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- 09 de julho de 2020
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Renovar o Nosso Mundo convida a igreja a repensar sua relação com o meio ambiente
Por Phelipe Reis
O movimento ambiental Renovar o Nosso Mundo lançou uma carta aberta à igreja evangélica Brasileira. O conteúdo é um convite para que a comunidade evangélica repense a sua relação com o meio ambiente, tendo em vista as consequências da crise ambiental mundial, que se reflete nitidamente, segundo a carta, na pandemia do novo coronavírus.
De acordo com a bióloga Raquel Arouca, articuladora do movimento Renovar o Nosso Mundo, a carta tem entre seus objetivos a intenção de “despertar a igreja para o seu papel no cuidado de toda a criação, denunciando a destruição ambiental, o desperdício, a acumulação e toda miséria dos pobres que sofrem em consequência desses males”.
Entre os pontos em destaque, a carta denuncia o sistema econômico vigente, que coloca o lucro acima da vida; rejeita o modo de vida consumista, que tem provocado o esgotamento dos recursos naturais e a destruição da biodiversidade; exige plena implementação das leis de combate ao tráfico de fauna silvestre; e convoca cristãs e cristãos a uma conversão urgente de estilo de vida, afirmando: “Não podemos mais nos mantermos apáticos e continuarmos vivendo como se nossas decisões diárias não afetassem toda a Terra. Toda a criação geme e aguarda que nós, chamados filhos de Deus, tomemos a decisão diária pela manutenção, restauração e sobrevivência de toda vida criada pelo Pai”.
A carta tem recebido apoio de pessoas de diferentes igrejas, como Anglicana, Luterana, Presbiteriana, Congregacional, Batista, Metodista, Nazareno, Assembleia de Deus, Quadrangular, Igreja Católica, entre outras. Integrantes e representantes de organizações e movimentos evangélicos também subscrevem a carta, tais como Tearfund Brasil, Missão Aliança, Instituto Terena de Educação Intercultural, Instituto Novo Sertão, Meap, ACEV, ISER, Movimento Negro Evangélico em Recife, Nós na Criação, Frente Evangélica pelo Estado Democrático de Direito, Kids For All Nations, Jocum, Evangélicas pela Igualdade de Gênero, Aliança Bíblia Universitária do Brasil, entre outros.
>>> Confira a Carta na íntegra <<<
Conversamos com Raquel Arouca sobre a importância que a igreja evangélica tem dado ao tema ambiental e o que se espera das pessoas que assinarem a carta. Veja o bate-papo.
Qual o objetivo da carta?
Raquel Arouca – A carta tem como objetivo informar, despertar e inspirar. Informar sobre a crise climática e suas consequências, como por exemplo o Covid-19. Despertar a igreja para o seu papel no cuidado de toda a criação, denunciando a destruição ambiental, o desperdício, a acumulação e toda miséria dos pobres que sofrem em consequência desses males. E inspirar cristãos, cristãs e comunidade local a adotarem um estilo de vida que seja coerente com a mensagem do evangelho que pregam.
De forma geral, qual a importância que a igreja evangélica brasileira tem dado ao tema meio ambiente?
De forma geral, a igreja evangélica brasileira não tem dado a devida importância ao tema do meio ambiente e isso acontece por muitas razões. É claro que temos igrejas e muitos cristãos e cristãs envolvidos na temática, mas é certo que poderíamos ter mais pessoas e o nosso impacto sobre o planeta seria transformador. Mas sobre as igrejas que ainda não foram despertas para esta questão e/ou optaram por não se envolverem eu deixo aqui um trecho que li no livro O Discípulo Radical, de John Stott: "É totalmente inexplicável ouvir alguns cristãos afirmarem que amam e adoram Deus, que são discípulos de Jesus, mas, mesmo assim, não se preocupam com a terra, que carrega seu selo de propriedade. (...) Deus deseja que nosso cuidado com a criação reflita nosso amor pelo Criador" (Chris Wright).
