do Deus encarnado, e isso ninguém nem circunstância alguma pode nos roubar. Se o que nossos olhos veem causa confusão e medo, devemos nos lembrar do começo, do gênesis: “no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1). Confiar no Verbo não é meramente fugir da realidade; é acreditar que ele governa o presente. E, portanto, é entregar-se a ele, não às circunstâncias.
Falar sobre fé em Deus nestes dias pode soar estranho. Pode até parecer irresponsabilidade ou covardia. Mas não. A fé é um jeito de resistir ao mal que nos ataca. É uma maneira de enfrentar o preconceito, a injustiça, a corrupção e as fatalidades com esperança em algo e alguém além do que nossos olhos podem ver. Com fé, o povo de Deus caminha (Hb 11). Assim como nossos pais na fé, esperamos por “uma pátria melhor, uma pátria celestial” (Hb 11.16), num tempo em que todas as injustiças serão aniquiladas e todas as lágrimas serão enxugadas (Ap 21.4). Céus e terra serão, enfim, renovados (2 Pe 3.13).
Enquanto isso, as vozes da ressurreição ecoam, não obstante as tragédias sociais, ambientais e econômicas. Fomos salvos pela graça, por meio da fé, para fazermos boas obras (Ef 2.8,11). O mesmo poder que ressuscitou a Cristo opera em nós para colocarmos em prática a obra divina de reconciliação (Ef 1.10; 2.14-18).
O tumulto dos nossos dias não deve nos induzir a fugir da realidade, nem nos convencer a viver no cinismo, muito menos nos privar de ter esperança. É pela fé que vivemos.
“O que se requer dos despenseiros é que cada um deles sejam encontrado fiel” (1 Co 4.2).
Foto: Polícia Militar reprime protesto de universitários da USP na Avenida Paulista (Foto: Fernanda Cruz/ Agência Brasil).
Leia também
Surpreendido pela Esperança
Eu Creio. E Agora?
A Igreja, o País e o Mundo
Ser é o Bastante
Na primeira semana do último mês de 2015, o Brasil se vê nas cenas de conflito entre estudantes e policiais em São Paulo. A nação se indigna com as fotos de cinco jovens (todos negros) mortos pela PM do Rio de Janeiro. Entre mentiras e escândalos, a presidente da República e o presidente da Câmara dos deputados trocam farpas e ameaças. Enquanto as grávidas do Nordeste temem os casos de microcefalia, os médicos ainda lutam para descobrir os fatores que geram o problema. A economia dá sinais de enfraquecimento e já não sabemos se manteremos nossos empregos. O Brasil se junta a outros países na COP-21 para encontrar soluções para salvar o planeta do aquecimento global, enquanto ainda não consegue fazer justiça diante da tragédia em Mariana (MG).
São dias difíceis. São tempos que podem gerar em nós temor ou indiferença, indignação ou conformidade, resiliência ou desistência. 2016 nunca foi tão imprevisível.
Em meio a tudo isso, ao mesmo tempo, já ouvimos os sinos e já vimos os enfeites de Natal. “É comércio, ingênuo!”, diriam. Mas é também memorial. É lembrança do Deus encarnado, e isso ninguém nem circunstância alguma pode nos roubar. Se o que nossos olhos veem causa confusão e medo, devemos nos lembrar do começo, do gênesis: “no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1). Confiar no Verbo não é meramente fugir da realidade; é acreditar que ele governa o presente. E, portanto, é entregar-se a ele, não às circunstâncias.
Falar sobre fé em Deus nestes dias pode soar estranho. Pode até parecer irresponsabilidade ou covardia. Mas não. A fé é um jeito de resistir ao mal que nos ataca. É uma maneira de enfrentar o preconceito, a injustiça, a corrupção e as fatalidades com esperança em algo e alguém além do que nossos olhos podem ver. Com fé, o povo de Deus caminha (Hb 11). Assim como nossos pais na fé, esperamos por “uma pátria melhor, uma pátria celestial” (Hb 11.16), num tempo em que todas as injustiças serão aniquiladas e todas as lágrimas serão enxugadas (Ap 21.4). Céus e terra serão, enfim, renovados (2 Pe 3.13).
Enquanto isso, as vozes da ressurreição ecoam, não obstante as tragédias sociais, ambientais e econômicas. Fomos salvos pela graça, por meio da fé, para fazermos boas obras (Ef 2.8,11). O mesmo poder que ressuscitou a Cristo opera em nós para colocarmos em prática a obra divina de reconciliação (Ef 1.10; 2.14-18).
O tumulto dos nossos dias não deve nos induzir a fugir da realidade, nem nos convencer a viver no cinismo, muito menos nos privar de ter esperança. É pela fé que vivemos.
“O que se requer dos despenseiros é que cada um deles sejam encontrado fiel” (1 Co 4.2).
Foto: Polícia Militar reprime protesto de universitários da USP na Avenida Paulista (Foto: Fernanda Cruz/ Agência Brasil).
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