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Opinião

Separando o joio do trigo: o papel da igreja na era das fake news

Por Ana Letícia Loubak
 
Conhecer e comunicar a verdade é urgente em um tempo no qual a mentira, embora com pernas curtas, corre mais rápido do que informações verídicas. Segundo estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), notícias falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e atingem muito mais gente. Enquanto cada postagem verídica alcança, em média, mil leitores, as postagens falsas mais populares atingem de mil a 100 mil pessoas.
 
A conclusão mais reveladora do estudo, no entanto, é que os robôs não são tão determinantes para a disseminação de fake news quanto se esperava. Isso significa que as notícias falsas se espalham mais rápido porque nós, humanos, – e não os bots – somos mais propensos a compartilhá-las.
 
Foi para este ambiente digital que as igrejas precisaram migrar durante a pandemia, que impediu a realização de atividades presenciais. A transição foi e continua sendo um desafio. Isso porque, além da enxurrada de informações falsas veiculadas com velocidade astronômica, há uma crescente indisposição, inclusive da parte dos cristãos, pela busca da verdade. Surge então a pergunta: como ser igreja na era da pós-verdade, em que os fatos objetivos têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais?
 
Em primeiro lugar, precisamos nos voltar às Escrituras. Deus abomina a mentira e não suporta a presença dos que praticam fraudes. Nesse sentido, vale lembrar que as fake news não são notícias mal apuradas, e sim conteúdos muitas vezes construídos com o objetivo de desinformar, enganar e manipular as pessoas.
 
A Bíblia está repleta de passagens que relatam injustiças provocadas pela disseminação de inverdades. No deserto, por exemplo, um grupo de homens se insurgiu contra Moisés e Arão, questionando sua autoridade e requerendo a liderança do povo (Nm 16). Basearam a rebelião em um argumento que, embora inverídico, tinha aparência de verdade, e assim conquistaram o apoio de 250 líderes israelitas. Já na igreja primitiva, membros da sinagoga subornaram homens para mentir a respeito de Estêvão. As mentiras das falsas testemunhas agitaram o povo, os líderes religiosos e os mestres da lei, e Estêvão foi preso e apedrejado (At 6:8-15).
 
Hoje o compartilhamento de inverdades continua provocando confusões, alimentando radicalismos, polarizações e atitudes de intolerância ao próximo. Nesse sentido, é papel das igrejas e organizações cristãs combater a mentira, pregar a verdade e desenvolver discípulos com o senso crítico dos judeus de Bereia. Em Atos 17, os bereanos são elogiados não apenas por serem mais receptivos à Palavra de Deus, mas sobretudo porque “examinavam as Escrituras para ver se Paulo e Silas ensinavam a verdade” (At 17:11).
 
Líderes e comunicadores cristãos devem, portanto, ensinar pessoas a checar, em fontes confiáveis e agências de checagem, como o Coletivo Bereia, a veracidade das informações que recebem via redes sociais, inclusive nos grupos de WhatsApp da igreja. Segundo pesquisa do Instituto Reuters, o aplicativo se tornou a principal plataforma de consumo de notícias no Brasil, sendo usado por mais da metade da população.
 
O dado é preocupante, visto que o WhatsApp, ao facilitar a criação de listas de transmissão e o encaminhamento de mensagens, pode ser usado para a disseminação de desinformação em larga escala, como mentiras sobre a existência de chips nas vacinas contra Covid-19.
 
Embora as checagens sejam fundamentais para mitigar os efeitos da desinformação, elas não são suficientes. Isso porque um dos principais catalisadores das fake news é o viés de confirmação, termo que se refere à tendência de as pessoas acolherem informações que apoiam suas ideias e crenças. Surge assim uma perigosa e reconfortante ilusão: a de ter sempre razão, independentemente de qualquer desmentido.
 
Para construir uma cultura da verdade nas igrejas, portanto, é preciso que haja outro tipo de examinação: aquela que o homem faz de si mesmo. Que usemos nosso livre arbítrio para separar o joio e guardar o trigo.
 
• Ana Letícia Loubak é jornalista formada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduanda em Conteúdo e Estratégia Digital na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Cristã, acredita em uma comunicação e em um evangelho que constroem pontes. Atua na inChurch como Analista de Conteúdo.

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