Opinião
- 02 de outubro de 2017
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Se o Espírito Santo é livre para agir, para que serve a liturgia?
Por Cláudio Marra
Para começar, vamos definir os termos. Liturgia é culto. Então, o que foi perguntado é: por que preparar um programa de culto, uma vez que o Espírito é livre para agir?
O caso é que o Espírito Santo sempre foi livre, isso não é de hoje. Mesmo assim, encontramos no Antigo Testamento orientações específicas sobre como os sacerdotes deveriam proceder. Nadabe e Abiú ficaram queimados por causa de seu exercício de criatividade (Nm 10.1-2).
Não estou afirmando que temos de seguir o programa de culto israelita em nossas igrejas. Estou afirmando que a liberdade do Espírito não elimina a existência de um programa de culto.
Ocorre que, enquanto no Antigo Testamento o programa de culto foi detalhadamente prescrito, no Novo Testamento – em uma situação em que a tipologia e simbolismo do culto veterotestamentário já haviam se cumprido em Cristo – ele inexiste.
O princípio regulador do culto apresentado na histórica Confissão de Fé de Westminster afirma que "o modo aceitável de adorar o Deus verdadeiro é instituído por ele mesmo e é tão limitado pela sua vontade revelada, que ele não deve ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens (...)" (CFW XXI.I). Entendemos que esse princípio se refere aos “elementos cúlticos” que encontramos na Bíblia e que comporão um programa, e não a um programa pronto. Ainda assim haverá desacordo entre os crentes, mas se alguém entender que o princípio regulador refere-se ao programa propriamente dito, estará procurando no Novo Testamento o que lá não se encontra. O princípio regulador nos orienta a incluirmos no culto cânticos, orações, leitura bíblica, a pregação e os sacramentos.
Como esses elementos serão ordenados é assunto para o organizador do programa, a partir do que se considera fundamental e referencial no culto. Algumas igrejas históricas consideram referencial a celebração dos sacramentos, enquanto a tradição “praise and worship” privilegia a música. Há igrejas que centralizam o programa na evangelização. Para o segmento Reformado, fundamental é a pregação da Palavra de Deus, que orientará então todo o programa.
Certa vez, o líder de um conhecido ministério de louvor e adoração afirmou que o Espírito tanto pode orientar o pastor como o diretor de música na escolha dos hinos e cânticos. Certo, mas se ambos alegarem haver recebido essa orientação e vierem com propostas diferentes, em quem acreditar?
Com um cuidadoso plano de ensino elaborado pelo Liderança da igreja – sob a direção do Espírito – o pastor-mestre preparará um programa de pregação, distribuindo os temas dos sermões ao longo do ano. Com a necessária antecedência, esse pastor comunicará ao diretor de música os temas de um número de domingos, para que sejam escolhidos os hinos e cânticos que se relacionam ao tema – o Espírito é livre para agir, mas a banda e o coral ou grupo vocal precisam de tempo para ensaiar. Pastor-mestre e diretor de música poderão fazer parte de uma equipe de preparação do programa de culto, e esse time poderá ser reforçado por outros obreiros, como a líder do trabalho com as crianças, e outros, segundo a conveniência local, a critério da liderança.
A partir da Palavra, então, encaixam-se todos os elementos: cânticos, orações, leitura bíblica, pregação e os sacramentos. Nasce um programa de culto. Dramas, danças, beijos na testa do irmão ao lado, intercâmbios, homenagens a outro que não o Senhor Deus e componentes estranhos ao culto comunitário ficarão fora da ordem de culto. Não os encontramos no Novo Testamento como elementos cúlticos. Poderão ser proveitosos e edificantes em outro momento e programa.
Tudo com piedosa oração e sob a livre direção do Espírito, que é de ordem, jamais de improvisação ou de bagunça.
Leia mais
Liturgia: O Encontro do Passado no presente e no Futuro
A adoração na igreja viva
O cálice vazio
Para começar, vamos definir os termos. Liturgia é culto. Então, o que foi perguntado é: por que preparar um programa de culto, uma vez que o Espírito é livre para agir?
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Não estou afirmando que temos de seguir o programa de culto israelita em nossas igrejas. Estou afirmando que a liberdade do Espírito não elimina a existência de um programa de culto.
Ocorre que, enquanto no Antigo Testamento o programa de culto foi detalhadamente prescrito, no Novo Testamento – em uma situação em que a tipologia e simbolismo do culto veterotestamentário já haviam se cumprido em Cristo – ele inexiste.
O princípio regulador do culto apresentado na histórica Confissão de Fé de Westminster afirma que "o modo aceitável de adorar o Deus verdadeiro é instituído por ele mesmo e é tão limitado pela sua vontade revelada, que ele não deve ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens (...)" (CFW XXI.I). Entendemos que esse princípio se refere aos “elementos cúlticos” que encontramos na Bíblia e que comporão um programa, e não a um programa pronto. Ainda assim haverá desacordo entre os crentes, mas se alguém entender que o princípio regulador refere-se ao programa propriamente dito, estará procurando no Novo Testamento o que lá não se encontra. O princípio regulador nos orienta a incluirmos no culto cânticos, orações, leitura bíblica, a pregação e os sacramentos.
Como esses elementos serão ordenados é assunto para o organizador do programa, a partir do que se considera fundamental e referencial no culto. Algumas igrejas históricas consideram referencial a celebração dos sacramentos, enquanto a tradição “praise and worship” privilegia a música. Há igrejas que centralizam o programa na evangelização. Para o segmento Reformado, fundamental é a pregação da Palavra de Deus, que orientará então todo o programa.
Certa vez, o líder de um conhecido ministério de louvor e adoração afirmou que o Espírito tanto pode orientar o pastor como o diretor de música na escolha dos hinos e cânticos. Certo, mas se ambos alegarem haver recebido essa orientação e vierem com propostas diferentes, em quem acreditar?
Com um cuidadoso plano de ensino elaborado pelo Liderança da igreja – sob a direção do Espírito – o pastor-mestre preparará um programa de pregação, distribuindo os temas dos sermões ao longo do ano. Com a necessária antecedência, esse pastor comunicará ao diretor de música os temas de um número de domingos, para que sejam escolhidos os hinos e cânticos que se relacionam ao tema – o Espírito é livre para agir, mas a banda e o coral ou grupo vocal precisam de tempo para ensaiar. Pastor-mestre e diretor de música poderão fazer parte de uma equipe de preparação do programa de culto, e esse time poderá ser reforçado por outros obreiros, como a líder do trabalho com as crianças, e outros, segundo a conveniência local, a critério da liderança.
A partir da Palavra, então, encaixam-se todos os elementos: cânticos, orações, leitura bíblica, pregação e os sacramentos. Nasce um programa de culto. Dramas, danças, beijos na testa do irmão ao lado, intercâmbios, homenagens a outro que não o Senhor Deus e componentes estranhos ao culto comunitário ficarão fora da ordem de culto. Não os encontramos no Novo Testamento como elementos cúlticos. Poderão ser proveitosos e edificantes em outro momento e programa.
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Casado com Sandra, é jornalista, pastor presbiteriano e editor da Cultura Cristã.
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