Opinião
- 12 de janeiro de 2015
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Ultimato 47 anos: Transbordando de gratidão
Portanto, assim como vocês receberam Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele, enraizados e edificados nele, firmados na fé, como foram ensinados, transbordando de gratidão (Cl 2:6-7).
Encontrando raízes
Esta palavra registrada na carta de Paulo aos colossenses me parece essencial para este tempo no nosso mundo evangélico. Nela vemos que quando o evangelho nos encontra ele coloca-nos no caminho da definição da identidade e da vocação. A fé em Cristo Jesus, diz o apóstolo, é uma caminhada de vida na qual vamos nos enraizando, edificando e firmando no próprio Cristo. É um jeito de viver no qual se vai espalhando gratidão – uma gratidão que, segundo Paulo, tem o “perfume de Cristo”.
A igreja evangélica tem vivido as últimas décadas sob a marca da expansão; e, pelos indicadores que conhecemos, essa expansão continua, embora tenda a diminuir e, no futuro, estabilizar. Nas próximas décadas, portanto, iremos experimentar o desafio do enraizamento no evangelho e da solidificação da fé. Vai ser necessário tornar realidade o que Paulo descreve nessa carta. Este é um desafio gigante para uma igreja que vive uma cultura expansionista e que necessita gestar uma cultura de solidificação da fé na vivência cotidiana.
Esse desafio não se vive sozinho. Para enfrentá-lo, precisaremos juntar as nossas vocações e esforços. No intento de identificar parceiros para esta vivência eu aponto para a Revista Ultimato e os seus 46 anos de existência.
Celebrando os 47 anos da Ultimato
Neste ano de 2015 a revista Ultimato celebra 47 anos de existência. Por quase meio século ela tem acompanhado o crescimento da igreja evangélica. Aliás, ela não apenas tem acompanhado e celebrado essa realidade, como tem contribuído consistentemente para esse crescimento, provendo conteúdo, solidez e reflexão, sem deixar de questionar sempre que se faz necessário.
Os autores de Ultimato têm sabido interpretar a referida palavra de Colossenses para os nossos dias e os nossos tempos. A revista tem se empenhado em fazer o que Paulo recomenda aos seus leitores: afirmar a centralidade de Jesus no exercício da fé, vivenciar essa fé com sentido de identidade e vocação e buscar jeitos de expressá-la e vivê-la de forma relevante e contextualizada. Por 47 anos, a revista tem feito isso sem envelhecer, porém amadurecendo no seu objetivo de nunca deixar de contribuir para a solidificação da igreja do Senhor.
Este caminho mostrou-se possível, mesmo que nada fácil nem linear. Permitam-me desenhar alguns aspectos que vejo como centrais nesta caminhada.
Um testemunho de fidelidade e de transição
Ultimato tem rosto e esse rosto tem nome: Élben M. Lenz César. Hoje um octogenário, este homem percorreu, incansável, muitos meandros do nosso país e da nossa igreja. Um homem de natureza simples e humilde que estava sempre a puxar uma conversa, que podia se tornar numa entrevista ou num artigo. Um homem de olhar meigo, sorriso solto e conversa séria, mas que não deixava de usar a sua bermuda. Se bem me lembro, foi em 1976 que o encontrei a primeira vez, por ocasião do Congresso Missionário de Curitiba. Na época, a revista ainda estava em seus estágios iniciais e mais parecia um jornal. Voltei a encontrá-lo muitas outras vezes e ele sempre era assim: um homem enraizado no evangelho e que vivenciava a sua fé com fidelidade e abertura para uma boa conversa.
Mas a Ultimato não tem apenas um rosto, tem também uma família. Élben e Djanira, que hoje já celebram os bisnetos, têm uma família de filhas, genros e netos que abraçam o temor do Senhor, vivendo a sua vocação e celebrando o privilégio de serem abençoados. E isso, sabemos por nós mesmos, não indica nem falta de desafios nem ausência de erros e limitações.
Mas vale também dizer que Elben e Djanira tiveram outros filhos. Filhos na fé, filhos no ministério e filhos na vocação. É por isso que não se pode deixar de apontar para a Igreja Presbiteriana de Viçosa e os tantos que ela acolheu nessa cidade universitária onde plantou o testemunho de um evangelho convidativo, integral e íntegro. Nem se pode esquecer o Centro Evangélico de Missões e os tantos que o CEM recebeu e formou para missão integral e transcultural. E a editora Ultimato, que começou devagar e hoje contribui significativamente para a formação da família evangélica com os seus muitos e variados títulos. São muitas as histórias, muitos os testemunhos e muitos os nomes de líderes que foram frutos deste sonho ou se uniram a ele, uma vocação que o próprio Élben e Djanira certamente nem ousavam dimensionar quando Ultimato nasceu há 47 anos!
