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- 09 de março de 2023
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Ultimato e o Deus que caminha em nossas histórias
Por Lissânder Dias
Deus conta histórias e gosta de caminhar conosco em nossas histórias. A Igreja de Cristo é assim constituída, não apenas pelos dogmas, mas pelas narrativas (que começam, mas não têm fim) de uma “tão grande nuvem de testemunhas” (Hb 12.1); pessoas de carne e osso que andaram com Deus e foram amigas dele.
Por valorizar as histórias que Deus nos ensina, o Diálogos de Esperança realizou uma live no último dia 28 para ouvir sobre a caminhada da Ultimato – um ministério na área editorial que completou 55 anos de existência ininterrupta no dia 13 de janeiro deste ano.
Na conversa ancorada por Valdir Steuernagel, a presença de dois convidados: Marcos Bontempo, diretor editorial da Ultimato, e Antonia Leonora (Tonica) van der Meer, missionária, escritora e colunista da Ultimato. O assunto girou em torno de fatos históricos da Ultimato, mas também do significado de tudo isso no reino de Deus.
Origem
Bontempo lembrou que a história começou com uma inquietação pessoal do Pr. Elben César: ele lia a Bíblia e encontrava tanta beleza em suas páginas, mas não sabia bem como extravasar tal conteúdo. Tinha, claro, o púlpito, mas ele ansiava por um canal mais amplo e diverso. Fazendo uma pesquisa na década de 60 sobre a história dos periódicos evangélicos, Elben descobriu que o primeiro (chamado Imprensa Evangélica) foi fundado, em 1862, por Ashbel Green Simonton, o primeiro missionário protestante no Brasil e era distribuído na Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Constatou ainda que, em sua época, não havia mais nenhum jornal que fosse interdenominacional. Daí surgiu a ideia de criar um.
Quanto ao nome “Ultimato”, ele veio a partir de um episódio frustrante. Em 1967, num período em que os evangélicos não tinham quase nenhum espaço público de fala, o Pr. Elben conseguiu um programa de rádio em Barbacena (MG), graças a ajuda de um deputado estadual evangélico que fez contato com o colega deputado da cidade. No entanto, quando foi ao estúdio fazer a primeira gravação do programa, o pastor recebeu a notícia de que o padre da cidade tinha dado um ultimato ao político: se ele permitisse a criação de um programa evangélico, ele (o padre) retiraria o programa católico da rádio. O político, por sua vez, com medo de perder votos, voltou atrás de sua palavra e o Pr. Elben retornou para casa sem o programa radiofônico esperado, mas com a ideia do nome para o novo periódico: Ultimato (porque Deus nos dá um ultimato: “Busquem o Senhor, enquanto é possível achá-lo; clamem por ele enquanto está perto” – Isaías 55.6-7).
Ultimato desafia
Para Tonica, a Ultimato desafia as igrejas, os líderes e os cristãos a pensar e procura abrir a visão das pessoas através da reflexão bíblica. “Ela também desafia os cristãos a olharem para a realidade – não somente o que fazer dentro da igreja, mas como sermos cristãos no mundo”, diz. Ressaltou ainda que o exemplo prático do pr. Elben, que se engajava realmente no testemunho cristão para além da igreja local, trouxe coerência para essas características da revista e da editora.
Cristo no centro dos diálogos
Ao longo de sua história, Ultimato se propôs a dialogar com diferentes perfis e grupos cristãos, inclusive, católicos. “Tem sido uma aventura: às vezes, com bom humor e outras com alguma dor”, diz Bontempo. Colocar Cristo no centro de tudo foi um valor inegociável da editora para cultivar e entender os limites editoriais nesses diálogos. A sessão de “Cartas” sempre foi uma vitrine de elogios e críticas diversas – tornou-se uma das páginas mais lidas e se tornou até um livro.
Nos últimos anos, Ultimato ampliou o número de colunistas na revista e no Portal, trazendo ainda mais jovens pensadores e democratizando a produção de conteúdo nas diferentes plataformas digitais. “Talvez a principal mudança nesse cenário hoje é que cada leitor pode ser um autor e até se tornar uma marca. Não é mais a organização ou a igreja que empresta seu guarda-chuva ou sua marca para um indivíduo. Muitas vezes, é o contrário, ou seja, o leitor ou o autor que empresta sua marca para um determinado grupo, igreja e organização. Assim, todo mundo fala. E quando todos falam, quase não sobra espaço para a escuta. Esse é um desafio para o diálogo hoje”, considera Bontempo.
Palavras-chave na caminhada da Ultimato
1) ‘Cristocentrismo’ 2) Escrituras 3) Reconciliação 4) Unidade 5) Dependência de Deus 6) Milagre. Essas são as palavras-chaves escolhidas pela Ultimato para sintetizar os valores de sua caminhada histórica. Bontempo ressaltou que a última palavra (“milagre”) é algo bem evidente entre os colaboradores da editora e que o esforço não é pela preservação da Ultimato, mas para fazer a vontade de Deus. “Nossa preocupação principal é ouvir até quando Deus quer nos dirigir”.
