Opinião
- 05 de fevereiro de 2018
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Sola Música
Por Fernando S. Breder (inspirado em Keyla Esperidon)
Na comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante, fomos relembrados a todo momento dos grandes pilares deste movimento, conhecidos como os 5 "Solas". E como Reforma Protestante e Música andam de mãos dadas, pretendemos refletir sobre estes cinco princípios fundamentais da Reforma, associados à música e à adoração.
Sola Scriptura (Somente a Escritura): O que cantamos precisa estar embasado biblicamente.
Solus Christus (Somente Cristo): O que cantamos precisa ser Cristocêntrico. Cristo é o motivo do que fazemos e não a música em si. Esta é funcional: tem uma finalidade litúrgica na vida do cristão e nos cultos.
Sola Fide (Somente a Fé): O que cantamos precisa refletir a nossa vida de fé. Lembramos que o principal requisito para agradar a Deus é a fé, pela qual somos salvos. Não é a música que nos salva ou que mais agrada a Deus e sim, uma vida de fé e pureza.
Sola Gratia (Somente a Graça): O que cantamos e os nossos dons musicais são graças do Senhor. Precisamos demonstrar nossa humildade e lembrar que não somos melhores por estarmos na frente de uma igreja, tocando ou cantando.
Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus): O que cantamos precisa ter como finalidade principal a glorificação de Deus. Só Ele merece toda honra e todo louvor.
Tendo visto estes cinco pontos, propomos algumas perguntas: O que estamos cantando? Para quem estamos cantando? O que nos motiva a cantar ou tocar? Qual a qualidade de nossa música, após 500 anos de Reforma? Temos tido uma vida piedosa e humilde, que reflete aquilo que cantamos ou tocamos? Temos glorificado a Deus com a nossa música e principalmente com nossa vida?
Conforme está escrito no livro HCC - Notas Históricas, compilado por Edith B. Mulholland, Martinho Lutero defendia que já que todos tinham acesso a Deus, todos deviam louvá-lo através da música. Ele, então, introduziu o conceito de canto congregacional. Lutero empregou muitos hinos e salmos existentes, adaptou música das missas para que expressasse a fé bíblica. Aproveitou melodias do folclore do seu povo com requisito que fossem apropriadas para cultuar a Deus e que não tivessem associados com letras lascivas. Ele disse: "Não deixarei para o diabo as melhores melodias". Além disso, cuidou para que as músicas fossem cantadas no vernáculo, na língua original do povo, entregando assim a verdade bem no coração do povo comum. Interessante observação ele fez a respeito do uso de letras para o canto: "Desejo que expressões 'da moda e da Corte' sejam evitadas e que as palavras possam todas ser muito simples e comuns para que o povo comum possa compreender a mensagem, entretanto manejadas com arte e pureza". O que pensaria Lutero se escutasse hoje, o nosso "fragoso alcantil" ou as "vagas procelosas", ou quem sabe um cântico que só possui uma única palavra, como "Jesus"? Lutero havia dado mais do que nenhum outro jamais dera ao seu povo - a língua, a Bíblia e a hinologia.
E o que estamos fazendo com este legado que recebemos? Creio que precisamos rever alguns conceitos e buscar sabedoria e exemplo nestes grandes reformadores e outras pessoas que fizeram a diferença no mundo musical, tornando suas canções eternizadas pelo tempo.
Porém, Sola Musica não é suficiente para Deus. Devemos adorá-lo, e isto é muito mais do que a música na igreja. Seria um erro pensar que a adoração se resume à música, harmonia e vozes afinadas. A adoração é um estilo de vida, que nos leva a enxergar as necessidades de nossos irmãos, sofrermos por e com eles, ter compaixão pelos perdidos, alcançando-os, e vivendo de modo digno da Escritura, seja na sociedade ou dentro de nossos templos.
Citando as palavras do hino "Senhor, que é o nosso templo?", presente no Hinário para o Culto Cristão: "Que valem nossas vozes se falta a humildade? Que valem as palavras, discursos, oração... credos, simbolismo, os salmos, os louvores, ofertas e sermão, se existe entre os teus filhos um tão profundo abismo que priva as nossas almas de terna comunhão?".
Portanto, adorar a Deus vai muito além do que uma simples música, por mais rebuscada e artística que seja. Apropriarmo-nos do latim, Sola Musica, na igreja não é o suficiente, e sim, Sola Adoração, que pode e deve ser feita também por meio da música!
