Opinião
- 13 de julho de 2007
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Santos e desconhecidos
Uéslei Fatareli
O escritor Charles Dickens, ao considerar as mudanças revolucionárias que ocorreram na França do século 18, disse: “É o melhor dos tempos, é o pior dos tempos!”.
Quando pensamos nas palavras de Dickens, somos levados a constatar que vivemos numa época na qual nunca tivemos tanto acesso à informação e a tecnologia de ponta e, ao mesmo tempo, paradoxalmente, nunca fomos tão superficiais e narcisistas.
Um dos aspectos que nos chamam a atenção com relação a nossa superficialidade está ligado ao campo religioso brasileiro, especialmente no que diz respeito aos santos, ou seja, aquelas pessoas que, no decorrer de sua existência, a partir de um relacionamento pessoal com Jesus, não abriram mão de sua fidelidade e lealdade a ele, mesmo vivendo numa sociedade marcada por valores morais e espirituais decadentes.
Dentre muitos outros santos que têm sido vítimas desta atual onda maléfica de superficialidade, mencionaremos apenas dois por questões de espaço textual.
O primeiro deles é São Pedro. Este santo, que nos legou duas cartas, declara no Evangelho de Mateus que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus Vivo. Não obstante, ele continua sendo um dos santos que é desconhecido da maioria dos brasileiros. A ignorância com relação a este santo fez com que sua imagem ficasse reduzida a de alguém que tem o controle sobre os recursos hídricos celestiais, o que ele jamais afirmou ou cogitou. Todavia, este santo nos ensina coisas tremendas. Observemos algumas afirmações que ele faz em sua primeira epístola, tais como: Deus tem o poder de nos regenerar para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus dentre os mortos; Somos resgatados do nosso fútil procedimento mediante o precioso sangue de Cristo; Quem crer em Jesus não será de modo algum envergonhado; Cristo sofreu em nosso lugar, deixando-nos exemplo para seguirmos os Seus passos; Jesus carregou em Seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos aos pecados, vivamos para a justiça; Não são as jóias que trazem maior beleza às mulheres, mas o revestir-se da prática do bem; O marido deve ter consideração para com sua esposa e tratá-la com dignidade; Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus; Haveremos de prestar contas Àquele que é competente para julgar vivos e mortos; Os que pastoreiam o rebanho de Deus devem fazê-lo espontaneamente, não por sórdida ganância, mas de boa vontade; Deus resiste ao soberbos, contudo aos humildes concede a Sua graça. O apóstolo Pedro nos ensina mais. Para isso, basta que você leia as suas cartas. Se você aceitar este desafio, pelos menos duas coisas acontecerão. A primeira é que Pedro, o santo apóstolo de Jesus Cristo, não será mais desconhecido para você. A segunda é que, através de seu relato apostólico, você conhecerá mais de perto quem é Jesus, o Filho do Deus Vivo.
O segundo santo que mencionamos é Agostinho. Ele viveu entre 354 a 430 d.C e é considerado um dos pais da Igreja Ocidental. Seus escritos nos mostram sua afinidade e compromisso com as Escrituras Sagradas. Para nos aproximar mais deste santo, observemos o que ele nos transmite em seu diálogo com Deus ou a partir do que ele pôde aprender em sua relação com Deus por meio das Escrituras Sagradas. Eis alguns trechos que escolhemos: “Fizeste-nos para Ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti”; “Que eu Te busque Senhor, invocando-Te; e que eu Te invoque, crendo em Ti”; “Feliz aquele que Te ama, e que, por Teu amor, ama o amigo e o inimigo!”; “Se amas a Deus, ama-O desinteressadamente: se deveras amas a Deus, que Aquele mesmo, a Quem dedicas teu amor, seja tua recompensa.”; “Quão numerosos são os que procuram a Deus, somente para que dele recebam benefícios na ordem temporal! Quão poucos os que buscam Jesus por causa de Jesus!.”
Caro leitor, este é um breve relato de tudo quanto os santos acima ensinaram. Todavia, o pouco aqui mencionado representa muito e pode nos ajudar a combater um dos males de nosso tempo, a superficialidade, inclusive aquela que tem causado grandes prejuízos no ambiente cristão e no mundo carente de Cristo.
Finalmente, fujamos de tudo que insiste em empobrecer nosso ser, especialmente de conceitos que sugerem que a fé em Cristo exclui o pensar. Cremos que os exemplos acima servem para nos mostrar que aquele que se relaciona com Deus de forma integral, fala e vive com amor, humildade, autoridade, lucidez, sobriedade, coerência e sabedoria. Sendo assim, que os santos que nos aproximam de Cristo sejam cada dia mais conhecidos por nós, uma sociedade carente de santidade e ordem.
Soli Deo Gloria.