O desafio do novo
Diante de um mundo em mudanças tecnológicas e de comportamentos, como a Ultimato sobreviverá? Para Marcos Bontempo, o maior desafio não são as mudanças, mas a velocidade com que elas se impõem. “Acredito que as mudanças não estão necessariamente nas mídias ou na tecnologia, mas sim na cognição, no interesse e nos relacionamentos do leitor. Talvez esse seja o maior desafio para lidar com as novas gerações. No nosso caso, ainda tem um detalhe interessante: é da natureza de qualquer mudança querer romper com algo que é permanente, mas a Ultimato, por vocação e princípios, trabalha com algo que não muda nunca. Como diz nossa missão, ‘Ultimato participa da proclamação da boa nova que nunca fica velha, da esperança que nunca morre e de um Salvador que nunca muda’. Então, é um milagre e um desafio lidar com tudo isso”.
“Sou grata a Deus por essa longa história e por essa reinvenção da Ultimato. Não é simplesmente continuar a mesma coisa; é continuar o testemunho, mas com abertura para coisas novas. Isso é muito importante”, afirma Tonica.
“Nunca renunciamos a possibilidade de caminhar ‘ao lado de muitos outros’. Somos gratos a Deus pela companhia das igrejas e organizações. Agradecemos, em especial, ao leitor que nos dá o benefício da dúvida, que abre a Bíblia conosco, e é com quem falamos sobre quase tudo ao longo de todos esses anos. Quem sabe não é isso que nos ajudará a construir uma igreja melhor e um testemunho melhor?”, conclui Bontempo.
O QUE ESPERAM OS CRISTÃOS? | REVISTA ULTIMATO
Saiba mais:
» Cartas a Ultimato (1968–2008), Elben César
» Eu, Um Missionário?, Antonia Leonora van der Meer
» Mochila Nas Costas, Diário na Mão – A fascinante história de Ashbel Green Simonton, Ellben César
» Diário íntimo de Ultimato
» 2023, um ano novo para contar a velha história
Deus conta histórias e gosta de caminhar conosco em nossas histórias. A Igreja de Cristo é assim constituída, não apenas pelos dogmas, mas pelas narrativas (que começam, mas não têm fim) de uma “tão grande nuvem de testemunhas” (Hb 12.1); pessoas de carne e osso que andaram com Deus e foram amigas dele.
Por valorizar as histórias que Deus nos ensina, o Diálogos de Esperança realizou uma live no último dia 28 para ouvir sobre a caminhada da Ultimato – um ministério na área editorial que completou 55 anos de existência ininterrupta no dia 13 de janeiro deste ano.
Na conversa ancorada por Valdir Steuernagel, a presença de dois convidados: Marcos Bontempo, diretor editorial da Ultimato, e Antonia Leonora (Tonica) van der Meer, missionária, escritora e colunista da Ultimato. O assunto girou em torno de fatos históricos da Ultimato, mas também do significado de tudo isso no reino de Deus.
Origem
Bontempo lembrou que a história começou com uma inquietação pessoal do Pr. Elben César: ele lia a Bíblia e encontrava tanta beleza em suas páginas, mas não sabia bem como extravasar tal conteúdo. Tinha, claro, o púlpito, mas ele ansiava por um canal mais amplo e diverso. Fazendo uma pesquisa na década de 60 sobre a história dos periódicos evangélicos, Elben descobriu que o primeiro (chamado Imprensa Evangélica) foi fundado, em 1862, por Ashbel Green Simonton, o primeiro missionário protestante no Brasil e era distribuído na Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Constatou ainda que, em sua época, não havia mais nenhum jornal que fosse interdenominacional. Daí surgiu a ideia de criar um.
Quanto ao nome “Ultimato”, ele veio a partir de um episódio frustrante. Em 1967, num período em que os evangélicos não tinham quase nenhum espaço público de fala, o Pr. Elben conseguiu um programa de rádio em Barbacena (MG), graças a ajuda de um deputado estadual evangélico que fez contato com o colega deputado da cidade. No entanto, quando foi ao estúdio fazer a primeira gravação do programa, o pastor recebeu a notícia de que o padre da cidade tinha dado um ultimato ao político: se ele permitisse a criação de um programa evangélico, ele (o padre) retiraria o programa católico da rádio. O político, por sua vez, com medo de perder votos, voltou atrás de sua palavra e o Pr. Elben retornou para casa sem o programa radiofônico esperado, mas com a ideia do nome para o novo periódico: Ultimato (porque Deus nos dá um ultimato: “Busquem o Senhor, enquanto é possível achá-lo; clamem por ele enquanto está perto” – Isaías 55.6-7).
