Opinião
- 07 de fevereiro de 2020
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Ser ou não ser valente?
Por Elsie Cunha Gilbert
Até onde eu posso enxergar, nas histórias bíblicas, na tradição dos Pais da Igreja, na história do movimento evangélica, na minha vida de fé hoje, o padrão se repete: o poder de Deus se aperfeiçoa na nossa fraqueza. O valente é fraco porque julga deter o poder em suas próprias mãos enquanto o fraco é valente justamente porque sabe que o poder não está em suas mãos, mas nas mãos daquele que o criou.
“Você vem contra mim com espada, com lança e com dardo, mas eu vou contra você em nome do Senhor dos Exércitos” – diz o franzino Davi para o grande guerreiro Golias. Continuamos na gangorra Davi-Golias até hoje. Ora queremos deter o poder e acabamos em enrascadas que nos colocam em circunstâncias muito vergonhosas; ora somos instrumentos usados por Deus justamente porque admitimos a nossa fraqueza e nos curvamos diante da vontade divina.
Me parece que Deus tem prazer em nos usar como veículos do seu poder. Mas sempre de forma limitada porque nenhum de nós está imune àquele desejo milenar de querer ser igual à Deus. Ser valente, do ponto de vista cristão, é renunciar o controle das situações e esperar com expectativa a ação de Deus em nós, por nós e por meio de nós. Nós sabemos qual é o Golias que precisa ser derrotado (eles em geral teimam em se apresentar como gigantes), Ele sabe o método.
Qual é o gigante que debocha da sua fraqueza hoje? Será o fracasso nos seus relacionamentos? Ou uma dívida que insiste a aumentar? Ou os maus hábitos que te aprisionam e fazem tropeçar como o álcool em excesso, o comer compulsivo, o vício digital? Não interessa o tamanho do seu gigante, da arrogância com que ele tenta suplantar a Deus.
O segredo de Davi continua atual. Reconheça a sua fraqueza, relembre as vezes em que Deus já te deu a vitória no passado e renuncie o controle do seu problema entregando-o para Deus. Seja valente na sua fraqueza. Ele vai proporcionar para você as cinco pedras lisas e a atiradeira para derrotar o seu gigante. Ele pode usar um pouco das habilidades que você já desenvolveu, os instrumentos de luta sob medida para você, e prover os recursos necessários para a batalha. Nenhum destes ingredientes, em si mesmos, garantem nada. Só são pistas que ele costuma usar com frequência. Ao final, espere, com expectativa, a vitória que virá “em nome do Senhor dos exércitos”.
• Elsie Cunha Gilbert é missionária, jornalista por formação e coordenadora da Rede Mãos Dadas.
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