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Secretário-geral da ONU pede ajuda urgente para a Somália

(Público) "Quase metade da população, ou 3,7 milhões de pessoas, estão agora em crise", indicou Ban Ki-Moon, acrescentando que esta catástrofe humanitária terá um efeito devastador não apenas na Somália mas também nos países vizinhos.

Mais de 166 mil somalis procuraram nos últimos tempos refúgio nos vizinhos Quénia e Etiópia, afectados também, tal como Djibuti e o Uganda, por uma grave seca.

A expressão "zona de fome" foi formalmente definida pela ONU em 2008 e esta é a primeira vez que é usada. Um total de 12 milhões de pessoas está a lutar contra a fome numa região do globo que atravessa o seu pior período de seca em 60 anos.

No sul das regiões de Bakool e Lower Shabelle estão a morrer todos os dias quatro crianças em cada dez mil pessoas. Mais de 30 por cento das crianças sofrem de subnutrição aguda. A população ingere bem menos do que as 2100 calorias diárias recomendadas.

"Precisamos do apoio dos doadores para enfrentarmos as necessidades actuais e para evitarmos que esta crise piore", disse Ban Ki-Moon. "As agências humanitárias precisam urgentemente de recursos para salvarem vidas. Se esse financiamento não ficar disponível para uma intervenção humanitária imediata, a fome deverá continuar a alastrar-se", acrescentou o secretário-geral da ONU.

"Precisamos de 1,6 mil milhões de dólares para a Somália", frisou Ban Ki-Moon. "Crianças e adultos estão a morrer a um ritmo devastador. Cada dia de atraso pode causar mais mortes", acrescentou.

Os Estados Unidos já disseram que vão enviar ajuda para as áreas mais lesadas pela fome, controladas pelo grupo islamista Al-Shabab. No entanto, adiantaram funcionários de organizações de assistência humanitária, os rebeldes devem assegurar que não irão perturbar a distribuição da comida.

O Al-Shabab é considerado pelos EUA um grupo terrorista, tendo Washington parado no ano passado de enviar ajuda para a grande área da Somália controlada pelo grupo, que engloba o sul e o centro do país. Em 2009, o Al-Shabab proibiu a entrada de agências de ajuda humanitária nos seus territórios. Recentemente voltou atrás na sua decisão, mas limitando o acesso.

O administrador adjunto da Agência norte-americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Donald Steinberg, declarou que a ajuda não deve beneficiar o grupo terrorista com ligações à Al-Qaeda. “O que nós precisamos é das garantias do Programa Alimentar Mundial e de outras agências, das Nações Unidas ou outras agências públicas ou no sector não-governamental, que estejam dispostas a ir para a Somália, e que terão que nos garantir que não são forçadas a pagar ao Al-Shabab nem que estejam a ser subjugadas por tribos do grupo, e que as organizações possam trabalhar sem restrições”, disse Steinberg à BBC.

Acrescentou também que o objectivo é salvar vidas, “não de jogar ‘à apanhada’” com as Nações Unidas ou qualquer outro grupo que seja suficientemente corajoso para se desclocar à Somália e dar assistência”.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse ontem que Washington contribuiria com mais 19 milhões de euros. Disse ainda que já foram dados 304 milhões de euros, mas que “não é suficiente”.

Sonia Zambakides da organização Salvem as Crianças disse à BBC que a situação na Somália é chocante. “Falei com mães de crianças que pareciam ter entre nove meses e um ano – as mães disseram que as crianças tinham três ou quatro anos de idade, portanto eram incrivelmente pequenas.” E contou ainda que mães tinham caminhado durante seis dias sem comida à procura de ajuda.

O secretário de Estado britânico para o Desenvolvimento Internacional, Andrew Mitchell, disse que a reacção de muitos europeus e países ricos à crise no Corno de Africa é "ridícula e perigosamente inadequada”.

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