Opinião
- 09 de junho de 2014
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Teologia da Prosperidade: um adolescente rebelde?
Igrejas comprometidas com a Teologia da Prosperidade podem ser consideradas cristãs? Aqueles que aderem ao evangelho da prosperidade devem ser tratados como nossos irmãos em Cristo? Mas e os pastores e líderes que enganam as pessoas com essa mensagem espúria? Como devemos encará-los?
Essas perguntas têm perturbado muitas pessoas há muito tempo. Acredito que também não eram poucos os que buscavam respostas a essas questões ao participar da Consulta Teológica e Pastoral “Um chamado à humildade, à integridade e à simplicidade”, nos dias 3 a 5 de abril na Estância Palavra da Vida, em Atibaia (SP). Essa Consulta, promovida pela Aliança Cristã Evangélica Brasileira em parceria com o Movimento de Lausanne, ocorreu mais de 20 anos depois que a Teologia da Prosperidade começou a confrontar as igrejas evangélicas brasileiras.
O que motivou tamanho atraso na realização de um encontro de alto nível sobre o assunto em nosso país? Creio que foi em grande parte pela nossa dificuldade em administrar a tensão que também esteve presente na Consulta. De um lado, há aqueles que preferem adotar uma atitude conciliatória, tentando aproximação com os adeptos da Teologia da Prosperidade, deixando-lhes abertas as portas para o caso de mudarem de posição. Do outro lado, há os que se preocupam com a doutrina e prática corretas e sentem necessidade de denunciar os abusos dos promotores da Teologia da Prosperidade a fim de proteger cristãos e não-cristãos dessa heresia.
Joel Edwards, Diretor Internacional do Micah Challenge (Desafio Miquéias), causou impacto ao comparar os adeptos da Teologia da Prosperidade a um “adolescente desviado”, que tem crises éticas e é caracterizado por atitudes egocêntricas. Lembrou que quando os adolescentes cometem erros, em vez de expulsá-los de casa, os pais devem conversar com eles e, ao fazê-lo, talvez percebam coisas que precisam aprender deles.
Comparar os adeptos da Teologia da Prosperidade a adolescentes implica conferir-lhes legitimidade, aceitando-os como filhos ou irmãos, membros da nossa família. Talvez devamos, sim, ter coração aberto para relevar alguns erros na doutrina e na prática, pois é próprio dos adolescentes serem imaturos, irresponsáveis, fazer criancices e até cometer pequenos delitos de vez em quando.
Devemos, porém, lembrar que a realidade é muito mais complexa. Há os que se aproveitam da imaturidade dos adolescentes e lhes passam drogas ou os conduzem à prostituição. E mesmo entre os traficantes, há os pequenos vendedores, os chefes do “morro” e os donos do tráfico, e não podemos tratar todos da mesma maneira.
Nos evangelhos, Jesus trata de maneira diferenciada os diversos tipos de ouvintes. Em relação aos mestres da lei e fariseus, não mediu palavras para denunciar os ensinos e malfeitos desses líderes religiosos que não queriam entrar no Reino de Deus nem deixavam entrar os que desejavam fazê-lo (Mateus 23). Já em relação às multidões, sempre demonstrou compaixão e acolhimento, embora tomasse o devido cuidado para evitar que sua fama se espalhasse e ele fosse encarado como um Messias que iria satisfazer os interesses egoístas e utilitaristas dos judeus (Mateus 9.36; Marcos 6.34; cf. Marcos 1.43-44; 5.43; 7.36; 8.26, 30; 9.9; João 6.15).
Seguindo o exemplo de Jesus, nossa resposta à Teologia da Prosperidade deve fazer distinção clara entre a “multidão” e os falsos mestres. Para os que estão premidos pelas necessidades ou se encontram na infância teológica e se tornam presas fáceis do ensino da prosperidade, precisamos apresentar a mensagem autêntica de Jesus, mas com compaixão e paciência, lembrando que ele nos amou primeiro. Para os que exploram dolosamente os incautos com o “outro evangelho” da prosperidade, em especial aos donos das igrejas, a mesma severidade com que Jesus tratava os que enredavam o povo com ensinos espúrios. E a todos, o evangelho integral do Reino de Deus, com sua visão de riqueza e pobreza, prosperidade e simplicidade, poder e serviço, glória e cruz.
• Norio Yamakami é pastor da Igreja Evangélica Holiness do Brasil.
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O que motivou tamanho atraso na realização de um encontro de alto nível sobre o assunto em nosso país? Creio que foi em grande parte pela nossa dificuldade em administrar a tensão que também esteve presente na Consulta. De um lado, há aqueles que preferem adotar uma atitude conciliatória, tentando aproximação com os adeptos da Teologia da Prosperidade, deixando-lhes abertas as portas para o caso de mudarem de posição. Do outro lado, há os que se preocupam com a doutrina e prática corretas e sentem necessidade de denunciar os abusos dos promotores da Teologia da Prosperidade a fim de proteger cristãos e não-cristãos dessa heresia.
Joel Edwards, Diretor Internacional do Micah Challenge (Desafio Miquéias), causou impacto ao comparar os adeptos da Teologia da Prosperidade a um “adolescente desviado”, que tem crises éticas e é caracterizado por atitudes egocêntricas. Lembrou que quando os adolescentes cometem erros, em vez de expulsá-los de casa, os pais devem conversar com eles e, ao fazê-lo, talvez percebam coisas que precisam aprender deles.
Comparar os adeptos da Teologia da Prosperidade a adolescentes implica conferir-lhes legitimidade, aceitando-os como filhos ou irmãos, membros da nossa família. Talvez devamos, sim, ter coração aberto para relevar alguns erros na doutrina e na prática, pois é próprio dos adolescentes serem imaturos, irresponsáveis, fazer criancices e até cometer pequenos delitos de vez em quando.
Devemos, porém, lembrar que a realidade é muito mais complexa. Há os que se aproveitam da imaturidade dos adolescentes e lhes passam drogas ou os conduzem à prostituição. E mesmo entre os traficantes, há os pequenos vendedores, os chefes do “morro” e os donos do tráfico, e não podemos tratar todos da mesma maneira.
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Seguindo o exemplo de Jesus, nossa resposta à Teologia da Prosperidade deve fazer distinção clara entre a “multidão” e os falsos mestres. Para os que estão premidos pelas necessidades ou se encontram na infância teológica e se tornam presas fáceis do ensino da prosperidade, precisamos apresentar a mensagem autêntica de Jesus, mas com compaixão e paciência, lembrando que ele nos amou primeiro. Para os que exploram dolosamente os incautos com o “outro evangelho” da prosperidade, em especial aos donos das igrejas, a mesma severidade com que Jesus tratava os que enredavam o povo com ensinos espúrios. E a todos, o evangelho integral do Reino de Deus, com sua visão de riqueza e pobreza, prosperidade e simplicidade, poder e serviço, glória e cruz.
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