Opinião
03 de abril de 2025
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Respostas: quem as tem?
Bons e maus têm dias (muito) ruins. Deus está presente em todos eles.
Por Lucas Meloni
Algumas produções cinematográficas, apesar de não serem cristãs, trazem aspectos interessantes para que reflitamos sobre a nossa condição como filhos de Deus. Não sei se você já assistiu (caso não tenha, sugiro fortemente que assista) o filme Lion – Uma jornada para casa (2016). No Brasil, a produção está disponível no Max.
REVISTA ULTIMATO – COMO VIVEM OS QUE TÊM ESPERANÇA
Por Lucas Meloni

O filme é a prova de que existem muitas perguntas para as quais, neste tempo, nunca conseguiremos achar respostas. Saroo, um garotinho de cinco anos, mora com a mãe e irmãos em uma pequena cidade no centro da Índia. Em uma determinada noite, o irmão mais velho de Saroo, chamado Gudu, resolve sair em busca de emprego. O irmão mais novo, sempre colado nele, pede para ir também. Depois de tentar fazê-lo mudar de ideia sem sucesso, os dois partem juntos. Pegam um trem e descem em uma estação ferroviária longe de casa.
A questão é que Saroo, muito pequeno, estava sonolento. Tarde da noite, ele foi deixado por Gudu num banco da estação sob o alerta de que não era para sair de lá porque logo voltaria para buscá-lo. Gudu desaparece na escuridão. Saroo desperta, tempos depois, atrás do irmão. Sem encontrá-lo, embarca em um trem. A composição percorre 1,6 mil quilômetros e chega a Calcutá. É ali que Saroo começa uma jornada marcada pelo sofrimento, insegurança e dor.
Neste meio tempo, ele precisa lidar com a fome, com o aliciamento de abusadores, com homens violentos e com um orfanato onde o risco de abuso era uma constante. Tempos depois, Saroo acaba por ser adotado por uma família da Austrália. Era o começo de um novo capítulo de vida. Saroo deixaria de sofrer com todas as circunstâncias difíceis que enfrentou na Índia e teria acesso a algo que, até então, não era algo tão compreendido assim: o amor.
Na segunda fase do filme, Saroo é um jovem de 25 anos que, ao entrar na faculdade, resolve ir atrás de algumas respostas para perguntas que tem: o que aconteceu com o seu irmão? Por que ele não foi me buscar? O que houve com a minha mãe? Será que eles estão bem? Será que ainda me buscam em algum lugar?
É este o tom do filme, que mostra a emocionante história – baseada em fatos reais – de um jovem que praticamente parou a sua vida e se dedicou a, com ajuda do Google Earth, a localizar seu antigo vilarejo e reencontrar sua família de sangue.
Sempre que vejo “Lion” (já foram cinco vezes) me emociono. É um filme forte, que, de certa forma, representa como são as pessoas sem Cristo: perdidas, assustadas, com fome de justiça, sede de amor, desprotegidas.
Na vida, enfrentamos muitas dificuldades e problemas. Nossa cabeça é tomada por muitos questionamentos. Nem sempre há respostas lógicas para eles. É provável que saibamos o motivo apenas quando estivermos com o Senhor.
Fato é que crentes e descrentes são alvos da graça e do amor de Deus. Saroo é um bom exemplo. Ele esteve, infelizmente, sujeito a possibilidades como parar nas ruas, ser vendido a uma rede de prostituição infantil ou passar toda a sua infância em um orfanato. Isso não aconteceu. Daí vem a pergunta: aqueles que passam por isso não são alvos da graça de Deus? São, em alguma medida. Deus trabalha em seus planos de formas misteriosas na vida de cada um (à luz de Isaías 45.15).
Sei de histórias de pessoas que, em instituições de acolhimento para crianças, foram alcançadas pelo Evangelho. Há pessoas que, em Cristo, com a vida restaurada, contam como abandonaram a vida prostituição na qual haviam sido jogadas.
Não é lógica para nós a ação de Deus. É por isso que a jornada em busca por respostas em nossa vida, que é algo natural para a raça humana, deve ser compreendida pela fé em Cristo. Hebreus 11.1 dirá “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”.
É provável que você, assim como eu, não tenha passado por uma situação tão traumática quanto Saroo passou, mas está em busca de respostas para dores da alma. Os problemas nos levam a correr aos braços de Deus. Apontam a nossa fragilidade. Bons e maus têm dias (muito) ruins. Deus está em todos, cuidando com graça e amor.
Em Oração, canção de Os Arrais, há o trecho “Torne meu sofrimento em testemunho. Me esvazie de mim e deste mundo. E que o meu nome morra com meu corpo. E que o de Cristo permaneça em tudo”. É um pedido para que toda a jornada de dor do passado evidencie a graça e o cuidado do Senhor e para que o relato não seja maior do que aquele que realizou a grande obra.
A nossa jornada para casa não consiste em reencontrar familiares de sangue, mas em termos o nosso caráter totalmente transformado à medida do caráter de Cristo e confiarmos que, nele, há resposta para tudo. A vida com Cristo carrega a marca da ousadia de se ter fé.
- Lucas Meloni, 34 anos, é pastor batista, jornalista na RTM Brasil e escritor. Nas redes sociais: @olucasmeloni

Com a matéria “Como vivem os que têm esperança”, Ultimato quer colocar Cristo no centro e enfatizar que a vida dos que têm esperança atrai outros para a Esperança. Quer lembrar que a comunidade dos que têm esperança deve ser uma ponte para aqueles que “passam por necessidades, cuja esperança para o futuro não é sustentada pela experiência de bênção no passado, que não conheceram cura, ou fé, ou prosperidade e que não têm esperança”.
Saiba mais:
» A Criança, a Igreja e a Missão, Dan Brewster
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