Confesso que algumas vezes já me perguntei como se daria a transição no universo de Ultimato e dos ministérios que cresceram ao redor desta família, em Viçosa. Afinal, transição nem sempre é algo que conseguimos fazer bem em nosso meio evangélico, tantas vezes personalista. Ignorância minha, pois tenho visto essa transição acontecer diante dos meus olhos e diferentes lideranças emergindo com graça, segurança e diversidade. Se citar nomes vou me confundir e cometer injustiças, mas sorrio ao ver essa transição, não apenas acontecendo, mas preparando-se para enfrentar novos tempos e novos desafios.
Ao celebrar os 47 anos da revista, o que eu vejo é uma família concreta, fiel, expandida e bonita. Vejo uma vocação se expandindo em diferentes áreas, em que novas visões, orações e passos de fé vão ocorrendo e se solidificando. E todos eles provavelmente nem sabem o quanto o seu testemunho é importante para todos nós e o quanto eles serão necessários nos próximos 47 anos.
O privilégio tem sido meu!
O espaço que me foi destinado já se esgotou, mas não posso deixar de falar na grande contribuição que Ultimato tem dado para a afirmação de uma identidade evangélica sólida, contextual e relevante. Com ela temos aprendido que é bom ser evangélico. Mas sobre isso outros certamente falarão no decorrer deste tempo de celebração dos 47 anos da Revista.
Não posso, porém, encerrar sem antes agradecer. Afinal, tenho o privilégio de ser, hoje, o colunista mais antigo da revista. Quando, em 1994, “o Rev” me perguntou se eu gostaria e poderia escrever para a Revista, um novo capítulo começou para mim. A minha primeira coluna foi intitulada “ESPAÇO PARA SER GENTE ou A fé que dá identidade” e parece que estou voltando ao texto que encabeça este artigo. Naquela ocasião eu escrevi assim:
Eu sou calouro em termos de Ultimato. Até parece que estou debutando... Confesso que enrolei um bocado até que esta coluna começasse a nascer... Eu queria escrever algo que desse, a mim e ao leitor, a oportunidade de começarmos a estabelecer uma relação que fosse além do assunto que temos para hoje. Uma oportunidade para começarmos a nos relacionar como gente.
E assim a minha história de colunista começou e permanece até hoje. Com a liberdade de sempre para escrever os meus artigos e falar da busca de viver enraizado em Jesus Cristo. Com o mesmo compromisso de identidade com a vocação da revista, com a mesma alegria de servir ao evangelho e com enorme gratidão, tanto ao Élben como à Klênia e a toda a equipe, que continuam a me incentivar a escrever e a cobrar os artigos no prazo indicado.
Eu sorrio com gratidão. É que, se posso ser um pouco arrogante, eu me sinto parte da família Ultimato, mesmo que seja um primo distante...
Deus é muito bom! E eu só posso agradecer.
• Valdir Steuernagel é teólogo sênior da Visão Mundial Internacional. Pastor luterano, é um dos coordenadores da Aliança Cristã Evangélica Brasileira e um dos diretores da Aliança Evangélica Mundial e do Movimento de Lausanne.
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Esta palavra registrada na carta de Paulo aos colossenses me parece essencial para este tempo no nosso mundo evangélico. Nela vemos que quando o evangelho nos encontra ele coloca-nos no caminho da definição da identidade e da vocação. A fé em Cristo Jesus, diz o apóstolo, é uma caminhada de vida na qual vamos nos enraizando, edificando e firmando no próprio Cristo. É um jeito de viver no qual se vai espalhando gratidão – uma gratidão que, segundo Paulo, tem o “perfume de Cristo”.
A igreja evangélica tem vivido as últimas décadas sob a marca da expansão; e, pelos indicadores que conhecemos, essa expansão continua, embora tenda a diminuir e, no futuro, estabilizar. Nas próximas décadas, portanto, iremos experimentar o desafio do enraizamento no evangelho e da solidificação da fé. Vai ser necessário tornar realidade o que Paulo descreve nessa carta. Este é um desafio gigante para uma igreja que vive uma cultura expansionista e que necessita gestar uma cultura de solidificação da fé na vivência cotidiana.
Esse desafio não se vive sozinho. Para enfrentá-lo, precisaremos juntar as nossas vocações e esforços. No intento de identificar parceiros para esta vivência eu aponto para a Revista Ultimato e os seus 46 anos de existência.
Celebrando os 47 anos da Ultimato
Neste ano de 2015 a revista Ultimato celebra 47 anos de existência. Por quase meio século ela tem acompanhado o crescimento da igreja evangélica. Aliás, ela não apenas tem acompanhado e celebrado essa realidade, como tem contribuído consistentemente para esse crescimento, provendo conteúdo, solidez e reflexão, sem deixar de questionar sempre que se faz necessário.
Os autores de Ultimato têm sabido interpretar a referida palavra de Colossenses para os nossos dias e os nossos tempos. A revista tem se empenhado em fazer o que Paulo recomenda aos seus leitores: afirmar a centralidade de Jesus no exercício da fé, vivenciar essa fé com sentido de identidade e vocação e buscar jeitos de expressá-la e vivê-la de forma relevante e contextualizada. Por 47 anos, a revista tem feito isso sem envelhecer, porém amadurecendo no seu objetivo de nunca deixar de contribuir para a solidificação da igreja do Senhor.
