Opinião
- 28 de setembro de 2023
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Renovando a igreja por meio dos mais velhos
O papel do ancião na família e no corpo de Cristo é guardar, lembrar e permitir que o passado ajude a compreender o presente e lance luz sobre o futuro.
Por Ricardo Barbosa de Sousa
Tu me tens ensinado, ó Deus, desde a minha mocidade; e até agora tenho anunciado as tuas maravilhas. Não me desampares, pois, ó Deus, até à minha velhice e às cãs; até que eu tenha declarado à presente geração a tua força e às vindouras o teu poder (Sl 71.17-18).
À medida que envelheço, fica cada vez mais evidente a necessidade de refletir sobre o lugar do idoso1 na família, na igreja e na sociedade. O avanço da ciência em suas múltiplas disciplinas tem proporcionado uma vida mais longa. Isso significa que a igreja terá, cada vez mais, uma membresia idosa.
Paradoxalmente, a cultura contemporânea valoriza aquilo que é pragmático, isso implica que os mais jovens, que dominam as ferramentas tecnológicas, assumam a liderança nas diferentes áreas da sociedade e da igreja. É um processo natural e necessário. Por isso, devemos nos perguntar: a igreja de Cristo está preparada para reconhecer e apoiar seus idosos? Sua liturgia, seus programas e suas estruturas contemplam o idoso e suas necessidades? Qual o significado bíblico de honrar os pais (os mais velhos)?
No Antigo Testamento, o ancião ocupava um lugar de honra no meio do povo – “Diante das cãs te levantarás, e honrarás a presença do ancião, e temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor” (Lv 19.32). Por outro lado, um sinal de decadência moral e espiritual de Israel era quando um jovem se levantava contra o ancião (Is 3.5). O livro de Provérbios começa com uma advertência: “Filho meu, ouve o ensino de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe” (Pv 1.8). Os seis capítulos seguintes continuam com a mesma advertência: “Filho meu, aceite a instrução; não esqueça os meus ensinos; atende a minha sabedoria”. A sabedoria reconhece o lugar do ancião na família e na comunidade. Na visão do trono no livro de Apocalipse, João vê ao redor do trono, vinte e quatro tronos, e, assentado neles, vinte e quatro anciãos (Ap 4.4). São os anciãos que representam todo o povo de Deus ao redor do trono e do Cordeiro.
Ancião não é o mesmo que idoso. O idoso é medido pela idade; o ancião, pela sabedoria. A cultura moderna trocou a sabedoria pela tecnologia. Não temos mais sábios na igreja, mas técnicos. Muitas igrejas têm um ministério voltado para a terceira idade que, às vezes, acaba se transformando em programas de entretenimento, e não de reconhecimento da sabedoria.
O ancião é aquele que tem a memória, cuja autoridade não é institucional, mas adquirida pela experiência, pela integridade, pela sobriedade e pela maturidade. Seu papel na família e no corpo de Cristo é guardar, lembra e permitir que o passado ajude a compreender o presente e lance luz sobre o futuro. O ancião é um ministro de relacionamentos porque é aquele que preserva a aliança e permanece fiel. As palavras de Moisés para o povo de Israel quando estavam prestes a entrar na terra prometida, apresentadas no livro de Deuteronômio, somente um ancião poderia dar. “Amar a Deus acima de todas as coisas” era a mensagem central de Moisés. Os avós e pais seriam aqueles que preservariam a história da redenção e da libertação do povo, lembrando o que Deus havia realizado com seu poder, e que deveria ser contado de geração a geração, para que todos aprendessem a temer o Senhor.
Precisamos de uma nova visão para uma igreja que terá, cada vez mais, uma membresia idosa. Precisamos de uma renovação da igreja para e por meio do idoso, a fim de que a presente geração conheça o poder de Deus e lembre-se dos seus feitos. Uma igreja sem memória é uma prisioneira do tempo.
Nota
1. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), idosa é a pessoas com 60 anos ou mais.
Artigo originalmente publicado na edição 402 de Ultimato.
REVISTA ULTIMATO | DOXOLOGIA NO CULTO PÚBLICO E NA VIDA DIÁRIA
A matéria de capa desta edição convida o leitor ao exercício da doxologia: a afirmação vibrante sobre o que Deus é e o que ele faz. Uma afirmação que traduz a nossa opinião sobre Deus forjada pelas Escrituras e pelas experiências com ele. Isso vai contra a correnteza do mundo em que vivemos, tão pouco propício à solitude, à contemplação e à adoração.
