Opinião
- 30 de maio de 2018
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Sete lições que aprendi com a viúva empreendedora
Por Marília de Camargo César
Reflexão sobre o texto bíblico que está em II Reis 4, no Antigo Testamento:
... “O que você tem em casa?Nada! Apenas um pouco de azeite”.
... “Não temos mais nenhuma vasilha.
Então, o azeite cessou”.
O texto conta a história de uma viúva que recorre a um homem de Deus, em busca de ajuda. Seu marido, que acabara de morrer, era discípulo do profeta, era um homem justo e digno. Mas deixara a mulher endividada. E o credor, por direito legal, queria levar seus filhos para serem vendidos como escravos, a fim de quitar a dívida. Sua situação era desesperadora.
Primeira lição: homens que temem a Deus também fazem bobagem. Eles também contraem dívidas e muitas vezes podem colocar a família em situação crítica.
Segunda: a mulher sábia não se aconselha com qualquer um quando enfrenta um problema. Ela busca conselho com pessoas reconhecidas por sua idoneidade, trabalho honesto e por sua sabedoria. Como era o caso de Eliseu.
O profeta a orienta: peça muitas vasilhas emprestadas para seus vizinhos, vá para casa, feche a porta, você e seus filhos, e comece a encher, uma a uma, as vasilhas com azeite, a partir do único frasco que você tem. Ela o obedece.
Por que o profeta manda que ela feche a porta da casa antes de começar a presenciar o milagre? Por que Jesus diz para que fechemos a porta quando entrarmos para buscar a Deus, em nosso quarto?
Terceiro ponto: fechar a porta é um símbolo de isolamento, mas também de proteção. O que vai acontecer ali dentro pertence ao Senhor e a mim, e a ninguém mais. Fechar a porta me dá liberdade para me despir, pois a mais ninguém é permitido acesso aos meus segredos, a minha intimidade, apenas ao Senhor.
Fechar a porta me ajuda a me concentrar, e me guarda de interferências indevidas. Se o profeta vivesse hoje, talvez acrescentasse... e desligue o celular!
O profeta sabe que a hora é sagrada, o momento em que Deus irá se revelar. Isso requer atenção e reverência.
Porta fechada, o milagre da multiplicação do azeite vai começar. Uma a uma, as vasilhas são cheias de óleo, como se repetiria alguns séculos mais adiante, com Jesus, na experiência da multiplicação dos pães e peixes. Os discípulos iam partindo e repartindo, e o pão não acabava.
Ouvi uma vez uma pessoa explicando, de forma racional: o milagre se deu porque os que tinham pães, na multidão, ofereceram o que tinham, e o que foi obtido com essas ofertas foi suficiente para suprir a todos e ainda sobrar.
Quem sabe os que emprestaram vasilhas para a viúva necessitada as entregaram já com algum azeite dentro, e esse ato de generosidade foi o solo do qual brotou o milagre.
(Talvez essas alternativas acalmem os mais céticos.)
Mas chega uma hora em que acabam as vasilhas e o milagre cessa.
Ela, então, volta ao profeta, que vira como que um consultor de negócios: agora venda o óleo e pague sua dívida. Ainda vai sobrar dinheiro. Use para o seu sustento e de seus filhos. Ela, mais uma vez, o obedece.
Quarta lição: a multiplicação depende de uma matriz geradora e de uma oferta. O milagre nunca parte do zero, ele demanda uma unidade - um pão, um peixe, um frasco de azeite.
A unidade que gera o milagre sempre se origina em nós, e não em Deus. Deus usa nossos recursos concretos como alicerce de sua obra – ele usa o que temos, não o que gostaríamos de ter. A mulher vulnerável tinha um frasco de azeite. É isso o que ela oferece.
Quinta lição: o milagre fica limitado ao alcance de nossa fé, que pode ser medida pelo número de vasilhas que estamos dispostos a coletar. Mais vasilhas, mais milagre. Terminam os recipientes, o milagre cessa.
Quantas vasilhas você teria pedido? Cinco? Dez? Quarenta vasilhas? Pedir emprestado dá trabalho, você precisa percorrer toda a vizinhança, talvez cada casa lhe ofereça uma vasilha, ou nenhuma, é preciso gastar sola de sapato e ter uma boa dose de humildade.
Mas tudo começa mesmo com a oferta a Deus do único e essencial recurso de que ela dispunha: seu frasco de azeite.
O azeite era essencial para cozinhar o pão, o elemento da vida. O azeite também era essencial para ungir as pessoas, elemento essencial da vida espiritual. O azeite é o símbolo de ambos, vida física e espiritual, e do Espírito Santo, elemento essencial da vida em plenitude.
Sexta lição: seja empreendedora. Venda o azeite.
Ainda havia um movimento a fazer: tornar-se uma comerciante. O milagre nos tira do trivial e nos empurra para o novo. A viúva não era uma vendedora, mas se tornaria uma. Sua ação obediente salva sua família da escravidão. Para proteger seus filhos, uma mulher vulnerável e só arregaça as mangas e se torna, em tempo recorde, uma empresária do ramo dos óleos essenciais.
Sétima e última lição: se estou diante da dívida, que é um tipo de escravidão, entrego a Deus meu único recurso hoje, meu pote de azeite. Peço sabedoria e disciplina, como a desta viúva empreendedora, para direcionar o resultado dessa entrega, que certamente será um azeite abençoado e multiplicado.
Tudo o que entrego no altar de Deus, com um coração humilde, estou certa, pela fé, que será multiplicado e usado para o meu bem e de meus filhos, para que nunca tenhamos de ser escravos de nada.
• Marilia de Camargo Cesar é jornalista e escritora. Trabalha no Valor Econômico como editora-assistente.
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