Este caminho mostrou-se possível, mesmo que nada fácil nem linear. Permitam-me desenhar alguns aspectos que vejo como centrais nesta caminhada.
Um testemunho de fidelidade e de transição
Ultimato tem rosto e esse rosto tem nome: Élben M. Lenz César. Hoje um octogenário, este homem percorreu, incansável, muitos meandros do nosso país e da nossa igreja. Um homem de natureza simples e humilde que estava sempre a puxar uma conversa, que podia se tornar numa entrevista ou num artigo. Um homem de olhar meigo, sorriso solto e conversa séria, mas que não deixava de usar a sua bermuda. Se bem me lembro, foi em 1976 que o encontrei a primeira vez, por ocasião do Congresso Missionário de Curitiba. Na época, a revista ainda estava em seus estágios iniciais e mais parecia um jornal. Voltei a encontrá-lo muitas outras vezes e ele sempre era assim: um homem enraizado no evangelho e que vivenciava a sua fé com fidelidade e abertura para uma boa conversa.
Mas a Ultimato não tem apenas um rosto, tem também uma família. Élben e Djanira, que hoje já celebram os bisnetos, têm uma família de filhas, genros e netos que abraçam o temor do Senhor, vivendo a sua vocação e celebrando o privilégio de serem abençoados. E isso, sabemos por nós mesmos, não indica nem falta de desafios nem ausência de erros e limitações.
Mas vale também dizer que Elben e Djanira tiveram outros filhos. Filhos na fé, filhos no ministério e filhos na vocação. É por isso que não se pode deixar de apontar para a Igreja Presbiteriana de Viçosa e os tantos que ela acolheu nessa cidade universitária onde plantou o testemunho de um evangelho convidativo, integral e íntegro. Nem se pode esquecer o Centro Evangélico de Missões e os tantos que o CEM recebeu e formou para missão integral e transcultural. E a editora Ultimato, que começou devagar e hoje contribui significativamente para a formação da família evangélica com os seus muitos e variados títulos. São muitas as histórias, muitos os testemunhos e muitos os nomes de líderes que foram frutos deste sonho ou se uniram a ele, uma vocação que o próprio Élben e Djanira certamente nem ousavam dimensionar quando Ultimato nasceu há 47 anos!
Confesso que algumas vezes já me perguntei como se daria a transição no universo de Ultimato e dos ministérios que cresceram ao redor desta família, em Viçosa. Afinal, transição nem sempre é algo que conseguimos fazer bem em nosso meio evangélico, tantas vezes personalista. Ignorância minha, pois tenho visto essa transição acontecer diante dos meus olhos e diferentes lideranças emergindo com graça, segurança e diversidade. Se citar nomes vou me confundir e cometer injustiças, mas sorrio ao ver essa transição, não apenas acontecendo, mas preparando-se para enfrentar novos tempos e novos desafios.
Ao celebrar os 47 anos da revista, o que eu vejo é uma família concreta, fiel, expandida e bonita. Vejo uma vocação se expandindo em diferentes áreas, em que novas visões, orações e passos de fé vão ocorrendo e se solidificando. E todos eles provavelmente nem sabem o quanto o seu testemunho é importante para todos nós e o quanto eles serão necessários nos próximos 47 anos.
O privilégio tem sido meu!
O espaço que me foi destinado já se esgotou, mas não posso deixar de falar na grande contribuição que Ultimato tem dado para a afirmação de uma identidade evangélica sólida, contextual e relevante. Com ela temos aprendido que é bom ser evangélico. Mas sobre isso outros certamente falarão no decorrer deste tempo de celebração dos 47 anos da Revista.
Não posso, porém, encerrar sem antes agradecer. Afinal, tenho o privilégio de ser, hoje, o colunista mais antigo da revista. Quando, em 1994, “o Rev” me perguntou se eu gostaria e poderia escrever para a Revista, um novo capítulo começou para mim. A minha primeira coluna foi intitulada “ESPAÇO PARA SER GENTE ou A fé que dá identidade” e parece que estou voltando ao texto que encabeça este artigo. Naquela ocasião eu escrevi assim:
Eu sou calouro em termos de Ultimato. Até parece que estou debutando... Confesso que enrolei um bocado até que esta coluna começasse a nascer... Eu queria escrever algo que desse, a mim e ao leitor, a oportunidade de começarmos a estabelecer uma relação que fosse além do assunto que temos para hoje. Uma oportunidade para começarmos a nos relacionar como gente.
E assim a minha história de colunista começou e permanece até hoje. Com a liberdade de sempre para escrever os meus artigos e falar da busca de viver enraizado em Jesus Cristo. Com o mesmo compromisso de identidade com a vocação da revista, com a mesma alegria de servir ao evangelho e com enorme gratidão, tanto ao Élben como à Klênia e a toda a equipe, que continuam a me incentivar a escrever e a cobrar os artigos no prazo indicado.
Eu sorrio com gratidão. É que, se posso ser um pouco arrogante, eu me sinto parte da família Ultimato, mesmo que seja um primo distante...
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