Opinião
- 20 de outubro de 2006
- Visualizações: 7014
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Reforma e transformação espiritual-moral-social
Luiz Longuini Neto
1. Precisamos entender a Reforma Protestante do século XVI não como uma reforma e sim como vários projetos reformadores. Os chamados movimentos pré-reformadores e também os que eclodiram no século XVI a partir do evento de Lutero (31/10/1517). O movimento reformador Luterano, Calvinista (Zwínglio), Henrique VIII (Inglaterra) e os anabatistas.
2. Precisamos entender a Reforma como fruto de um movimento maior, ou seja o século XVI como um século de grandes transformações. As grandes navegações, a expansão européia, os descobrimentos etc... O movimento filosófico Humanista, O Renascimento cultural, cientifico etc... A invenção da Prensa Móvel,etc..
3. É preciso entender também o contexto social, econômico e político. O sistema feudal chegava ao fim, os estados absolutos estavam firmando-se como nações independentes, os homens livres (burgueses) estavam edificando novas cidades.
4. Nesse contexto a Reforma afirma-se como mais uma grande transformação no século XVI.
4.1. Transformação espiritual. A Reforma começa como um grito por liberdade religiosa (95 teses contra as indulgências). Como somos perdoados, o que significa a graça de Deus. Qual é a função da Igreja?
4.2. Transformação moral. A Reforma foi um movimento imoral, ou seja, confrontou a moral vigente que havia sido estabelecida na Idade Média pelo corpus christianum formado desde o século IV – com o concílio de Nicéia (325) que determinou as marcas da Igreja – Uma – Santa - Católica – Apostólica e com a imposição do Imperador Constantino que queria Um Império, Um Imperador e Uma Igreja. A reforma abalou a moral vigente e propôs um ruptura.
4.3. Transformação social . A carta de Lutero à nobreza alemão de 1520 apresenta uma plataforma política, ou seja a reforma política e social da nação alemã.
Como o evangelho vem gradualmente transformando as mentes, o espírito e as estruturas sociais brasileiras.
1. O evangelho chega no Brasil com os colonizadores.
2. Os protestantes fazem-se presentes em 1555, calvinistas franceses e 1630, calvinistas holandeses.
3. O chamado protestantismo de Missão (Metodistas, Batistas, Congregacionais, Episcopais e Presbiterianos) a partir de 1850. Presença protestante com influencia no Brasil podemos dizer que há 155 anos.
4. A partir dessa presença temos os desdobramentos com o Pentecostalismo clássico, o autônomo e o neo-pentecostalismo e as demais comunidades.
5. Que tipo de herança temos da Reforma do século XVI. Acredito que mesmo parcialmente temos um núcleo comum.
5.1. Rejeitamos a hegemonia da Igreja Católica Romana.
5.2. A Bíblia é o texto referência.
5.3. A salvação pela graça mediante a fé.
5.4. A obra redentora de Cristo.
5.5. O sacerdócio universal de todos os crentes.
Se bem que muitas vezes não sabemos o que essas coisas significam.
Temos influenciado muito pouco como Igreja Evangélica Brasileira. Infelizmente o que mais aparece são os escândalos, nossa falta de compromisso com uma transformação social embasada numa ética social e numa moral que liberte as pessoas e não escravize.
Tenho a impressão que não conseguimos influenciar mais a sociedade brasileira porque perdemos a noção da verdadeira e sadia relação entre a Igreja e a sociedade.
Na Reforma os reformadores assumiram os agentes sociais emergentes e cada reforma situou-se num estamento social. Lutero deu as mãos para os nobres, Calvino para os burqueses, Henrique VIII era o próprio monarca e os anabatistas com os camponeses.
No século XIX os protestantes que aqui chegaram confrontaram-se com a escravidão, com o Império, etc...A maioria dos protestantes de então formavam um bloco progressista juntamente com a maçonaria e o partido liberal ou republicano.
Percebo que fomos perdendo essa visão de que podemos atuar na sociedade, não como gueto, mas de maneira a entender os movimentos sociais e assumirmos parcerias com os sujeitos sociais emergentes.
Concluindo creio que a Reforma Protestante do século XVI foi um grito de liberdade contra toda forma de opressão, quer seja eclesiástica, política, social ou econômica. Portanto, toda vez que uma igreja hoje cerceia a liberdade, vende a graça de Deus, oprime o povo, faz pacto com as elites dominantes do país está traindo o principio da Reforma e por extensão está traindo o próprio Evangelho.
Bibliografia
FERNÁNDEZ-ARMESTO, Felipe & WILSON, Derek. Reforma – o cristianismo e o mundo 1500-2000. Ed. Record, 2000.
GEORGE, Thimoty. Teologia dos Reformadores. Ed. Vida Nova, 1994.
LINDBERG, Carter. As Reformas na Europa. Ed. Sinodal, IEPG, 2001.
Para ler
O Novo Rosto da Missão, Luiz Longuini Neto
Cosmovisão Cristã e Transformação, Cláudio Leite, Guilherme Carvalho e Maurício Cunha, org.
Luiz Longuini Neto, doutor em Ciências da Religião, é pastor e professor na Universidade Mackenzie, Rio de Janeiro, e no Seminário Batista do Rio de Janeiro.
1. Precisamos entender a Reforma Protestante do século XVI não como uma reforma e sim como vários projetos reformadores. Os chamados movimentos pré-reformadores e também os que eclodiram no século XVI a partir do evento de Lutero (31/10/1517). O movimento reformador Luterano, Calvinista (Zwínglio), Henrique VIII (Inglaterra) e os anabatistas.
