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- 04 de setembro de 2020
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Surdos brasileiros lançam o Evangelho de João em Libras
Por Phelipe Reis
Em 25 de setembro será lançado o primeiro livro da Bíblia Sagrada na Língua Brasileira de Sinais – Libras. A partir de agora, os mais de 10 milhões de brasileiros que possuem deficiência auditiva, poderão ter acesso ao evangelho de João em Libras. O lançamento será on-line, pelos canais do DOT Brasil no Youtube e no Facebook, às 20h do dia 25/9.
Um dos grandes diferenciais do projeto é que a tradução foi feita pelos próprios surdos, envolvendo uma equipe com surdos tradutores, intérpretes ouvintes, teólogos, gramáticos, linguistas e pessoal de apoio. A iniciativa é do projeto DOT (Deaf Owned Translation ou Tradução Bíblica Própria dos Surdos), uma metodologia desenvolvida pela missão Wycliffe Associates.
O projeto começou no Brasil em julho de 2017, com o primeiro Encontro Nacional de Tradução DOT, que contou com a participação de mais de cinquenta pessoas. Durante os últimos três anos, aconteceram cinco Encontros Nacionais e foram formadas equipes regionais, que se dedicam sistematicamente ao trabalho de tradução e validação bíblica.
Mais de cinquenta por cento do Novo Testamento já está traduzido, mas o material em vídeo precisa passar pela validação técnica, teológica e gramatical. Um dos grandes desafios para a continuidade do projeto e a conclusão de tradução de toda a Bíblia é o envolvimento da igreja brasileira no suporte às equipes regionais de tradução. O alvo é ter, no mínimo, cinco equipes de tradução, uma em cada região do Brasil, com quatro pessoas (2 surdos e 2 intérpretes).
Hosana Seiffert, mobilizadora nacional voluntária do DOT Brasil, fala mais sobre o trabalho de tradução e os desafios do projeto.
Quando começou a tradução do evangelho do João para Libras e como será o lançamento?
Hosana Seiffert – Começamos a tradução do Livro de João em Libras no quarto Encontro Nacional DOT, em Brasília, em janeiro de 2019. Doze equipes de surdos e intérpretes trabalharam durante doze dias e conseguiram traduzir os 21 capítulos do Evangelho de João em um primeiro rascunho. No quinto encontro, em janeiro de 2020 iniciamos uma nova fase: a validação do texto traduzido, que se estendeu durante mais de quatro meses, durante a pandemia, de forma remota. Libras é uma língua espaço-visual. A tradução é feita em vídeo. Os tradutores surdos sinalizam o texto bíblico literal em Língua Brasileira de Sinais. Estamos orando e trabalhando para termos também um aplicativo para celular com todo o material. O acesso ao conteúdo da Bíblia DOT será absolutamente gratuito. Esse é um dos diferenciais desse projeto: a distribuição gratuita, com direitos autorais abertos sob a licença Atribuição Compartilhada Igual 4.0 Internacional (CC BY-SA 4.0) e produção colaborativa. O outro grande diferencial do projeto DOT Brasil é o protagonismo surdo. Este é considerado o terceiro paradigma de tradução bíblica, quando o próprio povo assume o projeto de tradução e conta com a força missionária como apoio e suporte técnico, logístico, gramatical e teológico.
O que o lançamento do evangelho de João em LIBRAS representa para a igreja e para o movimento missionário brasileiro?
Hosana Seiffert – Os surdos são considerados um dos oito segmentos menos evangelizados no nosso país. De acordo com o IBGE, quase 10 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência auditiva no Brasil. Mais de 2 milhões são surdos profundos e menos de um por cento da comunidade surda ouviu falar de Jesus. Ao mesmo tempo, a desinformação cria vários mitos e um dos maiores é de que os surdos, uma vez na escola, compreendem perfeitamente o português. Isso não é verdade. Cerca de 80% dos surdos apresentam problemas de alfabetização e dificuldade para ler e escrever nas línguas escritas. Além disso, eles se sentem como estrangeiros em seu próprio país. Poucas pessoas falam Libras e os surdos têm dificuldades de comunicação nos serviços públicos, em hospitais e até mesmo em escolas. Libras é uma língua com estrutura gramatical própria. Os sinais, gestos e expressões faciais e corporais são imprescindíveis e a organização das ideias tem uma sequência própria, diferente do português. Ter a Bíblia traduzida para sua própria língua é um dos grandes desafios para o alcance da comunidade surda com o Evangelho de Cristo. Para se ter uma ideia, são conhecidas hoje cerca 400 línguas de sinais no mundo. Apenas uma delas, a norte-americana, tem toda a Bíblia traduzida. O projeto de tradução para Libras será um grande avanço, que necessita do envolvimento da igreja brasileira.
