Opinião
- 20 de janeiro de 2022
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Sobre a ligação entre pulso e vida
Por Ivan Abreu Figueiredo
A história da medicina nos traz detalhes saborosos, como ilustrações datadas desde o Egito antigo e que se repetem em várias culturas e lugares, nas quais um médico ou seu equivalente naquela época verifica o pulso de um doente. Há de fato um poder, um carisma nesse ato simples e rico de significados. Ele significa a chegada da possibilidade de alívio e esperança para o doente e sua família. É uma demonstração de cuidado, afeto até.
Lembro das aulas de semiologia, do esforço sempre necessário para entender os sinais emitidos pelo corpo. Da recomendação oportuna de silêncio e máxima concentração ao se examinar o doente. Do aprendizado de tantas coisas que o pulso demonstra em sua amplitude, frequência, ritmo. Gosto de lembrar das vezes em que, ao aferir um pulso, recebi aquele olhar inconfundível de esperança e até devoção do doente.
Medir um pulso, primeiro momento, o toque terapêutico até podendo fazer suas mágicas. Pulso que nos ajuda a excluir hipóteses mais graves ou confirmá-las. Pulso tão detalhadamente explorado numa era pré exames de imagem, pulso condutor de esperança ou preocupação, alívio ou lamento. O fato elementar de que enquanto houver pulso há vida, ainda que enfraquecida. A dor trazida por sua ausência.
Corte súbito para a Palavra e sua afirmação de que a vida com o Pai tem seu pulso bem evidente no que fazemos e somos. No fato de não ser o pulso quem confere vida, e sim o contrário. Sem o doador da vida, nada de pulso.
Lembro da T, amiga querida que me brindou com a expressão "vida que pulsa", desde então dançando em minha mente.
Lembro da linda canção do Gerson Borges, “O pulso, a pulsação”, passeio pelas recordações do meu trabalho. Faço a autocrítica das vezes em que fui negligente em investigar os pulsos de meus pacientes, perdendo a chance de um primeiro contato fortalecedor de um vínculo especial. Presto tributo ao clássico Vieira Romeiro da semiologia médica, verdadeira bíblia para nós, estudantes e médicos, boquiabertos de admiração diante de tanta capacidade de, sem exames complementares, fazer diagnósticos complexos; uma arte que está se perdendo por nossa dificuldade em equilibrar velho e novo, exame físico e tecnologia de ponta.
Volto à Palavra, à clara equação do pulso objetivo, mensurável, como evidência do subjetivo não menos real, da centelha de vida vinda do Criador e que transmitimos por bondade dele à nossa descendência. Lamento as horas de pulso filiforme (aquele fraquinho, quase imperceptível) em minha vida, fruto da indiferença e pouco espaço para o afeto. Anseio por pulso medianamente amplo, pleno e tenso (obrigado mais uma vez, professor Viera Romeiro), aquele pulso tranquilo e sem exageros da saúde plena de quem não negligencia o relacionamento com o Pai.
Tanta coisa nos ensina o pulso que me percebo somente arranhando a superfície de sua riqueza em significados. Por ora, que não percamos de vista que o pulso revela a qualidade da caminhada com Deus, através daquilo que somos e fazemos.
Leia mais:
» Médicos de Cristo: a ética cristã e o compromisso com a vida humana
» Olhar a morte nos olhos – reflexões de um médico cristão
A história da medicina nos traz detalhes saborosos, como ilustrações datadas desde o Egito antigo e que se repetem em várias culturas e lugares, nas quais um médico ou seu equivalente naquela época verifica o pulso de um doente. Há de fato um poder, um carisma nesse ato simples e rico de significados. Ele significa a chegada da possibilidade de alívio e esperança para o doente e sua família. É uma demonstração de cuidado, afeto até.
Lembro das aulas de semiologia, do esforço sempre necessário para entender os sinais emitidos pelo corpo. Da recomendação oportuna de silêncio e máxima concentração ao se examinar o doente. Do aprendizado de tantas coisas que o pulso demonstra em sua amplitude, frequência, ritmo. Gosto de lembrar das vezes em que, ao aferir um pulso, recebi aquele olhar inconfundível de esperança e até devoção do doente.
Medir um pulso, primeiro momento, o toque terapêutico até podendo fazer suas mágicas. Pulso que nos ajuda a excluir hipóteses mais graves ou confirmá-las. Pulso tão detalhadamente explorado numa era pré exames de imagem, pulso condutor de esperança ou preocupação, alívio ou lamento. O fato elementar de que enquanto houver pulso há vida, ainda que enfraquecida. A dor trazida por sua ausência.
Corte súbito para a Palavra e sua afirmação de que a vida com o Pai tem seu pulso bem evidente no que fazemos e somos. No fato de não ser o pulso quem confere vida, e sim o contrário. Sem o doador da vida, nada de pulso.
Lembro da T, amiga querida que me brindou com a expressão "vida que pulsa", desde então dançando em minha mente.
Lembro da linda canção do Gerson Borges, “O pulso, a pulsação”, passeio pelas recordações do meu trabalho. Faço a autocrítica das vezes em que fui negligente em investigar os pulsos de meus pacientes, perdendo a chance de um primeiro contato fortalecedor de um vínculo especial. Presto tributo ao clássico Vieira Romeiro da semiologia médica, verdadeira bíblia para nós, estudantes e médicos, boquiabertos de admiração diante de tanta capacidade de, sem exames complementares, fazer diagnósticos complexos; uma arte que está se perdendo por nossa dificuldade em equilibrar velho e novo, exame físico e tecnologia de ponta.
Volto à Palavra, à clara equação do pulso objetivo, mensurável, como evidência do subjetivo não menos real, da centelha de vida vinda do Criador e que transmitimos por bondade dele à nossa descendência. Lamento as horas de pulso filiforme (aquele fraquinho, quase imperceptível) em minha vida, fruto da indiferença e pouco espaço para o afeto. Anseio por pulso medianamente amplo, pleno e tenso (obrigado mais uma vez, professor Viera Romeiro), aquele pulso tranquilo e sem exageros da saúde plena de quem não negligencia o relacionamento com o Pai.
Tanta coisa nos ensina o pulso que me percebo somente arranhando a superfície de sua riqueza em significados. Por ora, que não percamos de vista que o pulso revela a qualidade da caminhada com Deus, através daquilo que somos e fazemos.
Leia mais:
» Médicos de Cristo: a ética cristã e o compromisso com a vida humana
» Olhar a morte nos olhos – reflexões de um médico cristão
Ivan Abreu Figueiredo, médico, professor universitário, membro da Igreja Batista Plenitude, São Luís, MA.
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