• Uéslei Fatareli é pastor da Igreja Presbiteriana de Itatiba, SP, e mestrando em ciências da religião pela Universidade Mackenzie.
O escritor Charles Dickens, ao considerar as mudanças revolucionárias que ocorreram na França do século 18, disse: “É o melhor dos tempos, é o pior dos tempos!”.
Quando pensamos nas palavras de Dickens, somos levados a constatar que vivemos numa época na qual nunca tivemos tanto acesso à informação e a tecnologia de ponta e, ao mesmo tempo, paradoxalmente, nunca fomos tão superficiais e narcisistas.
Um dos aspectos que nos chamam a atenção com relação a nossa superficialidade está ligado ao campo religioso brasileiro, especialmente no que diz respeito aos santos, ou seja, aquelas pessoas que, no decorrer de sua existência, a partir de um relacionamento pessoal com Jesus, não abriram mão de sua fidelidade e lealdade a ele, mesmo vivendo numa sociedade marcada por valores morais e espirituais decadentes.
Dentre muitos outros santos que têm sido vítimas desta atual onda maléfica de superficialidade, mencionaremos apenas dois por questões de espaço textual.
O primeiro deles é São Pedro. Este santo, que nos legou duas cartas, declara no Evangelho de Mateus que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus Vivo. Não obstante, ele continua sendo um dos santos que é desconhecido da maioria dos brasileiros. A ignorância com relação a este santo fez com que sua imagem ficasse reduzida a de alguém que tem o controle sobre os recursos hídricos celestiais, o que ele jamais afirmou ou cogitou. Todavia, este santo nos ensina coisas tremendas. Observemos algumas afirmações que ele faz em sua primeira epístola, tais como: Deus tem o poder de nos regenerar para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus dentre os mortos; Somos resgatados do nosso fútil procedimento mediante o precioso sangue de Cristo; Quem crer em Jesus não será de modo algum envergonhado; Cristo sofreu em nosso lugar, deixando-nos exemplo para seguirmos os Seus passos; Jesus carregou em Seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos aos pecados, vivamos para a justiça; Não são as jóias que trazem maior beleza às mulheres, mas o revestir-se da prática do bem; O marido deve ter consideração para com sua esposa e tratá-la com dignidade; Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus; Haveremos de prestar contas Àquele que é competente para julgar vivos e mortos; Os que pastoreiam o rebanho de Deus devem fazê-lo espontaneamente, não por sórdida ganância, mas de boa vontade; Deus resiste ao soberbos, contudo aos humildes concede a Sua graça. O apóstolo Pedro nos ensina mais. Para isso, basta que você leia as suas cartas. Se você aceitar este desafio, pelos menos duas coisas acontecerão. A primeira é que Pedro, o santo apóstolo de Jesus Cristo, não será mais desconhecido para você. A segunda é que, através de seu relato apostólico, você conhecerá mais de perto quem é Jesus, o Filho do Deus Vivo.
O segundo santo que mencionamos é Agostinho. Ele viveu entre 354 a 430 d.C e é considerado um dos pais da Igreja Ocidental. Seus escritos nos mostram sua afinidade e compromisso com as Escrituras Sagradas. Para nos aproximar mais deste santo, observemos o que ele nos transmite em seu diálogo com Deus ou a partir do que ele pôde aprender em sua relação com Deus por meio das Escrituras Sagradas. Eis alguns trechos que escolhemos: “Fizeste-nos para Ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti”; “Que eu Te busque Senhor, invocando-Te; e que eu Te invoque, crendo em Ti”; “Feliz aquele que Te ama, e que, por Teu amor, ama o amigo e o inimigo!”; “Se amas a Deus, ama-O desinteressadamente: se deveras amas a Deus, que Aquele mesmo, a Quem dedicas teu amor, seja tua recompensa.”; “Quão numerosos são os que procuram a Deus, somente para que dele recebam benefícios na ordem temporal! Quão poucos os que buscam Jesus por causa de Jesus!.”
Caro leitor, este é um breve relato de tudo quanto os santos acima ensinaram. Todavia, o pouco aqui mencionado representa muito e pode nos ajudar a combater um dos males de nosso tempo, a superficialidade, inclusive aquela que tem causado grandes prejuízos no ambiente cristão e no mundo carente de Cristo.
Finalmente, fujamos de tudo que insiste em empobrecer nosso ser, especialmente de conceitos que sugerem que a fé em Cristo exclui o pensar. Cremos que os exemplos acima servem para nos mostrar que aquele que se relaciona com Deus de forma integral, fala e vive com amor, humildade, autoridade, lucidez, sobriedade, coerência e sabedoria. Sendo assim, que os santos que nos aproximam de Cristo sejam cada dia mais conhecidos por nós, uma sociedade carente de santidade e ordem.
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