Opinião
- 31 de dezembro de 2021
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Um hino de Ano-Novo
Por Lidice Meyer Pinto Ribeiro
Os hinários protestantes são recheados de belos hinos. Mas alguns deles são cantados apenas em datas especiais. Dificilmente ouviremos “Noite Feliz” fora da época do Natal e o mesmo acontece com os hinos de Ano Novo. Um destes hinos é “O Ano Velho”, composto pela teóloga e educadora Maria Guilhermina Loureiro de Andrade (1842-1929). A mensagem deste hino é uma oração para todas as gerações e em todas as épocas.
Maria Guilhermina nasceu na cidade de Ouro Preto, MG mas mudou-se com seus pais para o Rio de Janeiro em 1860. Foi nesta época que se converteu na Igreja Presbiteriana onde passou a atuar ativamente, tendo participado das reuniões do Presbitério do Rio de Janeiro com Ashbel Green Simonton em 1866, com Alexander Blackford em 1867 e com George Chamberlaim em 1870.
Em 1869 criou o Colégio Andrade, dirigido por mulheres e voltado para o ensino de meninas onde estas estudavam os mesmos conteúdos tradicionalmente lecionados aos meninos. Em 1877 criou o Externato Primário para Meninos que funcionava no mesmo prédio do Colégio Andrade, voltado à preparação para o primeiro e segundo ano do Colégio Pedro II. Percebendo as fragilidades no cenário educacional carioca, propôs novas metodologias de ensino. Escreveu ao imperador D. Pedro II, ao inspetor geral da instrução da Cidade do Rio de Janeiro, ao doutor Jorge Tibiriçá, governador de São Paulo e ao diretor geral da instrução de Minas Gerais. Participou no Congresso de Instrução no Rio de Janeiro em 1883 apresentando propostas para a implementação de jardins de infância e sobre a educação primária e secundária para o sexo feminino. Nesta mesma ocasião defendeu a profissionalização das professoras dos jardins de infância com formação específica. Como resultado em 1890 foi encarregada da Escola Normal em São Paulo, indicada pelo Professor Horace Lane, então diretor da Escola Americana, também em São Paulo. Autora e tradutora de diversos livros como Preparo da Mestra e Educação do Povo. Atuou em duas reformas da educação brasileira: a Reforma Caetano de Campos, em São Paulo (1890); e a Reforma João Pinheiro Carvalho de Brito, em Minas Gerais (1906).
Ao lado de toda esta grande atuação socioeducacional, Maria Guilhermina escreveu doze hinos preservados em hinários evangélicos. Em todos eles percebemos sua forte convicção de estar à serviço do reino de Deus firmada numa fé inabalável em Jesus. Foi nesta confiança que ela enfrentou limites sociais de sua época e inscreveu seu nome na história da educação brasileira. Sua vida e obra são uma inspiração para que iniciemos o novo ano na certeza do propósito de Deus para nossa vida. Que a oração de Maria Guilhermina de Andrade no hino “O Ano Velho” seja também a nossa oração:
“O ano velho já termina; damos a Jesus louvor, pois do mal nos tem guardado nesse ano, com amor. Filho eterno, a ti rogamos que, por tua compaixão, continues concedendo aos teus servos proteção. A Palavra preciosa faze em nós frutificar! Das doutrinas do evangelho não nos deixes afastar. A teu povo aqui dirige a cumprir o seu dever e alegre, consagrado, ao teu mando obedecer. De pecado nos afasta, nossos passos vem guiar e, esquecidas nossas culpas, um bom ano vem nos dar. Amém.”
Leia mais:
» Alice Clapp: jovem, abolicionista e cristã no Rio de Janeiro no século 19
» O legado feminino na origem do presbiterianismo no Brasil
» Mochila nas Costas e Diário na Mão - A fascinante história de Ashbel Green Simonton
Os hinários protestantes são recheados de belos hinos. Mas alguns deles são cantados apenas em datas especiais. Dificilmente ouviremos “Noite Feliz” fora da época do Natal e o mesmo acontece com os hinos de Ano Novo. Um destes hinos é “O Ano Velho”, composto pela teóloga e educadora Maria Guilhermina Loureiro de Andrade (1842-1929). A mensagem deste hino é uma oração para todas as gerações e em todas as épocas.
Maria Guilhermina nasceu na cidade de Ouro Preto, MG mas mudou-se com seus pais para o Rio de Janeiro em 1860. Foi nesta época que se converteu na Igreja Presbiteriana onde passou a atuar ativamente, tendo participado das reuniões do Presbitério do Rio de Janeiro com Ashbel Green Simonton em 1866, com Alexander Blackford em 1867 e com George Chamberlaim em 1870.
Em 1869 criou o Colégio Andrade, dirigido por mulheres e voltado para o ensino de meninas onde estas estudavam os mesmos conteúdos tradicionalmente lecionados aos meninos. Em 1877 criou o Externato Primário para Meninos que funcionava no mesmo prédio do Colégio Andrade, voltado à preparação para o primeiro e segundo ano do Colégio Pedro II. Percebendo as fragilidades no cenário educacional carioca, propôs novas metodologias de ensino. Escreveu ao imperador D. Pedro II, ao inspetor geral da instrução da Cidade do Rio de Janeiro, ao doutor Jorge Tibiriçá, governador de São Paulo e ao diretor geral da instrução de Minas Gerais. Participou no Congresso de Instrução no Rio de Janeiro em 1883 apresentando propostas para a implementação de jardins de infância e sobre a educação primária e secundária para o sexo feminino. Nesta mesma ocasião defendeu a profissionalização das professoras dos jardins de infância com formação específica. Como resultado em 1890 foi encarregada da Escola Normal em São Paulo, indicada pelo Professor Horace Lane, então diretor da Escola Americana, também em São Paulo. Autora e tradutora de diversos livros como Preparo da Mestra e Educação do Povo. Atuou em duas reformas da educação brasileira: a Reforma Caetano de Campos, em São Paulo (1890); e a Reforma João Pinheiro Carvalho de Brito, em Minas Gerais (1906).
Ao lado de toda esta grande atuação socioeducacional, Maria Guilhermina escreveu doze hinos preservados em hinários evangélicos. Em todos eles percebemos sua forte convicção de estar à serviço do reino de Deus firmada numa fé inabalável em Jesus. Foi nesta confiança que ela enfrentou limites sociais de sua época e inscreveu seu nome na história da educação brasileira. Sua vida e obra são uma inspiração para que iniciemos o novo ano na certeza do propósito de Deus para nossa vida. Que a oração de Maria Guilhermina de Andrade no hino “O Ano Velho” seja também a nossa oração:
“O ano velho já termina; damos a Jesus louvor, pois do mal nos tem guardado nesse ano, com amor. Filho eterno, a ti rogamos que, por tua compaixão, continues concedendo aos teus servos proteção. A Palavra preciosa faze em nós frutificar! Das doutrinas do evangelho não nos deixes afastar. A teu povo aqui dirige a cumprir o seu dever e alegre, consagrado, ao teu mando obedecer. De pecado nos afasta, nossos passos vem guiar e, esquecidas nossas culpas, um bom ano vem nos dar. Amém.”
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» Alice Clapp: jovem, abolicionista e cristã no Rio de Janeiro no século 19
» O legado feminino na origem do presbiterianismo no Brasil
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Lidice Meyer P. Ribeiro é doutora em Antropologia e professora na Universidade Lusófona, Portugal.
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