Opinião
- 26 de abril de 2016
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Um culto. Muitas gerações
Um dos maiores desafios da igreja contemporânea é comunicar o evangelho de forma integrada, reunindo e envolvendo em um mesmo culto as diferentes gerações e suas distintas formas de pensar, viver o cristianismo e adorar a Deus. Mas será isso possível?
A beleza do culto cristão está especialmente relacionada à unidade entre as pessoas. O salmista diz no Salmo 133.1: “Oh quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união”. Essa afirmação não restringe público, tampouco estabelece faixa etária, ela diz “os irmãos” de forma geral. Esse é apenas um dos muitos versículos que apontam para o estilo de vida, ou seja, de culto que agrada a Deus, pois cremos que a celebração comunitária é uma extensão do culto que prestamos diariamente. No culto que agrada a Deus deve haver unidade.
Ainda no livro de Salmos, encontramos uma instrução específica sobre como as diferentes gerações devem se relacionar:
“Uma geração contará à outra a grandiosidade dos teus feitos; eles anunciarão os teus atos poderosos” (Sl 145.4).
Esse trecho me faz lembrar um hino muito conhecido que diz: “Conta-me a velha história”. É exatamente isso que se espera dos anciãos: que contem do amor de Cristo, dos feitos dele na história do mundo e de suas vidas aos mais novos. Isso só será possível se estiverem unidos, reunidos.
Nos últimos anos, a reflexão sobre as diferentes gerações e os conflitos entre elas aumentaram bastante, especialmente no que diz respeito ao mundo do trabalho. Pesquisadores passaram a elaborar o que podemos chamar de “teoria das gerações”, classificando-as como: “baby boomer”, “geração x”, “geração y”, “geração z”, e, mais recentemente, “geração alpha”. Cada uma delas tem suas particularidades e diferenças, por vezes, gritantes umas das outras. Não iremos nos aprofundar nelas, no entanto, devemos considerar que, dadas as características distintas de uma e outra geração, conflitos existem e sempre existirão e a igreja terá que aprender a lidar com isso para que a unidade, que tanto agrada a Deus, não se perca.
De forma geral e para atender as necessidades de cada grupo etário, as igrejas criaram diferentes ministérios (crianças, adolescentes, jovens, casais, adultos solteiros e terceira idade). Essa divisão tem um fim didático e busca facilitar a aprendizagem bíblico-cristã à medida que aborda os temas concernentes ao público correspondente e na linguagem adequada a cada um. No entanto, vejo que essa praticidade pedagógica, embora necessária, tem criado um abismo ainda maior entre as gerações. Tiramos os bebês do culto e colocamos em berçários; criamos o culto infantil; em algumas igrejas até mesmo os adolescentes e jovens foram segregados. Será que isso é saudável? Ou será que ao invés de unir a igreja nós a estamos fragmentando. Onde fica a unidade nesse caso? De que forma faremos convergir os corações de uns aos outros, praticar a tolerância com o que nos é diferente? Precisamos abandonar o egoísmo de querermos um culto que “nos agrada”, que é o “nosso perfil”, que não tenha o ruído das crianças ou que se utilize das músicas mais contemporâneas para agradar aos jovens e estes por sua vez também devem exercitar a paciência, que é um dos frutos do Espírito, e celebrar com hinos; junto ao coro. Enfim, precisamos lutar contra a natureza egocêntrica do nosso velho homem e promovermos a unidade. Não digo que devamos extinguir os ministérios e seus momentos de ensino direcionado, mas devemos lutar para que eles não sejam exclusividade; a busca é pelo equilíbrio. Não podemos abrir mão de termos a igreja reunida. Creio que tal unidade é fundamental para a permanência das novas gerações na igreja, pois, quando houver a necessidade de transição, elas já estarão inseridas; frequentar os cultos não lhes será uma experiência nova. Mas, a pergunta permanece: como conseguiremos tal unidade?
Acredito no diálogo entre as gerações como forma de unificação e fortalecimento da igreja, pois como diz Both (1999, p. 58):
“O diálogo entre gerações possui a propriedade de fortalecer o sentido da conscientização intersubjetiva e o sentido do respeito e do engajamento dos participantes do diálogo nas mudanças necessárias”.
Já Moragas (1997) diz que as relações intergeracionais podem ser solidárias, pois proporcionam ajuda em certos momentos vitais. Segundo o autor:
“Quando se reconhece a necessidade da compreensão entre gerações e os jovens são educados para praticá-la, fomenta-se a integração entre as diferentes idades e consequentemente reduz-se o conflito social”.
Embora saiba que os conflitos geracionais continuarão a existir, creio que o Espírito de Deus pode e quer nos dar um só coração e uma só mente (At 4.32) e a nós, líderes dessa nova geração, cabe incentivar o diálogo e trabalhar para que essa união e integração se estabeleçam de forma plena e profunda no seio de nossas comunidades, de forma a “conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4.3).
Que o Deus que concede perseverança e ânimo dê a vocês um espírito de unidade, segundo Cristo Jesus (Rm 15.5).
• Reinaldo Vieira Lima Jr., o Juninho, tem quase 32 anos, é pastor adjunto na Primeira Igreja Batista em São Paulo (SP). Tem Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Dá aulas de ética e cidadania no Seminário Betel Brasileiro.