Quais os principais desafios para a conclusão deste trabalho?
Hosana Seiffert – O maior desafio é o envolvimento de novos parceiros. Durante três anos o projeto funcionou como um movimento de voluntários. Os custos dos cinco encontros foram graciosamente oferecidos pela missão Wycliffe Associates, que criou, desenvolveu e ensinou a metodologia DOT de tradução para a comunidade surda brasileira. A partir de abril de 2019, o DOT se transformou em um projeto acadêmico de extensão e pesquisa, administrado pela UniEvangélica, de Anápolis. O maior desafio hoje é o envolvimento da igreja brasileira no suporte às equipes de tradução. O alvo é termos, no mínimo, cinco equipes de tradução, uma em cada região do Brasil, com no mínimo quatro pessoas (2 surdos e 2 intérpretes) trabalhando 12 horas por semana. Esses tradutores são treinados na metodologia e se envolvem ministerialmente com o processo tradução.
Como pessoas e igrejas podem se envolver ou apoiar este projeto?
Hosana Seiffert – Principalmente em intercessão. Sabemos que nada é feito na terra se não for primeiro ligado no céu. Precisamos de intercessores que lutem diariamente pelos surdos tradutores, pelos intérpretes ouvintes, pelos teólogos bilíngues, por gramáticos e linguistas com conhecimento em Libras e pelas equipes de apoio. Também precisamos do envolvimento de parceiros, igrejas, empresas e instituições que viabilizem o envolvimento e o trabalho sistemático das equipes de tradução.
>> Saiba mais sobre o projeto DOT Brasil.
Texto atualizado em 21/9/2020.
Em 25 de setembro será lançado o primeiro livro da Bíblia Sagrada na Língua Brasileira de Sinais – Libras. A partir de agora, os mais de 10 milhões de brasileiros que possuem deficiência auditiva, poderão ter acesso ao evangelho de João em Libras. O lançamento será on-line, pelos canais do DOT Brasil no Youtube e no Facebook, às 20h do dia 25/9.
Um dos grandes diferenciais do projeto é que a tradução foi feita pelos próprios surdos, envolvendo uma equipe com surdos tradutores, intérpretes ouvintes, teólogos, gramáticos, linguistas e pessoal de apoio. A iniciativa é do projeto DOT (Deaf Owned Translation ou Tradução Bíblica Própria dos Surdos), uma metodologia desenvolvida pela missão Wycliffe Associates.
O projeto começou no Brasil em julho de 2017, com o primeiro Encontro Nacional de Tradução DOT, que contou com a participação de mais de cinquenta pessoas. Durante os últimos três anos, aconteceram cinco Encontros Nacionais e foram formadas equipes regionais, que se dedicam sistematicamente ao trabalho de tradução e validação bíblica.
Mais de cinquenta por cento do Novo Testamento já está traduzido, mas o material em vídeo precisa passar pela validação técnica, teológica e gramatical. Um dos grandes desafios para a continuidade do projeto e a conclusão de tradução de toda a Bíblia é o envolvimento da igreja brasileira no suporte às equipes regionais de tradução. O alvo é ter, no mínimo, cinco equipes de tradução, uma em cada região do Brasil, com quatro pessoas (2 surdos e 2 intérpretes).
Hosana Seiffert, mobilizadora nacional voluntária do DOT Brasil, fala mais sobre o trabalho de tradução e os desafios do projeto.
Quando começou a tradução do evangelho do João para Libras e como será o lançamento?