A carta fala sobre rejeitar o modo de vida consumista. O evangelho de Jesus já não é em essência um chamado a um estilo de vida simples, não-consumista?
O modelo de vida proposto por Jesus é um apelo à adoção de um estilo de vida simples. Ele deveria nos inspirar a buscar a liberdade frente à sedução das riquezas e a cultivar a generosidade para com toda a criação. Jesus é símbolo de simplicidade e serviço, e não de prosperidade e poder. Mas é "fácil" falar de estilo de vida simples para quem tem escolha, e quem não tem? Precisamos sempre nos lembrar que: estilo de vida simples abrange muito mais do que estilo de vida econômico (vida simples é aquela vivida com gozo, humildade e paz); e que tanto ricos e pobres estão expostos à tentação da avareza e da cobiça, portanto, o modelo de vida de Jesus continua sendo nosso referencial.
Após assinar a carta, quais ações práticas se espera de quem quer realmente mudar a relação com a criação de Deus?
Acredito que a primeira ação é orar e, com a ajuda do Espírito Santo, fazer um autoexame buscando descobrir se sua vida tem sido conduzida, prioritariamente, pelo desejo de prosperidade e poder. Depois orar novamente, examinar a Bíblia e tentar escutar a vontade do Pai. E, por fim, buscar informações e ajuda sobre como começar a simplificar seu estilo de vida. No Brasil, o movimento cristão e ambiental Renovar Nosso Mundo pode lhe auxiliar nesta nova caminhada.
Por que líderes e pastores deveriam assinar esta carta?
Muitos cristãs e cristãos não se envolvem com a temática ambiental porque nunca ouviram seus líderes se pronunciarem sobre isso. Como a temática passa pela nossa espiritualidade, é importante que tenhamos o "aval" de nosso líder. Portanto, líderes e pastores, importantes formadores de opinião, uma vez envolvidos de forma prática no cuidado da criação podem também envolver toda sua comunidade.
Leia mais:
» 50 anos de Dia da Terra – como a igreja pode celebrar?
O movimento ambiental Renovar o Nosso Mundo lançou uma carta aberta à igreja evangélica Brasileira. O conteúdo é um convite para que a comunidade evangélica repense a sua relação com o meio ambiente, tendo em vista as consequências da crise ambiental mundial, que se reflete nitidamente, segundo a carta, na pandemia do novo coronavírus.
De acordo com a bióloga Raquel Arouca, articuladora do movimento Renovar o Nosso Mundo, a carta tem entre seus objetivos a intenção de “despertar a igreja para o seu papel no cuidado de toda a criação, denunciando a destruição ambiental, o desperdício, a acumulação e toda miséria dos pobres que sofrem em consequência desses males”.
Entre os pontos em destaque, a carta denuncia o sistema econômico vigente, que coloca o lucro acima da vida; rejeita o modo de vida consumista, que tem provocado o esgotamento dos recursos naturais e a destruição da biodiversidade; exige plena implementação das leis de combate ao tráfico de fauna silvestre; e convoca cristãs e cristãos a uma conversão urgente de estilo de vida, afirmando: “Não podemos mais nos mantermos apáticos e continuarmos vivendo como se nossas decisões diárias não afetassem toda a Terra. Toda a criação geme e aguarda que nós, chamados filhos de Deus, tomemos a decisão diária pela manutenção, restauração e sobrevivência de toda vida criada pelo Pai”.
A carta tem recebido apoio de pessoas de diferentes igrejas, como Anglicana, Luterana, Presbiteriana, Congregacional, Batista, Metodista, Nazareno, Assembleia de Deus, Quadrangular, Igreja Católica, entre outras. Integrantes e representantes de organizações e movimentos evangélicos também subscrevem a carta, tais como Tearfund Brasil, Missão Aliança, Instituto Terena de Educação Intercultural, Instituto Novo Sertão, Meap, ACEV, ISER, Movimento Negro Evangélico em Recife, Nós na Criação, Frente Evangélica pelo Estado Democrático de Direito, Kids For All Nations, Jocum, Evangélicas pela Igualdade de Gênero, Aliança Bíblia Universitária do Brasil, entre outros.