Ultimato desafia
Para Tonica, a Ultimato desafia as igrejas, os líderes e os cristãos a pensar e procura abrir a visão das pessoas através da reflexão bíblica. “Ela também desafia os cristãos a olharem para a realidade – não somente o que fazer dentro da igreja, mas como sermos cristãos no mundo”, diz. Ressaltou ainda que o exemplo prático do pr. Elben, que se engajava realmente no testemunho cristão para além da igreja local, trouxe coerência para essas características da revista e da editora.
Cristo no centro dos diálogos
Ao longo de sua história, Ultimato se propôs a dialogar com diferentes perfis e grupos cristãos, inclusive, católicos. “Tem sido uma aventura: às vezes, com bom humor e outras com alguma dor”, diz Bontempo. Colocar Cristo no centro de tudo foi um valor inegociável da editora para cultivar e entender os limites editoriais nesses diálogos. A sessão de “Cartas” sempre foi uma vitrine de elogios e críticas diversas – tornou-se uma das páginas mais lidas e se tornou até um livro.
Nos últimos anos, Ultimato ampliou o número de colunistas na revista e no Portal, trazendo ainda mais jovens pensadores e democratizando a produção de conteúdo nas diferentes plataformas digitais. “Talvez a principal mudança nesse cenário hoje é que cada leitor pode ser um autor e até se tornar uma marca. Não é mais a organização ou a igreja que empresta seu guarda-chuva ou sua marca para um indivíduo. Muitas vezes, é o contrário, ou seja, o leitor ou o autor que empresta sua marca para um determinado grupo, igreja e organização. Assim, todo mundo fala. E quando todos falam, quase não sobra espaço para a escuta. Esse é um desafio para o diálogo hoje”, considera Bontempo.
Palavras-chave na caminhada da Ultimato
1) ‘Cristocentrismo’ 2) Escrituras 3) Reconciliação 4) Unidade 5) Dependência de Deus 6) Milagre. Essas são as palavras-chaves escolhidas pela Ultimato para sintetizar os valores de sua caminhada histórica. Bontempo ressaltou que a última palavra (“milagre”) é algo bem evidente entre os colaboradores da editora e que o esforço não é pela preservação da Ultimato, mas para fazer a vontade de Deus. “Nossa preocupação principal é ouvir até quando Deus quer nos dirigir”.
O desafio do novo
Diante de um mundo em mudanças tecnológicas e de comportamentos, como a Ultimato sobreviverá? Para Marcos Bontempo, o maior desafio não são as mudanças, mas a velocidade com que elas se impõem. “Acredito que as mudanças não estão necessariamente nas mídias ou na tecnologia, mas sim na cognição, no interesse e nos relacionamentos do leitor. Talvez esse seja o maior desafio para lidar com as novas gerações. No nosso caso, ainda tem um detalhe interessante: é da natureza de qualquer mudança querer romper com algo que é permanente, mas a Ultimato, por vocação e princípios, trabalha com algo que não muda nunca. Como diz nossa missão, ‘Ultimato participa da proclamação da boa nova que nunca fica velha, da esperança que nunca morre e de um Salvador que nunca muda’. Então, é um milagre e um desafio lidar com tudo isso”.
“Sou grata a Deus por essa longa história e por essa reinvenção da Ultimato. Não é simplesmente continuar a mesma coisa; é continuar o testemunho, mas com abertura para coisas novas. Isso é muito importante”, afirma Tonica.
“Nunca renunciamos a possibilidade de caminhar ‘ao lado de muitos outros’. Somos gratos a Deus pela companhia das igrejas e organizações. Agradecemos, em especial, ao leitor que nos dá o benefício da dúvida, que abre a Bíblia conosco, e é com quem falamos sobre quase tudo ao longo de todos esses anos. Quem sabe não é isso que nos ajudará a construir uma igreja melhor e um testemunho melhor?”, conclui Bontempo.
O QUE ESPERAM OS CRISTÃOS? | REVISTA ULTIMATO
A esperança cristã possibilita alegria hoje, guia os nossos afetos e o modo como vivemos, nos relembra da nossa condição de peregrinos, nos anima na evangelização e na missão, nos dá a perspectiva correta com relação ao sofrimento atual, alinha os nossos planos aos de Deus, não permite que nos acomodemos às facilidades do mundo.
Saiba mais:
» Cartas a Ultimato (1968–2008), Elben César
» Eu, Um Missionário?, Antonia Leonora van der Meer
» Mochila Nas Costas, Diário na Mão – A fascinante história de Ashbel Green Simonton, Ellben César
» Diário íntimo de Ultimato
» 2023, um ano novo para contar a velha história
Lissânder Dias do Amaral é jornalista, blogueiro, poeta e editor de livros. Integra o Conselho Nacional da Interserve Brasil e o Conselho da Unimissional. É autor de “O Cotidiano Extraordinário – a vida em pequenas crônicas” e responsável pelo blog Fatos e Correlatos do Portal Ultimato. É um dos fundadores do Movimento Vocare e ajudou a criar as organizações cristãs de cooperação Rede Mãos Dadas e Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS).
- Textos publicados: 122 [ver]
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Site: http://www.fatosecorrelatos.com.br
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