Hosana Seiffert – Começamos a tradução do Livro de João em Libras no quarto Encontro Nacional DOT, em Brasília, em janeiro de 2019. Doze equipes de surdos e intérpretes trabalharam durante doze dias e conseguiram traduzir os 21 capítulos do Evangelho de João em um primeiro rascunho. No quinto encontro, em janeiro de 2020 iniciamos uma nova fase: a validação do texto traduzido, que se estendeu durante mais de quatro meses, durante a pandemia, de forma remota. Libras é uma língua espaço-visual. A tradução é feita em vídeo. Os tradutores surdos sinalizam o texto bíblico literal em Língua Brasileira de Sinais. Estamos orando e trabalhando para termos também um aplicativo para celular com todo o material. O acesso ao conteúdo da Bíblia DOT será absolutamente gratuito. Esse é um dos diferenciais desse projeto: a distribuição gratuita, com direitos autorais abertos sob a licença Atribuição Compartilhada Igual 4.0 Internacional (CC BY-SA 4.0) e produção colaborativa. O outro grande diferencial do projeto DOT Brasil é o protagonismo surdo. Este é considerado o terceiro paradigma de tradução bíblica, quando o próprio povo assume o projeto de tradução e conta com a força missionária como apoio e suporte técnico, logístico, gramatical e teológico.
O que o lançamento do evangelho de João em LIBRAS representa para a igreja e para o movimento missionário brasileiro?
Hosana Seiffert – Os surdos são considerados um dos oito segmentos menos evangelizados no nosso país. De acordo com o IBGE, quase 10 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência auditiva no Brasil. Mais de 2 milhões são surdos profundos e menos de um por cento da comunidade surda ouviu falar de Jesus. Ao mesmo tempo, a desinformação cria vários mitos e um dos maiores é de que os surdos, uma vez na escola, compreendem perfeitamente o português. Isso não é verdade. Cerca de 80% dos surdos apresentam problemas de alfabetização e dificuldade para ler e escrever nas línguas escritas. Além disso, eles se sentem como estrangeiros em seu próprio país. Poucas pessoas falam Libras e os surdos têm dificuldades de comunicação nos serviços públicos, em hospitais e até mesmo em escolas. Libras é uma língua com estrutura gramatical própria. Os sinais, gestos e expressões faciais e corporais são imprescindíveis e a organização das ideias tem uma sequência própria, diferente do português. Ter a Bíblia traduzida para sua própria língua é um dos grandes desafios para o alcance da comunidade surda com o Evangelho de Cristo. Para se ter uma ideia, são conhecidas hoje cerca 400 línguas de sinais no mundo. Apenas uma delas, a norte-americana, tem toda a Bíblia traduzida. O projeto de tradução para Libras será um grande avanço, que necessita do envolvimento da igreja brasileira.
Quais os principais desafios para a conclusão deste trabalho?
Hosana Seiffert – O maior desafio é o envolvimento de novos parceiros. Durante três anos o projeto funcionou como um movimento de voluntários. Os custos dos cinco encontros foram graciosamente oferecidos pela missão Wycliffe Associates, que criou, desenvolveu e ensinou a metodologia DOT de tradução para a comunidade surda brasileira. A partir de abril de 2019, o DOT se transformou em um projeto acadêmico de extensão e pesquisa, administrado pela UniEvangélica, de Anápolis. O maior desafio hoje é o envolvimento da igreja brasileira no suporte às equipes de tradução. O alvo é termos, no mínimo, cinco equipes de tradução, uma em cada região do Brasil, com no mínimo quatro pessoas (2 surdos e 2 intérpretes) trabalhando 12 horas por semana. Esses tradutores são treinados na metodologia e se envolvem ministerialmente com o processo tradução.
Como pessoas e igrejas podem se envolver ou apoiar este projeto?
Hosana Seiffert – Principalmente em intercessão. Sabemos que nada é feito na terra se não for primeiro ligado no céu. Precisamos de intercessores que lutem diariamente pelos surdos tradutores, pelos intérpretes ouvintes, pelos teólogos bilíngues, por gramáticos e linguistas com conhecimento em Libras e pelas equipes de apoio. Também precisamos do envolvimento de parceiros, igrejas, empresas e instituições que viabilizem o envolvimento e o trabalho sistemático das equipes de tradução.
>> Saiba mais sobre o projeto DOT Brasil.
Texto atualizado em 21/9/2020.
É natural do Amazonas, casado com Luíze e pai da Elis e do Joaquim. Graduado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e mestre em Missiologia no Centro Evangélico de Missões (CEM). É missionário e colaborador do Portal Ultimato.
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