• Fernando S. Breder, músico e Regente Coral pela UFRJ
Na comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante, fomos relembrados a todo momento dos grandes pilares deste movimento, conhecidos como os 5 "Solas". E como Reforma Protestante e Música andam de mãos dadas, pretendemos refletir sobre estes cinco princípios fundamentais da Reforma, associados à música e à adoração.
Sola Scriptura (Somente a Escritura): O que cantamos precisa estar embasado biblicamente.
Solus Christus (Somente Cristo): O que cantamos precisa ser Cristocêntrico. Cristo é o motivo do que fazemos e não a música em si. Esta é funcional: tem uma finalidade litúrgica na vida do cristão e nos cultos.
Sola Fide (Somente a Fé): O que cantamos precisa refletir a nossa vida de fé. Lembramos que o principal requisito para agradar a Deus é a fé, pela qual somos salvos. Não é a música que nos salva ou que mais agrada a Deus e sim, uma vida de fé e pureza.
Sola Gratia (Somente a Graça): O que cantamos e os nossos dons musicais são graças do Senhor. Precisamos demonstrar nossa humildade e lembrar que não somos melhores por estarmos na frente de uma igreja, tocando ou cantando.
Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus): O que cantamos precisa ter como finalidade principal a glorificação de Deus. Só Ele merece toda honra e todo louvor.
Tendo visto estes cinco pontos, propomos algumas perguntas: O que estamos cantando? Para quem estamos cantando? O que nos motiva a cantar ou tocar? Qual a qualidade de nossa música, após 500 anos de Reforma? Temos tido uma vida piedosa e humilde, que reflete aquilo que cantamos ou tocamos? Temos glorificado a Deus com a nossa música e principalmente com nossa vida?
Conforme está escrito no livro HCC - Notas Históricas, compilado por Edith B. Mulholland, Martinho Lutero defendia que já que todos tinham acesso a Deus, todos deviam louvá-lo através da música. Ele, então, introduziu o conceito de canto congregacional. Lutero empregou muitos hinos e salmos existentes, adaptou música das missas para que expressasse a fé bíblica. Aproveitou melodias do folclore do seu povo com requisito que fossem apropriadas para cultuar a Deus e que não tivessem associados com letras lascivas. Ele disse: "Não deixarei para o diabo as melhores melodias". Além disso, cuidou para que as músicas fossem cantadas no vernáculo, na língua original do povo, entregando assim a verdade bem no coração do povo comum. Interessante observação ele fez a respeito do uso de letras para o canto: "Desejo que expressões 'da moda e da Corte' sejam evitadas e que as palavras possam todas ser muito simples e comuns para que o povo comum possa compreender a mensagem, entretanto manejadas com arte e pureza". O que pensaria Lutero se escutasse hoje, o nosso "fragoso alcantil" ou as "vagas procelosas", ou quem sabe um cântico que só possui uma única palavra, como "Jesus"? Lutero havia dado mais do que nenhum outro jamais dera ao seu povo - a língua, a Bíblia e a hinologia.
E o que estamos fazendo com este legado que recebemos? Creio que precisamos rever alguns conceitos e buscar sabedoria e exemplo nestes grandes reformadores e outras pessoas que fizeram a diferença no mundo musical, tornando suas canções eternizadas pelo tempo.
Porém, Sola Musica não é suficiente para Deus. Devemos adorá-lo, e isto é muito mais do que a música na igreja. Seria um erro pensar que a adoração se resume à música, harmonia e vozes afinadas. A adoração é um estilo de vida, que nos leva a enxergar as necessidades de nossos irmãos, sofrermos por e com eles, ter compaixão pelos perdidos, alcançando-os, e vivendo de modo digno da Escritura, seja na sociedade ou dentro de nossos templos.
Citando as palavras do hino "Senhor, que é o nosso templo?", presente no Hinário para o Culto Cristão: "Que valem nossas vozes se falta a humildade? Que valem as palavras, discursos, oração... credos, simbolismo, os salmos, os louvores, ofertas e sermão, se existe entre os teus filhos um tão profundo abismo que priva as nossas almas de terna comunhão?".
Portanto, adorar a Deus vai muito além do que uma simples música, por mais rebuscada e artística que seja. Apropriarmo-nos do latim, Sola Musica, na igreja não é o suficiente, e sim, Sola Adoração, que pode e deve ser feita também por meio da música!
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