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Adoração na igreja evangélica contemporânea
Foto: Martin Boulanger/Freeimagens.com
A beleza do culto cristão está especialmente relacionada à unidade entre as pessoas. O salmista diz no Salmo 133.1: “Oh quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união”. Essa afirmação não restringe público, tampouco estabelece faixa etária, ela diz “os irmãos” de forma geral. Esse é apenas um dos muitos versículos que apontam para o estilo de vida, ou seja, de culto que agrada a Deus, pois cremos que a celebração comunitária é uma extensão do culto que prestamos diariamente. No culto que agrada a Deus deve haver unidade.
Ainda no livro de Salmos, encontramos uma instrução específica sobre como as diferentes gerações devem se relacionar:
“Uma geração contará à outra a grandiosidade dos teus feitos; eles anunciarão os teus atos poderosos” (Sl 145.4).
Esse trecho me faz lembrar um hino muito conhecido que diz: “Conta-me a velha história”. É exatamente isso que se espera dos anciãos: que contem do amor de Cristo, dos feitos dele na história do mundo e de suas vidas aos mais novos. Isso só será possível se estiverem unidos, reunidos.
Nos últimos anos, a reflexão sobre as diferentes gerações e os conflitos entre elas aumentaram bastante, especialmente no que diz respeito ao mundo do trabalho. Pesquisadores passaram a elaborar o que podemos chamar de “teoria das gerações”, classificando-as como: “baby boomer”, “geração x”, “geração y”, “geração z”, e, mais recentemente, “geração alpha”. Cada uma delas tem suas particularidades e diferenças, por vezes, gritantes umas das outras. Não iremos nos aprofundar nelas, no entanto, devemos considerar que, dadas as características distintas de uma e outra geração, conflitos existem e sempre existirão e a igreja terá que aprender a lidar com isso para que a unidade, que tanto agrada a Deus, não se perca.
De forma geral e para atender as necessidades de cada grupo etário, as igrejas criaram diferentes ministérios (crianças, adolescentes, jovens, casais, adultos solteiros e terceira idade). Essa divisão tem um fim didático e busca facilitar a aprendizagem bíblico-cristã à medida que aborda os temas concernentes ao público correspondente e na linguagem adequada a cada um. No entanto, vejo que essa praticidade pedagógica, embora necessária, tem criado um abismo ainda maior entre as gerações. Tiramos os bebês do culto e colocamos em berçários; criamos o culto infantil; em algumas igrejas até mesmo os adolescentes e jovens foram segregados. Será que isso é saudável? Ou será que ao invés de unir a igreja nós a estamos fragmentando. Onde fica a unidade nesse caso? De que forma faremos convergir os corações de uns aos outros, praticar a tolerância com o que nos é diferente? Precisamos abandonar o egoísmo de querermos um culto que “nos agrada”, que é o “nosso perfil”, que não tenha o ruído das crianças ou que se utilize das músicas mais contemporâneas para agradar aos jovens e estes por sua vez também devem exercitar a paciência, que é um dos frutos do Espírito, e celebrar com hinos; junto ao coro. Enfim, precisamos lutar contra a natureza egocêntrica do nosso velho homem e promovermos a unidade. Não digo que devamos extinguir os ministérios e seus momentos de ensino direcionado, mas devemos lutar para que eles não sejam exclusividade; a busca é pelo equilíbrio. Não podemos abrir mão de termos a igreja reunida. Creio que tal unidade é fundamental para a permanência das novas gerações na igreja, pois, quando houver a necessidade de transição, elas já estarão inseridas; frequentar os cultos não lhes será uma experiência nova. Mas, a pergunta permanece: como conseguiremos tal unidade?
Acredito no diálogo entre as gerações como forma de unificação e fortalecimento da igreja, pois como diz Both (1999, p. 58):
“O diálogo entre gerações possui a propriedade de fortalecer o sentido da conscientização intersubjetiva e o sentido do respeito e do engajamento dos participantes do diálogo nas mudanças necessárias”.
Já Moragas (1997) diz que as relações intergeracionais podem ser solidárias, pois proporcionam ajuda em certos momentos vitais. Segundo o autor:
“Quando se reconhece a necessidade da compreensão entre gerações e os jovens são educados para praticá-la, fomenta-se a integração entre as diferentes idades e consequentemente reduz-se o conflito social”.
Embora saiba que os conflitos geracionais continuarão a existir, creio que o Espírito de Deus pode e quer nos dar um só coração e uma só mente (At 4.32) e a nós, líderes dessa nova geração, cabe incentivar o diálogo e trabalhar para que essa união e integração se estabeleçam de forma plena e profunda no seio de nossas comunidades, de forma a “conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4.3).
Que o Deus que concede perseverança e ânimo dê a vocês um espírito de unidade, segundo Cristo Jesus (Rm 15.5).
• Reinaldo Vieira Lima Jr., o Juninho, tem quase 32 anos, é pastor adjunto na Primeira Igreja Batista em São Paulo (SP). Tem Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Dá aulas de ética e cidadania no Seminário Betel Brasileiro.
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