É disso que trata a matéria de capa da edição 403 da Revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Aprender a Envelhecer, Paul Tournier
» Meditações Diárias Para Todas as Estações, Elben César
» Fui Moço, Agora Sou Velho... E Daí?, Kléos Magalhães Lenz César
» E-book “Experiência e Esperança na Velhice”
» 3º Encontro Nacional 60+ - Segunda Carreira, Autocuidado e Ministérios 60+
Por Ricardo Barbosa de Sousa
Tu me tens ensinado, ó Deus, desde a minha mocidade; e até agora tenho anunciado as tuas maravilhas. Não me desampares, pois, ó Deus, até à minha velhice e às cãs; até que eu tenha declarado à presente geração a tua força e às vindouras o teu poder (Sl 71.17-18).
À medida que envelheço, fica cada vez mais evidente a necessidade de refletir sobre o lugar do idoso1 na família, na igreja e na sociedade. O avanço da ciência em suas múltiplas disciplinas tem proporcionado uma vida mais longa. Isso significa que a igreja terá, cada vez mais, uma membresia idosa.
Paradoxalmente, a cultura contemporânea valoriza aquilo que é pragmático, isso implica que os mais jovens, que dominam as ferramentas tecnológicas, assumam a liderança nas diferentes áreas da sociedade e da igreja. É um processo natural e necessário. Por isso, devemos nos perguntar: a igreja de Cristo está preparada para reconhecer e apoiar seus idosos? Sua liturgia, seus programas e suas estruturas contemplam o idoso e suas necessidades? Qual o significado bíblico de honrar os pais (os mais velhos)?
No Antigo Testamento, o ancião ocupava um lugar de honra no meio do povo – “Diante das cãs te levantarás, e honrarás a presença do ancião, e temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor” (Lv 19.32). Por outro lado, um sinal de decadência moral e espiritual de Israel era quando um jovem se levantava contra o ancião (Is 3.5). O livro de Provérbios começa com uma advertência: “Filho meu, ouve o ensino de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe” (Pv 1.8). Os seis capítulos seguintes continuam com a mesma advertência: “Filho meu, aceite a instrução; não esqueça os meus ensinos; atende a minha sabedoria”. A sabedoria reconhece o lugar do ancião na família e na comunidade. Na visão do trono no livro de Apocalipse, João vê ao redor do trono, vinte e quatro tronos, e, assentado neles, vinte e quatro anciãos (Ap 4.4). São os anciãos que representam todo o povo de Deus ao redor do trono e do Cordeiro.
Ancião não é o mesmo que idoso. O idoso é medido pela idade; o ancião, pela sabedoria. A cultura moderna trocou a sabedoria pela tecnologia. Não temos mais sábios na igreja, mas técnicos. Muitas igrejas têm um ministério voltado para a terceira idade que, às vezes, acaba se transformando em programas de entretenimento, e não de reconhecimento da sabedoria.
O ancião é aquele que tem a memória, cuja autoridade não é institucional, mas adquirida pela experiência, pela integridade, pela sobriedade e pela maturidade. Seu papel na família e no corpo de Cristo é guardar, lembra e permitir que o passado ajude a compreender o presente e lance luz sobre o futuro. O ancião é um ministro de relacionamentos porque é aquele que preserva a aliança e permanece fiel. As palavras de Moisés para o povo de Israel quando estavam prestes a entrar na terra prometida, apresentadas no livro de Deuteronômio, somente um ancião poderia dar. “Amar a Deus acima de todas as coisas” era a mensagem central de Moisés. Os avós e pais seriam aqueles que preservariam a história da redenção e da libertação do povo, lembrando o que Deus havia realizado com seu poder, e que deveria ser contado de geração a geração, para que todos aprendessem a temer o Senhor.
Precisamos de uma nova visão para uma igreja que terá, cada vez mais, uma membresia idosa. Precisamos de uma renovação da igreja para e por meio do idoso, a fim de que a presente geração conheça o poder de Deus e lembre-se dos seus feitos. Uma igreja sem memória é uma prisioneira do tempo.
Nota
1. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), idosa é a pessoas com 60 anos ou mais.
Artigo originalmente publicado na edição 402 de Ultimato.
REVISTA ULTIMATO | DOXOLOGIA NO CULTO PÚBLICO E NA VIDA DIÁRIA
A matéria de capa desta edição convida o leitor ao exercício da doxologia: a afirmação vibrante sobre o que Deus é e o que ele faz. Uma afirmação que traduz a nossa opinião sobre Deus forjada pelas Escrituras e pelas experiências com ele. Isso vai contra a correnteza do mundo em que vivemos, tão pouco propício à solitude, à contemplação e à adoração.
É disso que trata a matéria de capa da edição 403 da Revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
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Pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília (DF). É colunista da revista Ultimato e autor de A Espiritualidade, o Evangelho e a Igreja, Pensamentos Transformados, Emoções Redimidas e O Caminho do Coração.
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