>>> Confira a Carta na íntegra <<<
Conversamos com Raquel Arouca sobre a importância que a igreja evangélica tem dado ao tema ambiental e o que se espera das pessoas que assinarem a carta. Veja o bate-papo.
Qual o objetivo da carta?
Raquel Arouca – A carta tem como objetivo informar, despertar e inspirar. Informar sobre a crise climática e suas consequências, como por exemplo o Covid-19. Despertar a igreja para o seu papel no cuidado de toda a criação, denunciando a destruição ambiental, o desperdício, a acumulação e toda miséria dos pobres que sofrem em consequência desses males. E inspirar cristãos, cristãs e comunidade local a adotarem um estilo de vida que seja coerente com a mensagem do evangelho que pregam.
De forma geral, qual a importância que a igreja evangélica brasileira tem dado ao tema meio ambiente?
De forma geral, a igreja evangélica brasileira não tem dado a devida importância ao tema do meio ambiente e isso acontece por muitas razões. É claro que temos igrejas e muitos cristãos e cristãs envolvidos na temática, mas é certo que poderíamos ter mais pessoas e o nosso impacto sobre o planeta seria transformador. Mas sobre as igrejas que ainda não foram despertas para esta questão e/ou optaram por não se envolverem eu deixo aqui um trecho que li no livro O Discípulo Radical, de John Stott: "É totalmente inexplicável ouvir alguns cristãos afirmarem que amam e adoram Deus, que são discípulos de Jesus, mas, mesmo assim, não se preocupam com a terra, que carrega seu selo de propriedade. (...) Deus deseja que nosso cuidado com a criação reflita nosso amor pelo Criador" (Chris Wright).
A carta fala sobre rejeitar o modo de vida consumista. O evangelho de Jesus já não é em essência um chamado a um estilo de vida simples, não-consumista?
O modelo de vida proposto por Jesus é um apelo à adoção de um estilo de vida simples. Ele deveria nos inspirar a buscar a liberdade frente à sedução das riquezas e a cultivar a generosidade para com toda a criação. Jesus é símbolo de simplicidade e serviço, e não de prosperidade e poder. Mas é "fácil" falar de estilo de vida simples para quem tem escolha, e quem não tem? Precisamos sempre nos lembrar que: estilo de vida simples abrange muito mais do que estilo de vida econômico (vida simples é aquela vivida com gozo, humildade e paz); e que tanto ricos e pobres estão expostos à tentação da avareza e da cobiça, portanto, o modelo de vida de Jesus continua sendo nosso referencial.
Após assinar a carta, quais ações práticas se espera de quem quer realmente mudar a relação com a criação de Deus?
Acredito que a primeira ação é orar e, com a ajuda do Espírito Santo, fazer um autoexame buscando descobrir se sua vida tem sido conduzida, prioritariamente, pelo desejo de prosperidade e poder. Depois orar novamente, examinar a Bíblia e tentar escutar a vontade do Pai. E, por fim, buscar informações e ajuda sobre como começar a simplificar seu estilo de vida. No Brasil, o movimento cristão e ambiental Renovar Nosso Mundo pode lhe auxiliar nesta nova caminhada.
Por que líderes e pastores deveriam assinar esta carta?
Muitos cristãs e cristãos não se envolvem com a temática ambiental porque nunca ouviram seus líderes se pronunciarem sobre isso. Como a temática passa pela nossa espiritualidade, é importante que tenhamos o "aval" de nosso líder. Portanto, líderes e pastores, importantes formadores de opinião, uma vez envolvidos de forma prática no cuidado da criação podem também envolver toda sua comunidade.
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» 50 anos de Dia da Terra – como a igreja pode celebrar?
É natural do Amazonas, casado com Luíze e pai da Elis e do Joaquim. Graduado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e mestre em Missiologia no Centro Evangélico de Missões (CEM). É missionário e colaborador do Portal Ultimato.
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