Opinião
- 18 de novembro de 2008
- Visualizações: 21261
- 2 comentário(s)
- +A
- -A
- compartilhar
Teologia negra hoje
Gercymar Wellington Lima e Silva
A afirmação étnica do negro no Brasil precipita uma reflexão ainda muito contida sobre as culturas africana e afro-brasileira no meio religioso cristão-evangélico-protestante. Há uma quase omissão do protestantismo brasileiro em debater a temática da negritude e sua participação na formação e na história da igreja evangélica no Brasil. A afirmação étnica do negro exige o espaço devido aos seus representantes.
A igualdade entre as raças e o convívio com as diferenças não é só uma discussão étnica. De modo semelhante, as políticas de ação afirmativa não são apenas demandas que estão na moda. Seria simplismo olhar as coisas por esse prisma! O crescimento e a adoção de políticas de ação afirmativa nos últimos anos são visíveis, embora haja segmentos da sociedade que se opõem ou se omitem a tal ação.
A Igreja Metodista ainda não incluiu claramente em sua agenda a reflexão do papel do negro e sua contribuição, mesmo tendo uma pastoral de combate ao racismo. Há muito, o negro brasileiro forja seu espaço e sua participação em diversos âmbitos da cultura: culinária, cosmética, música, literatura, religião, artesanato, línguas, ciências, artes, mitos etc.
A liturgia, por exemplo, vale-se da música, imprescindível na celebração. Porém, o que seria da música sem a variedade de ritmos? Haroldo Costa, em artigo na “Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional”, diz que “a senzala foi o ambiente onde a música e os ritmos de origem africana se desenvolveram, e amplificaram a sua influência na casa grande”.
Hoje, a música africana ganha uma expressão afetiva incontestável, seja no meio secular ou no meio religioso. Avalia-se que o campo religioso brasileiro está em plena articulação com a emergência da afirmação étnica dos negros no Brasil. A propósito, “o candomblé, um dos símbolos de referência imediata da negritude brasileira, cresce como se acompanhasse a emergência da identidade afrodescendente e o ganho espaço-social que esses indivíduos vem ocupando na sociedade inclusiva”. [1]
A sanção da lei 10.639, que obriga o ensino de “História e Cultura Afro-Brasileira no Ensino Fundamental e Médio”, representa uma conquista singular da população negra ao lado do movimento negro. A iniciativa age sobre o sistema educacional com grande impacto, fazendo a sociedade discutir amplamente a temática. A questão desperta interesses de ordem política, econômica, social, histórica, cultural e religiosa.
Ao procurar se ajustar a essa iniciativa, o sistema educacional agrega uma discussão que envolve entusiastas e críticos -- o que faz fervilhar a opinião pública. A lei tem uma história que se confunde com a emergência do Movimento Negro dos últimos trinta anos. É possível que “os desafios para a implementação [da lei] são da mesma ordem dos que se antepõem ao avanço da luta contra o racismo”. [2]
A afirmação étnica do negro no Brasil precipita uma reflexão ainda muito contida sobre as culturas africana e afro-brasileira no meio religioso cristão-evangélico-protestante. Há uma quase omissão do protestantismo brasileiro em debater a temática da negritude e sua participação na formação e na história da igreja evangélica no Brasil. A afirmação étnica do negro exige o espaço devido aos seus representantes.
A igualdade entre as raças e o convívio com as diferenças não é só uma discussão étnica. De modo semelhante, as políticas de ação afirmativa não são apenas demandas que estão na moda. Seria simplismo olhar as coisas por esse prisma! O crescimento e a adoção de políticas de ação afirmativa nos últimos anos são visíveis, embora haja segmentos da sociedade que se opõem ou se omitem a tal ação.
A Igreja Metodista ainda não incluiu claramente em sua agenda a reflexão do papel do negro e sua contribuição, mesmo tendo uma pastoral de combate ao racismo. Há muito, o negro brasileiro forja seu espaço e sua participação em diversos âmbitos da cultura: culinária, cosmética, música, literatura, religião, artesanato, línguas, ciências, artes, mitos etc.
A liturgia, por exemplo, vale-se da música, imprescindível na celebração. Porém, o que seria da música sem a variedade de ritmos? Haroldo Costa, em artigo na “Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional”, diz que “a senzala foi o ambiente onde a música e os ritmos de origem africana se desenvolveram, e amplificaram a sua influência na casa grande”.
Hoje, a música africana ganha uma expressão afetiva incontestável, seja no meio secular ou no meio religioso. Avalia-se que o campo religioso brasileiro está em plena articulação com a emergência da afirmação étnica dos negros no Brasil. A propósito, “o candomblé, um dos símbolos de referência imediata da negritude brasileira, cresce como se acompanhasse a emergência da identidade afrodescendente e o ganho espaço-social que esses indivíduos vem ocupando na sociedade inclusiva”. [1]
A sanção da lei 10.639, que obriga o ensino de “História e Cultura Afro-Brasileira no Ensino Fundamental e Médio”, representa uma conquista singular da população negra ao lado do movimento negro. A iniciativa age sobre o sistema educacional com grande impacto, fazendo a sociedade discutir amplamente a temática. A questão desperta interesses de ordem política, econômica, social, histórica, cultural e religiosa.
Ao procurar se ajustar a essa iniciativa, o sistema educacional agrega uma discussão que envolve entusiastas e críticos -- o que faz fervilhar a opinião pública. A lei tem uma história que se confunde com a emergência do Movimento Negro dos últimos trinta anos. É possível que “os desafios para a implementação [da lei] são da mesma ordem dos que se antepõem ao avanço da luta contra o racismo”. [2]
- 18 de novembro de 2008
- Visualizações: 21261
- 2 comentário(s)
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Corpos doentes [fracos, limitados, mutilados] também adoram
- Pesquisa Força Missionária Brasileira 2025 quer saber como e onde estão os missionários brasileiros
- Perigo à vista ! - Vulnerabilidades que tornam filhos de missionários mais suscetíveis ao abuso e ao silêncio
- As 97 teses de Martinho Lutero
- Lutar pelos sonhos é possível após os 60. Sempre pela bondade do Senhor
- A urgência da reconciliação: Reflexões a partir do 4º Congresso de Lausanne, um ano após o 7 de outubro
- Para fissurados por controle, cancelamento é saída fácil
- Diálogos de Esperança: nova temporada conversa sobre a Igreja e Lausanne 4
- A última revista do ano
- Vem aí "The Connect Faith 2024"