2. Precisamos entender a Reforma como fruto de um movimento maior, ou seja o século XVI como um século de grandes transformações. As grandes navegações, a expansão européia, os descobrimentos etc... O movimento filosófico Humanista, O Renascimento cultural, cientifico etc... A invenção da Prensa Móvel,etc..
3. É preciso entender também o contexto social, econômico e político. O sistema feudal chegava ao fim, os estados absolutos estavam firmando-se como nações independentes, os homens livres (burgueses) estavam edificando novas cidades.
4. Nesse contexto a Reforma afirma-se como mais uma grande transformação no século XVI.
4.1. Transformação espiritual. A Reforma começa como um grito por liberdade religiosa (95 teses contra as indulgências). Como somos perdoados, o que significa a graça de Deus. Qual é a função da Igreja?
4.2. Transformação moral. A Reforma foi um movimento imoral, ou seja, confrontou a moral vigente que havia sido estabelecida na Idade Média pelo corpus christianum formado desde o século IV – com o concílio de Nicéia (325) que determinou as marcas da Igreja – Uma – Santa - Católica – Apostólica e com a imposição do Imperador Constantino que queria Um Império, Um Imperador e Uma Igreja. A reforma abalou a moral vigente e propôs um ruptura.
4.3. Transformação social . A carta de Lutero à nobreza alemão de 1520 apresenta uma plataforma política, ou seja a reforma política e social da nação alemã.
Como o evangelho vem gradualmente transformando as mentes, o espírito e as estruturas sociais brasileiras.
1. O evangelho chega no Brasil com os colonizadores.
2. Os protestantes fazem-se presentes em 1555, calvinistas franceses e 1630, calvinistas holandeses.
3. O chamado protestantismo de Missão (Metodistas, Batistas, Congregacionais, Episcopais e Presbiterianos) a partir de 1850. Presença protestante com influencia no Brasil podemos dizer que há 155 anos.
4. A partir dessa presença temos os desdobramentos com o Pentecostalismo clássico, o autônomo e o neo-pentecostalismo e as demais comunidades.
5. Que tipo de herança temos da Reforma do século XVI. Acredito que mesmo parcialmente temos um núcleo comum.
5.1. Rejeitamos a hegemonia da Igreja Católica Romana.
5.2. A Bíblia é o texto referência.
5.3. A salvação pela graça mediante a fé.
5.4. A obra redentora de Cristo.
5.5. O sacerdócio universal de todos os crentes.
Se bem que muitas vezes não sabemos o que essas coisas significam.
Temos influenciado muito pouco como Igreja Evangélica Brasileira. Infelizmente o que mais aparece são os escândalos, nossa falta de compromisso com uma transformação social embasada numa ética social e numa moral que liberte as pessoas e não escravize.
Tenho a impressão que não conseguimos influenciar mais a sociedade brasileira porque perdemos a noção da verdadeira e sadia relação entre a Igreja e a sociedade.
Na Reforma os reformadores assumiram os agentes sociais emergentes e cada reforma situou-se num estamento social. Lutero deu as mãos para os nobres, Calvino para os burqueses, Henrique VIII era o próprio monarca e os anabatistas com os camponeses.
No século XIX os protestantes que aqui chegaram confrontaram-se com a escravidão, com o Império, etc...A maioria dos protestantes de então formavam um bloco progressista juntamente com a maçonaria e o partido liberal ou republicano.
Percebo que fomos perdendo essa visão de que podemos atuar na sociedade, não como gueto, mas de maneira a entender os movimentos sociais e assumirmos parcerias com os sujeitos sociais emergentes.
Concluindo creio que a Reforma Protestante do século XVI foi um grito de liberdade contra toda forma de opressão, quer seja eclesiástica, política, social ou econômica. Portanto, toda vez que uma igreja hoje cerceia a liberdade, vende a graça de Deus, oprime o povo, faz pacto com as elites dominantes do país está traindo o principio da Reforma e por extensão está traindo o próprio Evangelho.
Bibliografia
FERNÁNDEZ-ARMESTO, Felipe & WILSON, Derek. Reforma – o cristianismo e o mundo 1500-2000. Ed. Record, 2000.
GEORGE, Thimoty. Teologia dos Reformadores. Ed. Vida Nova, 1994.
LINDBERG, Carter. As Reformas na Europa. Ed. Sinodal, IEPG, 2001.
Para ler
O Novo Rosto da Missão, Luiz Longuini Neto
Cosmovisão Cristã e Transformação, Cláudio Leite, Guilherme Carvalho e Maurício Cunha, org.
Luiz Longuini Neto, doutor em Ciências da Religião, é pastor e professor na Universidade Mackenzie, Rio de Janeiro, e no Seminário Batista do Rio de Janeiro.
- 20 de outubro de 2006
- Visualizações: 7014
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Corpos doentes [fracos, limitados, mutilados] também adoram
- Pesquisa Força Missionária Brasileira 2025 quer saber como e onde estão os missionários brasileiros
- Perigo à vista ! - Vulnerabilidades que tornam filhos de missionários mais suscetíveis ao abuso e ao silêncio
- As 97 teses de Martinho Lutero
- Lutar pelos sonhos é possível após os 60. Sempre pela bondade do Senhor
- A urgência da reconciliação: Reflexões a partir do 4º Congresso de Lausanne, um ano após o 7 de outubro
- Para fissurados por controle, cancelamento é saída fácil
- Diálogos de Esperança: nova temporada conversa sobre a Igreja e Lausanne 4
- A última revista do ano
- Vem aí "The Connect Faith 2024"