Opinião
- 22 de abril de 2009
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"Seja feito conforme a tua fé": um aporte crítico sobre o tema da ecumenicidade
Se há uma marca emblemática comum das postulantes hermenêuticas que convergem para o epifenômeno da ecumenização discursiva da religiosidade brasileira contemporânea, esta pode ser descrita com o conceito anticristão: “intolerância cognitiva”.
Na prática, poucos teólogos (as) e exegetas no Brasil contemporâneo que conheço estão dispostos a avaliar a experiência de fé dos “diferentes” com o devido senso de tolerância inclusiva, sem hipocrisia. A demagogia de ecumênicos, fundamentalistas, pentecostais e neopentecostais parece revelar um distanciamento do ideal ético prescrito na e pela psicoantropologia do Novo Testamento, quando esta aparece preconizada na boca de Jesus em tom poimênico: “Seja feito conforme a tua fé”.
Nas ações soterioterapêuticas de Jesus, a preocupação “ortodoxa” com a confissão teológica vigente no imaginário religioso de seu tempo parece não ter sido um requisito exigido para beneficiar a existência oprimida e tripudiada de quem espera algo “extraordinário” de Deus, a fim de produzir uma reorganização à caótica forma de ser e sentir um mundo adoecido e adoecedor em dimensões macroantropológicas. A arrogância cognitiva dos “acadêmicos da fé” ainda parece estar presente nas mais piedosas críticas que tentam “eclesializar Deus” em arranjos teológicos aparentemente sofisticados que figuram “na pena e na boca” dos que dizem deter autoridade explicativa em assuntos religiosos: os PhDs dos mundos confessionalistas.
Para o Novo Testamento, contudo, a fé, e tão somente a fé (“sola fide”), era o único quesito necessário para fazer irromper o benefício da generosidade de um Deus que parece querer ser chamado e conhecido como “Pai-Nosso” que dá o pão e o perdão de cada dia. Ele, e somente Ele, na pessoa de Jesus de Nazaré, se aproxima de um ser humano solicitante, com “déficit ontológico”, para conceder a graça que este tanto precisa: seja feito conforme a tua fé.
Este é um princípio hermenêutico que não pretende validar qualquer teologia. Mas quer indicar a semântica da graça que deve ser acolhida por quem vive quebrado na vida, implorando pelo favor divino. Eis aí um princípio hermenêutico de ecumenicidade para o qual devemos reavaliar nossa conduta cognitiva cristã.
• Anderson Clayton, casado, dois filhos, é doutor em teologia e doutorando em sociologia. É professor do Instituto Superior de Teologia Luterana e pastor colaborador na Igreja Confessional Luterana.
Na prática, poucos teólogos (as) e exegetas no Brasil contemporâneo que conheço estão dispostos a avaliar a experiência de fé dos “diferentes” com o devido senso de tolerância inclusiva, sem hipocrisia. A demagogia de ecumênicos, fundamentalistas, pentecostais e neopentecostais parece revelar um distanciamento do ideal ético prescrito na e pela psicoantropologia do Novo Testamento, quando esta aparece preconizada na boca de Jesus em tom poimênico: “Seja feito conforme a tua fé”.
Nas ações soterioterapêuticas de Jesus, a preocupação “ortodoxa” com a confissão teológica vigente no imaginário religioso de seu tempo parece não ter sido um requisito exigido para beneficiar a existência oprimida e tripudiada de quem espera algo “extraordinário” de Deus, a fim de produzir uma reorganização à caótica forma de ser e sentir um mundo adoecido e adoecedor em dimensões macroantropológicas. A arrogância cognitiva dos “acadêmicos da fé” ainda parece estar presente nas mais piedosas críticas que tentam “eclesializar Deus” em arranjos teológicos aparentemente sofisticados que figuram “na pena e na boca” dos que dizem deter autoridade explicativa em assuntos religiosos: os PhDs dos mundos confessionalistas.
Para o Novo Testamento, contudo, a fé, e tão somente a fé (“sola fide”), era o único quesito necessário para fazer irromper o benefício da generosidade de um Deus que parece querer ser chamado e conhecido como “Pai-Nosso” que dá o pão e o perdão de cada dia. Ele, e somente Ele, na pessoa de Jesus de Nazaré, se aproxima de um ser humano solicitante, com “déficit ontológico”, para conceder a graça que este tanto precisa: seja feito conforme a tua fé.
Este é um princípio hermenêutico que não pretende validar qualquer teologia. Mas quer indicar a semântica da graça que deve ser acolhida por quem vive quebrado na vida, implorando pelo favor divino. Eis aí um princípio hermenêutico de ecumenicidade para o qual devemos reavaliar nossa conduta cognitiva cristã.
• Anderson Clayton, casado, dois filhos, é doutor em teologia e doutorando em sociologia. É professor do Instituto Superior de Teologia Luterana e pastor colaborador na Igreja Confessional Luterana.
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